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Com estratégias diferentes para produzir seus programas de governo, as campanhas de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) avançam na formulação de suas propostas, que deverão ser apresentadas em agosto.

Serra enviou uma equipe para conversar com seus aliados nos Estados a fim de obter informações sobre problemas que tenham impactos diretos à população. Ele quer apresentar à sociedade um programa com propostas concretas para a solução dos gargalos do país.

Do outro lado do front, a campanha petista mantém reuniões com os dez partidos que formam a coligação com o objetivo de chegar a um documento de consenso entre as diferentes forças políticas que integram a chapa.

Com o trunfo de defender programas já anunciados pela administração Luiz Inácio Lula da Silva, como as duas versões do Programa de Aceleração do Crescimento, o Minha Casa, Minha Vida e o Bolsa Família, a ex-ministra da Casa Civil deve apresentar um plano de governo genérico que pregue a continuidade.

"Pouco texto, muito conteúdo"

Na coligação comandada pelo PSDB, e que tem ainda DEM, PPS, PTB, PMN e PTdoB, a ideia é ter um programa prático, onde o discurso importe menos.

"Devemos apresentar um conjunto de propostas do Serra para o país. É pouco texto e muito conteúdo. Queremos objetivos, mais propostas e discussão de país... nosso tema é o desenvolvimento sustentado", afirmou à Reuters o coordenador do programa de governo do candidato tucano, o ex-secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo Xico Graziano.

Segundo ele, o programa de governo destacará, por exemplo, propostas para as áreas de infraestrutura e qualificação de mão-de-obra. A segurança pública, como a criação de um ministério específico para a área --ideia já anunciada por Serra--, saúde e educação também deverão ser enfatizados no documento.

Temas relativos à macroeconomia, no entanto, tendem a não ser incluídos.

"Os investidores conhecem as qualidades do Serra e o modo dele entender a economia, não é segredo para ninguém", comentou. Na segunda-feira, por exemplo, Serra voltou a criticar o juro elevado e o câmbio valorizado e defendeu o sistema de metas de inflação, responsabilidade fiscal e flexibilidade cambial.

Além de realizar a tradicional troca de ideias com os partidos aliados, a campanha tucana está inovando ao criar um site na Internet para colher sugestões de eleitores para o programa de governo.

"Continuidade com inovações"

Já os coordenadores do comitê de Dilma Rousseff priorizam o debate com os partidos que integram a coalizão da ex-ministra da Casa Civil --formada além do PT por PMDB, PRB, PDT, PSB, PCdoB, PR, PTN, PSC e PTC-- para definir o texto que será apresentado à sociedade.

O esforço não é à toa. No início do mês, ao protocolar suas diretrizes de governo na Justiça Eleitoral, a campanha da ex-ministra entregou o programa do PT como se fosse o da candidata. Trechos polêmicos como a taxação de grandes fortunas desagradaram alguns partidos da coalizão de centro-esquerda, levando à substituição do documento.

Segundo o coordenador-executivo da elaboração do programa, Alessandro Teixeira, o crescimento com distribuição de renda será o tema central do programa da candidata.

"Temos um acúmulo, estamos no governo. O nosso programa não foge daquilo que vimos fazendo", sublinhou. "A linha mestra da nossa atuação está bem colocada. O nosso trabalho é pregar continuidade e propor inovações."

No entanto, a palavra "inovação" não estará presente em pelo menos um capítulo do plano. "Do ponto de vista econômico, não vamos alterar nada", assegurou Teixeira.

Propostas

Apesar de os programas de governo ainda não estarem prontos, os dois candidatos já revelaram seus posicionamentos sobre alguns temas estratégicos para o país.

Dilma advoga a manutenção da atual política econômica, enquanto Serra tem ressaltado que em seu governo não haveria diferenças de pensamento entre o ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central --como tem ocorrido em diversos momentos entre Guido Mantega e Henrique Meirelles.

A petista tem defendido uma reforma administrativa e o fortalecimento do Estado. Já o tucano prega um maior controle fiscal. Serra critica a indicação de políticos para cargos de direção das agências reguladoras, enquanto Dilma aprova a prática, desde que respeitados critérios técnicos.

O papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também entrou na arena eleitoral.

O tucano chama de "privatização do dinheiro público" o empréstimo de recursos subsidiados da instituição para a fusão e aquisição de empresas. A candidata governista, por outro lado, apoia o uso dos bancos públicos para o aumento da oferta de crédito e do BNDES para a formação de grandes empresas nacionais.

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