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Cientistas políticos afirmaram ontem que a Igreja tem o direito de orientar seus fiéis, mas analisam que a discussão sobre o aborto tomou tamanho desproporcional na campanha eleitoral brasileira. Eles dizem que, embora o tema seja válido, acabou ganhando importância maior do que outros problemas nacionais, que muitas vezes ficaram de fora do debate.

Para o cientista político Antonio Jorge de Almeida, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Igreja tem o direito de se manifestar. "É democrático. Todas as instituições têm o direito de participar. O problema é que a eleição se transformou em uma disputa entre o bem e o mal. O Serra se apresenta como candidato a cardeal do Santo Ofício. E Dilma tenta a vaga de Irmã Dulce", disse. Segundo ele, em um estado laico "não é compreensível" que a discussão se torne tão importante na eleição quanto se tornou.

"É um tema válido. Só que acaba fugindo de grandes assuntos que deveriam ser discutidos", afirma a cientista política Maria Salete de Souza Amorim, também da UFBA. Para ela, que apresenta nesta semana um panorama sobre o primeiro turno da eleição no encontro nacional de cientistas sociais, a discussão foi trazida à baila pelo PSDB como uma espécie de "ultima cartada".

Professor de Ciências Políticas na Universidade Federal de Juiz de Fora, Rubem Barboza Filho afirma que a introdução do tema do aborto na campanha "foi um passo atrás" na construção do processo eleitoral. Segundo ele, o que aconteceu foi que "pequenos grupos com grande força de pressão" influenciaram os candidatos. "E eles tiveram que se adequar ao discurso conservador. Nem Serra, nem Dilma, nem Marina [Silva, do PV], ninguém achou por bem contrariar esses grupos", disse.

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