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Governo federal

Eleições no Congresso deixam Dilma “ilhada” por peemedebistas

Com Henrique Eduardo Alves eleito presidente da Câmara, PMDB passa a ter os três primeiros postos da linha sucessória presidencial

Henrique Alves e André Vargas (PT-PR): novo presidente e vice da Câmara dos Deputados | Ricardo Wegrzynovski/Ag. Câmara
Henrique Alves e André Vargas (PT-PR): novo presidente e vice da Câmara dos Deputados (Foto: Ricardo Wegrzynovski/Ag. Câmara)

Durante os próximos dois anos, a presidente Dilma Rousseff será uma ilha petista cercada de peemedebistas por todos os lados. Com o apoio do Palácio do Planalto, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) foi eleito ontem presidente da Câmara dos Deputados. O partido, que havia emplacado Renan Calheiros (AL) no comando do Senado na semana passada e conta com Michel Temer na vice-presidência, agora detém os três primeiros postos da linha sucessória do governo federal.

As vitórias de Renan e Alves tiveram a mesma característica: ambos foram alvos de diversas denúncias de irregularidades, que não impediram resultados expressivos que fecharam as disputas no primeiro turno. Enquanto na eleição para o Senado Renan recebeu 56 votos contra 18 do senador Pedro Taques (PDT-MT), na Câmara, Alves fez 261 votos contra 165 de Júlio Delgado (PSB-MG). Em terceiro lugar, ficou Rose de Freitas (PMDB-ES), com 47 votos, seguida por Chico Alencar (PSol-RJ), com 11 – outros três deputados votaram em branco e 16 faltaram.

Nas últimas quatro semanas, Alves enfrentou uma enxurrada de acusações. Reportagens do jornal Folha de S. Paulo e da revista Veja mostraram supostos desvios no uso da cota de exercício da atividade parlamentar, irregularidades na destinação de emendas orçamentárias para o Rio Grande do Norte e uma ação em que o deputado é investigado por enriquecimento ilícito. Além disso, o novo presidente da Câmara é réu em uma ação por improbidade administrativa que deve ser julgada ainda neste mês pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte e que pode suspender seus direitos políticos e torná-lo inelegível até 2021.

Ontem, Alves disse que as acusações estavam ligadas à disputa eleitoral. "De repente, agora, numa campanha eleitoral, aparece isso, aparece aquilo, mas volto a dizer: são labaredas que não atingem e não chamuscam o alicerce de uma vida inteira que eu construí com trabalho, com ética, com coerência e com lealdade", afirmou.

Amparado por uma aliança que reuniu os principais partidos governistas (PMDB, PT, PSD, PP, PDT e PCdoB) e de oposição (PSDB, DEM e PPS), Alves foi poupado pelo principal adversário, Júlio Delgado, e só recebeu ataques mais duros dos "independentes" Rose de Freitas e Chico Alencar. "Não podemos votar hoje e deixar a Casa sub judice, sem saber o que acontecerá amanhã", disse a deputada, que se lançou sem o apoio do partido. "Avalizar o predomínio do PMDB no Senado e na Câmara é um perigo para a democracia brasileira", sinalizou Alencar.

Apesar de Alves ter chegado à vitória graças ao apoio do governo, seu primeiro discurso após a eleição foi focado na independência entre os poderes. "O poder que representa o povo brasileiro na sua mais sincera legitimidade, é esta Casa, é o Legislativo, é o Parlamento. Ao Executivo e ao Judiciário não faltará o nosso respeito, mas não se esqueçam que nesta Casa só tem parlamentar abençoado pelo voto popular", afirmou o peemedebista. No começo de 2011, ele chegou a dizer que daria um bambolê a Dilma para melhorar o jogo de cintura nas relações com o Congresso.

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