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Polêmica

Políticos reclamam de pesquisas

Parlamentares, vencedores e derrotados, querem investigar os institutos que realizam os levantamentos de intenções de voto

“Não digo que foi a causa, mas acredito que a pesquisa seja um fator que tenha pesado para a minha derrota.” Gustavo Fruet, candidato ao Senado (PSDB), terceiro lugar na eleição | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
“Não digo que foi a causa, mas acredito que a pesquisa seja um fator que tenha pesado para a minha derrota.” Gustavo Fruet, candidato ao Senado (PSDB), terceiro lugar na eleição (Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)

Fechadas as urnas, ontem foi dia de vencedores e perdedores nas eleições reclamarem das divergências entre os números das pesquisas e os resultados da votação. Eleito para a Câmara dos Deputa­­­dos pelo PPS, Rubens Bueno disse já está articulando com a bancada federal uma investigação sobre a conduta dos institutos de pesquisa em todo país. "Não podemos tolerar números completamente distorcidos da realidade", afirmou Bueno, que também pretende levar o assunto à executiva nacional do PPS, com quem se reúne hoje. O deputado Abelardo Lupion (DEM), reeleito à Câmara Federal, prometeu apresentar um projeto de lei para impedir a divulgação de pesquisas eleitorais 15 dias antes do pleito.

Da Assembleia Legislativa também partiram ataques aos institutos de pesquisa. Na retomada dos trabalhos da Casa, depois de 20 dias de recesso branco, o deputado Ademar Traiano (PSDB) subiu à tribuna para reclamar dos resultados apresentados pelos levantamentos realizados por institutos nacionais. "O Ibope acabou tirando uma vaga do Senado, que poderia ser do Gustavo [Fruet]", disse, em referência à pesquisa Ibope divulgada no último sábado.

A reclamação de Traiano foi acompanhada pelo presidente estadual do PSDB, Valdir Rossoni. O deputado voltou a afirmar que a decisão de contestar na Justiça as pesquisas eleitorais foi do partido e que não se arrependia da medida. A campanha do governador eleito Beto Richa recorreu à Justiça Eleitoral e conseguiu impedir a divulgação de sete levantamentos de intenção de voto durante a campanha eleitoral.

Richa, que já havia criticado as pesquisas eleitorais no domingo, voltou a fazer ataques ontem. Durante coletiva de imprensa, o tucano disse ainda ter sido prejudicado pelas pesquisas nas eleições de 2002 e 2004. "Pergunto para vocês: o que atrapalha a democracia? A nossa atitude, que foi comprovada na prática, ou a divulgação de pesquisas erradas que podem induzir o eleitor ao erro?".

O principal alvo de críticas dos parlamentares e do próprio Richa foi a última pesquisa Ibope para o governo do estado e ao Senado. O levantamento foi contestado pela campanha tucana e liberado na noite de sexta-feira por uma liminar do ministro Marco Aurelio Mello do Tribunal Superior Eleito­­­ral. Os dados, que foram recolhidos entre 30 de setembro e 2 de outubro, indicavam um empate entre Beto Richa (PSDB) e Osmar Dias (PDT), com 49% dos votos válidos cada um, o que poderia levar a um segundo turno. Richa levou a eleição no primeiro turno com 52,4% dos votos válidos.

Na avaliação da cientista política Luciana Veiga, da Univer­­­sidade Federal do Paraná (UFPR), neste caso o resultado da pesquisa não ficou distante da realidade. "Não me parece que a pesquisa tenha errado tanto para governador. Para mim, a de senador parece um pouco mais problemática", diz.

Para o Senado, a pesquisa Ibope mostrou Gleisi Hoffmann a frente com 33% das intenções de voto válidos, o ex-governador Roberto Requião (PMDB) em segundo lugar com 31% e Gustavo Fruet (PSDB) com 18%. O resultado nas urnas confirmou a vitória de Gleisi, mas mostrou uma situação muito mais apertada entre Requião e Fruet: 24,8% conta 23,1%, respectivamente. De acordo com Luciana, numa eleição como a deste ano, em que são escolhidos dois senadores, fica mais complicado para os institutos preverem o resultado. Isso porque também é mais complicado para o eleitor fazer a escolha.

Gustavo Fruet (PSDB) diz acreditar que o resultado do Ibope influenciou na sua derrota para o Senado. Na avaliação dele, o porcentual negativo nas pesquisas desmotiva quem está envolvido na campanha, causa perdas de apoios políticos e também influencia no voto de alguns eleitores, que acabam optando pelo candidato que está a frente, com o intuito de "não perder" o voto – o chamado "voto útil".

Metodologia:

A pesquisa Ibope entrevistou 2.002 eleitores entre 30 de setembro e 2 de outubro. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no TRE-PR sob o protocolo: 22.938/2010 e no TSE: 33.339/2010.

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