Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Urnas

Eleição municipal induz onda de filiações a partidos

Levantamento feito com base em dados do TSE mostra que os anos que antecedem os pleitos municipais concentram 70% das filiações

Militantes na eleição municipal de 2012 em Curitiba:cidades acabam regendo o ciclo político nacional | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
Militantes na eleição municipal de 2012 em Curitiba:cidades acabam regendo o ciclo político nacional (Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo)

A cada quatro anos, uma onda de filiações a partidos sacode o cenário político brasileiro. O surpreendente é que isso não ocorre durante as eleições nacionais ou estaduais. Das 13,8 milhões de pessoas que assinaram ficha de adesão a alguma legenda desde 1995, 70% o fizeram no ano anterior a uma eleição municipal. É possível ainda relacionar essas ondas periódicas ao resultado das urnas. Partidos com mais filiados têm maiores chances de conquistar prefeituras, principalmente nas cidades menores.

Para decifrar a periodicidade das ondas de filiações, foram analisados 18 milhões de registros que os partidos entregaram em outubro ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os dados revelam que são os pequenos municípios – aqueles com menos de 20 mil votos válidos nas eleições para prefeito – que determinam a lógica das filiações partidárias no Brasil.

O levantamento indica também como se dá a formação de um ciclo eleitoral que, em sucessivas votações, vai da esfera municipal ao plano federal. Partidos mais bem-sucedidos na cooptação de filiados conquistam mais prefeituras. Os prefeitos, na sequência, agem como cabos eleitorais de parlamentares e ajudam suas siglas a conquistar mais vagas nas assembleias legislativas e na Câmara dos Deputados. E partidos com mais deputados acabam com mais tempo de propaganda na TV para promover seus candidatos a governador e a presidente.

De todos os filiados a alguma sigla, 41% estão nos menores municípios, que, por outro lado, são responsáveis por apenas 31% dos votos nos pleitos municipais no país. Ou seja: há mais filiações por eleitor nas menores cidades que nas maiores. Nesses municípios menores, um crescimento de um ponto porcentual no número de filiados a um partido em relação às legendas rivais aumenta em quase 50% as chances de aquele partido lançar candidato a prefeito.

O cientista político Ri­­­cardo Ceneviva, da USP, acredita que as filiações são resultado de disputas internas: "Elas têm muito mais a ver com a briga pelo controle da máquina partidária do que com mobilização popular. Quanto mais gente o sujeito consegue trazer para o diretório municipal, maiores são as chances de que ele consiga lançar seu candidato a prefeito".

Foco

O professor do Insper Humberto Dantas afirma que as cidades acabam governando o ciclo político nacional. "Muita da nossa atenção é voltada às campanhas para presidente e governador, mas a maior parte dos cargos é disputada nos municípios. Não é de estranhar que tantos partidos concentrem seus esforços nas eleições municipais."

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.