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Rafael Bertaioli mostra o que sobrou de seu carro depois de um acidente na BR-277: duplicação da rodovia  não tem prazo para sair do papel | Albari Rosa / Gazeta do Povo
Rafael Bertaioli mostra o que sobrou de seu carro depois de um acidente na BR-277: duplicação da rodovia não tem prazo para sair do papel| Foto: Albari Rosa / Gazeta do Povo

Rafael Francisco Bertaioli, 34 anos, é gerente de uma transportadora e administra 50 veículos de carga. Em dez anos como motorista de caminhão, viajou por todo o Brasil sem nunca se envolver em um acidente. Mas sempre existe a primeira vez. Em um início de tarde quente em Cascavel, quando ia para casa almoçar, o Clio dirigido pelo gerente foi atingido por um caminhão caçamba desgovernado, no cruzamento da BR-277 com as BRs 369 e 467. "Eu vi o ca­­minhão vindo e só acordei no hospital", lembra. O veículo foi prensado contra uma caminhonete, logo à frente. Graças ao airbag, Bertaioli pôde contar os detalhes do acidente três dias depois, com dois cortes pequenos na cabeça.

O gerente quase perdeu a vida em um trecho da BR-277 que precisa de mudanças – uma delas evitar que apenas um semáforo regule o trânsito em três grandes rodovias. A principal, no entanto, é a duplicação da pista. Um gru­­po com cerca de 20 entidades civis e sindicatos organizou o movimento "Duplicar pela vida", que defende a duplicação da rodovia de Medianeira a Pon­­ta Grossa, passando por Cascavel e Guarapuava.

A maioria desse trecho é administrado pela concessionária Ecocatarata. A concessionária informou ter duplicado 42,5 quilômetros entre São Miguel e Medianeira desde que assumiu a BR-277, em 1997. Se depender de um contrato assinado com o governo do estado em 2004, no entanto, o restante da duplicação não sai. Em nota, a Ecoca­­­taratas informou que "atualmente, obras de ampliação de capacidade como a duplicação de rodovias não fazem parte das obrigações da concessionária. Por meio de um contrato preliminar assinado com o governo do Paraná, em 2004, todas estas obras foram retiradas do contrato de concessão em função de uma redução da tarifa, o que restou confirmado via sentença judicial." "Estamos pagando há 12 anos por uma coisa que não existe", define Rafael. O principal motivo para a sociedade reivindicar a duplicação é a segurança, mas a medida também traria ganhos econômicos para todo o estado. A BR-277 corta todo o Paraná, de Foz a Paranaguá, e é o principal corredor de transporte estadual. A duplicação diminuiria os custos e o tempo das viagens. "Entre Medianeira e Paranaguá, temos de pagar pedágio de R$ 433,30 para um bitrem. É um absurdo", diz o transportador Oscar Agos­­tinetto, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte do Oeste do Paraná (Sintropar). "Além de duplicar a BR-277 é preciso ir mais além. O próximo governo tem de rediscutir o modelo de pedágio."

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