Lula diz que ataque a Serra foi “farsa”; tucano culpa presidente e o PT

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Maringá e Rio Grande (RS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, usaram politicamente o tumulto em que o tucano se envolveu na tarde de quarta-feira, durante uma caminhada no Rio de Janeiro. Lula criticou o presidenciável e chamou de "farsa" e "mentira descarada" a alegação do tucano de que foi agredido por militantes do PT. Serra, que cancelou sua agenda depois de ser atingido na cabeça por um objeto, culpou o presidente pelo "clima violento" na campanha.

Em entrevista em Rio Grande (RS), onde inaugurou um estaleiro, Lula comparou Serra ao goleiro chileno Roberto Rojas, que em um jogo contra o Brasil, no Maracanã, em 1989, simulou ter sido ferido por um sinalizador luminoso disparado por uma torcedora. "Ne­­­­nhum candidato tem direito de mentir da forma descarada como o do PSDB mentiu", afirmou o presidente. "A mentira que foi produzida pela equipe de publicidade do candidato José Serra é uma coisa vergonhosa. Ontem [quarta-feira] deveria ser conhecido como dia da farsa, dia da mentira."

Lula disse que, depois de ver as imagens na televisão, desistiu de se solidarizar com Serra. "Primeiro bateu uma bola de papel na cabeça do candidato, ele nem deu toque para a bola, olhou para o chão e continuou andando. Vinte minutos depois esse cidadão [Serra] recebe um telefonema, deve ser do diretor de produção dele. Deve ter lembrado do jogo do Chile com o Brasil", comentou. "Espero que o candidato tenha um minuto de bom senso e peça desculpas ao povo pela mentira descarada."

O objeto foi jogado no momento de um tumulto entre militantes tucanos e petistas. O candidato encerrou a caminhada e seguiu para uma clínica, na qual foi examinado pelo oncologista Jacob Kligerman, que não identificou nenhum tipo de ferimento ou sequela. "Depois do telefonema, ele [Serra] decidiu procurar um médico que foi um diretor do Inca [Instituto Nacional do Câncer], durante a gestão do Serra no Mi­­­nistério da Saúde, e secretário de Saúde do Cesar Maia [DEM, ex-prefeito do Rio]", atacou Lula.

Tropa de assalto

Em Maringá, no Norte do estado, Serra culpou Lula pela violência que afirma estar sofrendo na reta final da campanha. "O incidente comigo foi só um exemplo, teve uma jornalista que também foi agredida", afirmou. "A atitude do presidente, de se jogar de corpo e alma no processo eleitoral, ao invés de governar o país, ou mesmo incitar a destruir os adversários, como ele tem feito, só contribuiu para esse clima de violência".

O tucano chamou seus adversários de "profissionais da mentira". "É a maior campanha de mentiras que eu já vi na minha vida. São profissionais da mentira. São também profissionais da violência", criticou. "Atacaram minha família, meu genro, minha mulher. Só faltam meus netos. Daqui a pouco vão dizer que meu netos puxaram a orelha de algum coleguinha na escola. "

Em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais, Serra se disse preocupado com a reação de Lula, segundo material enviado pela assessoria do governador eleito Beto Richa, que acompanhou o presidenciável. "Fico preocupado com a principal autoridade da República dando cobertura a atos de violência", disse. "Fui agredido e acho engraçado aqueles que pensam que houve simulação." Serra confirmou que foi atingido por uma bola de fita adesiva. "Fui atingido por outras coisas, bolinha de papel. Fiquei tonto, mas não cheguei a desmaiar".

O tucano explorou o fato no programa eleitoral de ontem. No início são mostradas imagens da confusão e cenas do ex-governador de São Paulo Mário Covas, que em maio de 2000 foi atingido com um ovo por manifestantes em Diadema (SP) , durante uma greve de servidores públicos.