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Para elaborar os projetos estratégicos de que o Paraná precisa, o próximo governador terá de romper com uma inércia que dura quase 16 anos. Os especialistas consultados pela reportagem avaliam que as duas últimas administrações falharam em projetar o estado para o futuro. Eles defendem ainda a restauração da meritocracia e a contratação de corpo técnico especializado.

Na avaliação do presidente do Crea, Álvaro Cabrini Júnior, tanto Jaime Lerner quanto Roberto Requião fizeram muito pouco para os oito anos que cada um ficou no poder. O professor Francisco Gomide critica mais a gestão requianista. "Os últimos anos foram os piores. Por decisão de uma pessoa, não foi investido nada nas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) no estado" – os projetos represados na área foram tema de reportagem publicada neste sábado (7 de agosto) no caderno de Economia da Gazeta do Povo.

Paulo Ceschin, da Fiep, que ocupa uma vaga no conselho de infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI), afirma que o Paraná "não está melhor nem pior" que o resto do Brasil. "Talvez o Paraná não tenha evoluído tanto recentemente porque já tinha uma infraestrutura consolidada", avalia.

Mão de obra

Para Cabrini, o próximo governador precisa investir na contratação de engenheiros e técnicos. "A máquina pública pode estar inchada, mas não de pessoal qualificado. O planejamento se faz com engenheiros, arquitetos, que precisam receber um salário digno. Não adianta ter um órgão como a Comec, que gerencia a região metropolitana de Curitiba, e transformá-lo num cabide de emprego para advogados."

Gomide ressalta que é possível encomendar estudos da iniciativa privada ou de universidades. Mas, no que se refere ao poder público, ele é categórico: "É preciso restaurar a meritocracia".

O secretário de Transportes, Mário Stamm, que por vários anos foi coordenador de logística da Fiep – e crítico dos gargalos do estado – diz que está "aprendendo" a trabalhar com os recursos disponíveis. "Temos um quadro funcional muito bom, que merece ser prestigiado. Mas é pouco para fazer frente às demandas todas." Segundo ele, é preciso administrar o trabalho e a mão de obra para obter as soluções necessárias no prazo mais curto possível.

Ceschin, da Fiep, cita como bom exemplo de órgão planejador a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Ela foi criada em 2004 para planejar o setor e evitar que o apagão elétrico de 2001 se repita. Com a integração do sistema elétrico nacional, a infraestrutura energética deixou de ser uma questão prioritamente estadual. As obras de saneamento básico serão tema da série Desafios durante o próximo mês. (RF)

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