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Veja que divergência de resultados entre três institutos causou polêmicas |
Veja que divergência de resultados entre três institutos causou polêmicas| Foto:

José Serra (PSDB) tem 44% das intenções de voto nas regiões Norte/Centro-Oeste. Aparece também com 53%, dependendo do levantamento. O mesmo raciocínio vale para Dilma Rousseff (PT). A ex-ministra teria conquistado a preferência de 47% do eleitorado do Sul do país. Ou, em uma versão menos favorável, 38% dos moradores da região indicam que irão votar na petista.

A diferença entre os dois candidatos à Presidência da República pode oscilar ainda de 9 pontos porcentuais a favor de Serra no Norte/Centro-Oeste (53 a 42) a 3 pontos de vantagem para Dilma (44 a 47). Tudo, novamente, dependendo do instituto de pesquisa.

A série de divergências matemáticas compõe o cenário de três pesquisas sobre a corrida eleitoral para o Palácio do Planalto divulgadas nesta semana por empresas diferentes – Vox Populi, Sensus e Ibope. Os resultados discrepantes reacenderam a polêmica sobre a credibilidade dos levantamentos e, em alguns casos, dos institutos. O PSDB, indignado com a divulgação na terça-feira pelo Vox Populi de que Serra está 12 pontos atrás de Dilma (39 a 51), acusou a empresa mineira de estar "a serviço do PT". "O Vox Populi, de forma perversa, martelou diariamente que não teríamos segundo turno. Isso foi demolidor, mas, mesmo assim, avançamos. Por isso agora temos dificuldades de acreditar nesse número", diz o senador Alvaro Dias (PSDB-PR). A aferição, porém, foi ratificada na quarta-feira pelo Ibope, que mostrou o tucano 11% atrás da concorrente (51 a 40).

As pesquisas suscitam dois tipos de análise. Na avaliação de Murilo Hidalgo, diretor da Paraná Pesquisas, o momento é mesmo delicado. Para ele, os números divergentes podem ser explicados pela quantidade pequena de entrevistas feitas pelos institutos. No caso do Ibope e Vox Populi aproximadamente 3 mil pessoas foram ouvidas. Já o Sensus trabalhou com um universo de 2 mil eleitores. "É fato que não estão falando a mesma língua. Isso poderia ser resolvido – ou diminuído – com uma amostragem maior. Quando você entrevista um universo de 3 mil pessoas, ouve cerca de 300 eleitores na Região Sul. Para três estados é muito pouco, por isso a chance de distorção é grande", explica. "Nós, institutos de pesquisas, estamos vivendo um momento não muito bom", emendou.

Cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo Costa de Oliveira segue outra corrente, defendendo a atuação dos pesquisadores. Segundo ele, que tem se dedicado a estudar os levantamentos desde o início do atual processo eleitoral, mais importante do que destacar um número isolado, é necessário verificar as tendências. E, neste ponto, o conjunto de pesquisas tem caminhado lado a lado. "Ou seja, tendência de ligeira ascensão da candidatura de Dilma e de ligeira queda do Serra", ressalta. "O eleitorado se movimenta com muita rapidez. Indecisos definem seus votos, outros mudam de posição. Assim nunca teremos uma pesquisa 100% correta. Se trata, apenas, de um radar da opinião."

A mesma tese foi defendida pela pesquisadora Genilda Alves de Souza, professora de estatística da Faculdade Cásper Líbero, em entrevista recente à Gazeta do Povo. "Os números são apenas tendências. O problema é que a imprensa toma o número estatístico como infalível, como imutável", afirma.

A reportagem entrou em contato com os três institutos. Vox Populi e Sensus informaram que os diretores estavam ocupados e não poderiam dar entrevistas. Já o Ibope pediu que as perguntas fossem encaminhadas por e-mail. Os questionamentos, porém, não foram respondidos até o fechamento desta edição.

Em campanha ontem pelo interior do Paraná, o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, desqualificou o resultado divulgado na quarta-feira pelo Ibope. "Os institutos passaram um vexame no primeiro turno, inclusive o Ibope. Errou até na pesquisa de boca de urna", disse o candidato, em referência aos números apresentados em 3 de outubro, no dia da eleição.

De acordo com o levantamento da época, Dilma teria 51% das intenções de voto, contra 30% de Serra e 18% de Marina Silva (PV). O resultado finalmostrou a candidata do PT com 46,9%, 32,6% para Serra e 19,33% para Marina.

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