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Apelidos nas eleições brasileiras remetem para figuras internacionais como o presidente dos Estado Unidos, Barak Obama, o argentido Diego Maradona e o terrorista Osama Bin Laden | Reuters
Apelidos nas eleições brasileiras remetem para figuras internacionais como o presidente dos Estado Unidos, Barak Obama, o argentido Diego Maradona e o terrorista Osama Bin Laden| Foto: Reuters

No Paraná, tem até Papai Noel na disputa

Jogadores de futebol, cantores, atores de novelas. No ambiente de trabalho, boa parte destes profissionais costuma adotar um nome artístico. Na política, a tendência é a mesma e as eleições costumam reunir diversos candidatos com "apelidos" curiosos.

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Os candidatos de nomes bizarros marcarão presença, mais uma vez, nessas eleições. No cardápio do maior colégio eleitoral do país - São Paulo - o que não falta é variedade. Há nomes de frutas, peixes, carnes, presidente e terrorista. Obama Brasil (PTB), BinLaden (PTN) e Maradona do Brasil (PTB) são alguns dos concorrentes. A maioria vale-se de apelidos para tentar fazer valer a estratégia testada com sucesso no mercado publicitário, a marca que gruda na cabeça do consumidor, com o objetivo de obter dividendos nas urnas.

Contudo, o balanço de pleitos passados comprova que não basta apenas uma alcunha inusitada e uma performance extravagante para convencer o eleitorado, pois a maioria desses aspirantes jamais se elegeu. O cientista político Humberto Dantas, da Universidade de São Paulo (USP), conselheiro do Movimento Voto Consciente, diz que o universo de concorrentes exóticos não é exclusividade apenas nas eleições do Brasil. "Isso existe em todo lugar, mesmo nos países que adotam a lista fechada, portanto, a reforma política não vai resolver essa questão", afirma, ressaltando que a responsabilidade em não eleger esse tipo de pretendente é sempre do eleitor.

Candidata pela primeira vez, Suellem Aline Silva foi uma das que adotaram o apelido nas urnas. Conhecida no universo das celebridades pelos atributos físicos, Aline integra o chamado grupo das "mulheres-frutas" e, na esperança de obter uma cadeira na Câmara dos Deputados pelo PTN, decidiu usar a designação de "Mulher Pera". "É Pera porque tenho cintura fina e quadril largo. Eu tenho muitos fãs que votarão em mim. Vou dar a cara à tapa e ver o que acontece", diz a estreante.

Na categoria alimentos, há ainda outros nomes pitorescos, como Lambari (PRP), Berinjela (PSDC) e Frangão (PMN). Nesse rol, o candidato Agenor Bisteca (PSDC), cujo nome oficial é Agenor Hermógenes Júlio, acredita que o apelido pode ajudá-lo a levantar a candidatura ao Congresso. "O nome Agenor é normal, mas Bisteca é marcante."

Psiu

Na tentativa de chamar a atenção dos eleitores, vale até mesmo apelar para o prosaico "Psiu", como fez Manoel Hanario. O candidato do PMN, que pleiteia uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), registrou-se na Justiça Eleitoral como: "Psiu Sou Hanario".

Outro concorrente a uma vaga na Alesp, Ailton Alves da Silva (PTN) partiu para o escatológico. Adotou o registro de "Ailton Meleca". "É um nome raro e vai trazer muitos votos", avalia, anunciando a plataforma: "Vamos tirar as melecas das ruas." Entre os candidatos com apelidos exóticos, há também Maluco Beleza (PHS), Tetraneto do Zumbi dos Palmares (PTN) e Josué Topa Tudo (PDT).

Cover do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, Ananias Rodrigues da Silva (PTB), o "Obama Brasil", afirma que a semelhança com o democrata pode atrair votos e que os projetos são parecidos. Perguntado, não soube esmiuçá-los. "A nossa biografia é idêntica. Somos advogados, religiosos, temos duas filhas e temos a mesma altura", lista. "Temos um contato espiritual."

Fracasso nas urnas

Humberto Dantas endossa a tese de que a porcentagem de votos recebida por conta do nome incomum é bastante pequena. "Rende votos numa faixa do eleitorado que tem como intuito levar a eleição na brincadeira, na galhofa, ou aqueles que votam por protesto, que não são muitos." Para o cientista político, esses candidatos são usados como uma espécie escada para elevar os líderes, sobretudo nos pequenos partidos.

O resultado das eleições para a Alesp e Câmara dos Deputados de 2006, em São Paulo, prova que o desempenho desses candidatos nas urnas costuma ser fadado ao fracasso. Dos 94 deputados estaduais eleitos, nenhum adotou apelido esquisito. O mesmo resultado foi observado entre os deputados federais eleitos pelo Estado: - naquele pleito, os candidatos de nomes pitorescos que tiveram melhor performance foram Chinelo (PSB), com 21.917 votos, Laranja (PPS), com 4.451, e Mestre Xaman (PTB), com 3.519.

A cientista política Maria do Socorro Braga, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), ressalta que a estratégia de escalar anônimos é mais comum em legendas nanicas, que não dispõem de muito tempo em palanque eletrônico e enfrentam dificuldades em angariar nomes para o pleito. Assim como Dantas, Maria do Socorro avalia que o interesse desses partidos em recrutar tais personagens está no potencial de votos que eles podem angariar para formar o coeficiente eleitoral mínimo exigido para a diplomação de um parlamentar.

Interatividade

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