
Não é de hoje que diversas empresas descobriram a responsabilidade social e a importância de uma preocupação maior com a realidade que as cerca. A cidadania também faz parte desse conceito. Atitudes que podem ser consideradas cidadãs - como envolvimento em projeto sociais, atividades comunitárias e voluntárias - podem até contar pontos no currículo de quem procura um emprego, uma vaga em programas de trainee ou mesmo na carreira de quem já trabalha.
O diferencial aí está no próprio postura do profissional. "Em um processo seletivo se busca também considerar a parte comportamental do candidato, já que conhecimentos e habilidades podem ser adquiridos com cursos e treinamentos. É dentro dessa área que as características de uma pessoa que pratica esse tipo de atividade são destacadas", explica o diretor de Recursos Humanos da Globalhunters, Cristian Ney Gomes.
Carla Virmond, psicóloga e diretora da Acta Educação, RH e Carreira, salienta que o peso das características de comportamento em seleções é grande. "Quando a empresa faz uma analise do perfil, a composição comportamental é muito forte, podendo contar até três quartos da 'nota' final", explica.
Pontos fortes
Mas que qualidades o mercado vê nessas pessoas? De partida, por se dedicarem para alguma atividade extra de cunho social demonstram proatividade, explica Gomes. "É muito mais fácil ir para casa e ficar com a família, jogar bola com amigos, do que se engajar assim. Isso conta com um 'plus', um algo a mais", explica.
Quem se envolve trabalhos sociais também demonstra maior conhecimento da realidade na qual está inserido, além de colocar muito das suas características pessoais em projetos dentro das organizações, explica Carla. "É do que a sociedade precisa como um todo: pessoas que se preocupem com o bem comum". Além disso, tem uma visão mais completa do problemas por pensarem de forma sistêmica, completa a diretora.
Especialistas também acentuam que a determinação, criatividade e empreendedorismo são outros pontos fortes, já que há necessidade de lidar quase sempre com questões delicadas, verbas escassas e trabalhar sem remuneração. Até a liderança nesse tipo de cenário é diferenciada. "Em uma empresa, as pessoas estão lá para trabalhar, tem remuneração e seguem um objetivo. Normalmente em projetos sociais não há salários. Nem o líder nem seus comandados recebem nada", explica. "Liderar assim é muito mais difícil que dentro de uma empresa. Essas pessoas desenvolvem um 'tato' muito maior com a equipe", conclui.
Não é crime
Por outro lado, o fato de não se envolver com causas sociais não é condenado pelas organizações, conta Gomes. Ele explica que há pessoas que se sentem compelidas a realizar esse tipo de missão, mas não é regra. No entanto, cada profissional tem algo com que se importe, podendo ajudar a sociedade nessa área, defende o diretor. "Eu tinha uma colega que se preocupava muito com a questão do povo indígena, situação com a qual não me identifico. No entanto, me sensibiliza muito a questão dos moradores de rua, e participo sempre de campanhas do agasalho e outras com esse foco", finaliza.



