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Política e religião

Lula diz não ver nada de novo no discurso do Papa sobre o aborto

Presidente minimizou a possibilidade de a orientação de Bento XVI influir na eleição. Nas missas, porém, padres já começaram a tocar no assunto

Lula, entrando em uma Ferrari, no Salão do Automóvel de São Paulo: “Só tenho como comprar uma esteira” | Nacho Doce / Reuters
Lula, entrando em uma Ferrari, no Salão do Automóvel de São Paulo: “Só tenho como comprar uma esteira” (Foto: Nacho Doce / Reuters)

São Paulo - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou ontem a recomendação do Papa Bento XVI para que os bispos brasileiros orientem os católicos a não votar em candidatos que defendam a legalização do aborto. Disse que a orientação do Papa não traz nenhuma novidade e afirmou não entender que a Igreja esteja fazendo uma interferência indevida na eleição.

A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, chegou a declarar por duas vezes, em 2007 e em 2009, que era a favor da descriminalização da interrupção da gravidez. Mas, durante a campanha eleitoral deste ano, mudou de opinião e disse ser contra a legalização do aborto.

2 mil anos

"Eu não vi nenhuma novidade na declaração do Papa. Esse é o comportamento da Igreja Católica desde que ela existe", afirmou ontem o presidente, durante visita ao Salão Internacional do Automóvel, em São Paulo. "Se vocês forem ver o que a Igreja Católica falava há 2 mil anos atrás, ela falava exatamente o que o Papa falou. Isso pode ser falado a qualquer momento, ontem, hoje, amanhã, depois de amanhã. Toda vez que você perguntar ao Papa sobre a questão do aborto, ele vai dizer exatamente o que disse ontem."

Questionado se os bispos católicos haviam interferido no processo eleitoral e se a declaração do Papa poderir interferir na eleição, indo além de seus limites, Lula discordou. "Não acho que foi além. Cada um faz de acordo com sua consciência. Esse país é um país democrático, um país laico. Portanto, as pessoas se manifestam como quiserem. A liberdade é boa por isso."

Apesar das declarações minimizando a declaração do Papa, nos bastidores o PT avalia que pode perder votos na reta final do segundo turno. Padres do setor mais conservador da Igreja prometem, durante as missas deste fim de semana, fazer pregações com base no discurso papal.

Ontem, em igrejas de São Paulo visitadas pela reportagem, já houve homilias fazendo referência à posição do Papa. E, na Igreja de São Francisco de Assis, por exemplo, católicos podiam pegar de uma pilha uma fotocópia da capa da edição da revista Veja que dava destaque a uma declaração da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, em que ela defendia a descriminalização do aborto.

Carros luxuosos

Ao visitar os estandes do Salão do Automóvel, o presidente Lula entrou nos carros luxuosos em exposição, como uma Ferrari. Ele chegou ainda a autografar o para-brisas de um utilitário da Volkswagen cujo design foi assinado por brasileiros. O carro ainda não está à venda. Lula brincou com a sofisticação dos carros e seus altos preços. Experimentou o banco de um modelo da Audi que custa R$ 780 mil e, segundo assessores da companhia, disse que era um "ótimo carro para ex-presidentes". "Só tenho como comprar uma esteira", disse, rindo, em outro carro.

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