
- Richa anuncia auditoria nas contas do governo do estado
- Deputados articulam maioria na Assembleia
- Fruet, Fernanda e Francischini são cotados para o secretariado
- Apoio de Alvaro a Osmar ainda não foi digerido no PSDB
- Em carta, pedetista agradece votos e promete ajudar Dilma
- Políticos reclamam de pesquisas
Dois anos após disputarem a prefeitura de Curitiba, Beto Richa (PSDB) e Gleisi Hoffmann (PT) voltam a se enfrentar. Desta vez, porém, de maneira indireta. Os dois serão os mais fortes cabos eleitorais no Paraná durante o segundo turno da eleição presidencial. Richa é José Serra (PSDB). Gleisi trabalha por Dilma Rousseff (PT). No centro do jogo, a capacidade de transferir cerca de 3 milhões de votos conquistados por cada um na corrida pelo governo do estado e por uma cadeira no Senado Federal e ajudar assim a fazer o sucessor de Luiz Inácio Lula da Silva.
O resultado do primeiro turno dá uma ligeira vantagem ao tucano. Mesmo com Richa tendo usado pouco a imagem de Serra durante a campanha ao Palácio Iguaçu, o ex-governador de São Paulo saiu vitorioso no Paraná. Obteve apoio de 2.607.664 eleitores, ou 43,94% dos votos válidos, contra 2.311.239 da petista (38,94%).
Triunfo ainda mais significativo se deu em Curitiba, principal reduto eleitoral de Richa, que governou a cidade por mais de cinco anos. Na capital, Serra conquistou o apoio de 468.183 pessoas (44.68%), quase o dobro da marca alcançada por Dilma 281.039 votos (26,82%).
A derrota local acendeu a luz amarela dentro do PT. O estado foi visitado por Lula três vezes durante o primeiro turno. Gleisi foi convocada às pressas ontem para ir a Brasília. Passou a tarde reunida com Dilma, governadores, senadores e deputados da base aliada articulando a estratégia para a parte final da disputa.
A petista, primeira mulher a se eleger senadora no Paraná, irá repetir a rotina de viagens pelo interior até as vésperas da eleição, marcada para 31 de outubro, tática que lhe garantiu o primeiro lugar geral em diversos municípios, especialmente nos menores Gleisi terminou com quase 3,2 milhões de votos, índice superior ao de Richa. Reforçará a importância da dobradinha feminina, outro aspecto que lhe rendeu uma quantia considerável de votos, e da continuidade dos projetos implementados por Lula no estado, onde a avaliação positiva do governo federal fica abaixo da média nacional, mas passa de 70% segundo os últimos levantamentos.
"Minha vida é andar por esse estado [parodiando a canção "Minha Vida é andar por esse país", de Luiz Gonzaga e Hervê Cordovil]. A partir da semana que vem a militância também vai à rua. A diferença de votos foi muito pequena, 5%, tenho certeza de que a gente reverte", afirmou a senadora, dizendo que as diferenças entre o Brasil de Lula e o Brasil de Fernando Henrique Cardoso, principalmente no aspecto social, serão ainda mais reforçadas neste período.
Richa aposta no carisma e nos números para turbinar o desempenho do correligionário. O governador eleito disse que irá entrar de "corpo e alma" na campanha de segundo turno com a intenção de repassar os 3.039.774 de votos, boa parte (690.634, ou 66,94%) alcançada em Curitiba, o maior colégio eleitoral paranaense. Para neutralizar a influência de Gleisi, que na capital somou 413.993 votos (22,06%), a estratégia é usar o deputado federal Gustavo Fruet (PSDB), o preferido dos curitibanos na disputa pelo Senado, com 646.886 votos (34,47%).
O tucano revelou também, durante entrevista coletiva concedida ontem, o discurso que pretende adotar durante todo o segundo turno. Richa afirmou que votar em Serra é mais do que questão política ou partidária, "trata-se de patriotismo". "Ele vai agir com ética e decência, porque chega de tantas denúncias de escândalo, de desvio de conduta, corrupção, de traição à confiança do povo", ressaltou, informando que provavelmente irá a São Paulo para montar, diretamente com o presidenciável tucano, a tática local de atuação. Disse, ainda, que poderá auxiliar companheiros de outros estados, como Santa Catarina e Mato Grosso.
Polarização de forças que não atingiu a bacharel em Direito Rozangela Rodrigues de Oliveira. Ela foi de Richa e Gleisi no primeiro turno. Agora, diz que votará em Dilma, mas não por influência de um lado ou de outro. "Não levo em consideração [o apoio de Richa e Gleisi] porque são esferas diferentes", afirmou.



