Os quatro principais candidatos ao Senado pelo Paraná Roberto Requião (PMDB), Gleisi Hoffmann (PT), Ricardo Barros (PP) e Gustavo Fruet (PSDB) têm opiniões semelhantes em relação a temas polêmicos que podem vir a ser apreciados pelo novo Congresso Nacional, que será escolhido nas eleições de outubro. Todos têm posição conservadora em relação à legalização do aborto e liberação do consumo de maconha. Mas tendem a ser mais liberais quando o assunto é casamento homossexual.
Apenas Ricardo Barros divergiu dos demais em relação a um dos assuntos (veja quadro ao lado). Por questões religiosas, o ex-líder do governo Lula na Câmara diz ser contrário ao casamento gay. "Já há uma garantia aos direitos civis das pessoas [homossexuais], o que é suficiente", afirmou à Gazeta do Povo.
Há 15 anos, a proposta do casamento homossexual tramita a passos lentos no Congresso. Atualmente, há nove projetos de lei sobre o tema aguardando um parecer dos parlamentares. O mais recente, de 2009, de autoria dos deputados Capitão Assumção (PSB-ES) e Paes de Lira (PTC-SP), "estabelece que nenhuma relação entre pessoas do mesmo sexo pode equiparar-se ao casamento ou à entidade familiar".
Projeto totalmente diferente ao apresentado por José Genoíno (PT-SP), também no ano passado. O petista propõe que seja aplicada "à união estável de pessoas do mesmo sexo os dispositivos do Código Civil referentes a união estável entre homem e mulher". Ou seja, oficializa o matrimônio entre gays.
O casamento gay foi aprovado recentemente na Argentina, mas no Brasil o tema não avança por haver um temor entre os políticos de que a aprovação de uma lei permitindo esse tipo de matrimônio possa significar perda de popularidade e de votos.
Drogas e aborto, não
Os quatro candidatos caminham junto quando o debate é sobre a descriminalização da maconha: são totalmente contrários. O assunto voltou a repercutir com as recentes declarações de apoio à liberação da maconha feita pelo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). FHC defendeu a descriminalização para consumo pessoal em documento apresentado em fevereiro pela ONG Comissão Latinoamericana sobre Drogas e Democracia os ex-presidentes César Gaviria (Colômbia) e Ernesto Zedillo (México) também referendaram o documento, por entender que a legalização teria o efeito de diminuir a criminalidade associada à venda de drogas, hoje ilegal.
Os candidatos ao Senado também são contrários à legalização do aborto no país tema sensível ao eleitorado, que é contra a ampliação das modalidades de interrupção da gravidez já permitidas pela lei (no caso de estupro ou de risco de morte para a mãe). Pesquisa Ibope de 2003 revelou que apenas um em cada dez brasileiros é a favor da ampliação dos casos em que o aborto é permitida por lei, enquanto 53% da população disse ser favorável à atual legislação.
Fora dos casos previstos em lei, o aborto é considerado crime contra a vida pelo Código Penal, que prevê de um a dez anos de prisão para quem o pratica. Mesmo assim, estudo da Universidade de Brasília em parceria com o Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (Anis), publicado em maio, estima que uma em cada cinco brasileiras com até 40 anos já interrompeu a gravidez. Mais de 30 projetos de lei que deliberam sobre o tema estão em andamento no Congresso.
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