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Dilma disse que foi alvo de agressão em Curitiba, mas que não culpou adversário | Alexandre Guzanshe / AFP
Dilma disse que foi alvo de agressão em Curitiba, mas que não culpou adversário| Foto: Alexandre Guzanshe / AFP

Propagandas exploram o confronto

As campanhas de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) voltaram a utilizar, no horário eleitoral gratuito de ontem na tevê, o conflito entre tucanos e petistas no Rio de Janeiro, na quarta-feira. Serra responsabilizou petistas por terem jogado nele um rolo de fita adesiva; já o PT afirmou que o tucano foi atingido apenas por bolinhas de papel.

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Brasília, São Paulo e Belo Horizonte - Em mais um dia de repercussão por causa do tumulto envolvendo militantes petistas e o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, quarta-feira, no Rio de Janeiro, e das declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o presidenciável teria participado de uma "farsa" e fingido ter sido atingido, as principais lideranças tucanas criticaram duramente ontem o pre­­­sidente e o PT. Em resposta, a presidenciável petista, Dilma Rous­­seff, lembrou que na quinta-feira foi alvo de bexigas com água na Rua XV, em Curitiba, mas que nem por isso acusou a campanha adversária. Lula silenciou sobre o caso ontem.

Em uma ação conjunta, cinco dos principais líderes tucanos partiram para o ataque: os senadores eleitos Aécio Neves (MG) e Aloysio Nunes Ferreira (SP), o governador de São Paulo, Alberto Goldman, o governador eleito do estado, Geral­­­do Alckmin, e o presidente da sigla, Sérgio Guerra. O mais incisivo foi Goldman. "Quem disse que foi uma farsa foram duas pessoas que deveriam ter mais responsabilidade, mas infelizmente são levianas. Uma chama-se Luiz Inácio Lula de Silva e a outra foi Dilma, que repetiu as palavras do seu progenitor", criticou. "Num país civilizado, essas duas pessoas teriam de responder diante dos tribunais."

Na avaliação de Aécio, Lula "sai menor da eleição" depois das declarações dadas na quinta-feira. "Triste a agressão, porém mais triste foi a postura do presidente da República, que se despe da condição de chefe de Estado para virar líder de uma facção política." Nunes atribuiu o tumulto a uma "tropa de choque" do PT. "Uma caminhada de um candidato a presidente foi brutalmente hostilizada e depois interrompida por uma tropa de choque preparada", atacou. Já Alckmin disse que Lula "incita a violência", "zomba da lei" e "faz piada com coisa séria".

Serra também criticou Lula. "A meu ver o presidente da República dando aval a esse tipo de manifestação acaba estimulando que ou­­­tras se repitam", reclamou em campanha em Porto Alegre. "Quando desqualificou um fato real que tinha acontecido, ele se comportou como militante."

Em São Paulo, o comando da campanha de Serra anunciou que entrou com representação na Pro­­­curadoria-Geral da República para que se apure a responsabilidade de José Ribamar de Lima, diretor do Sindicato dos Agentes de Combate a Endemias do Rio, e Sandro Alex de Oliveira Cezar, apontados como organizadores da manifestação do PT na quarta-feira.

Bexigas

Em campanha em Belo Hori­­­zonte, Dilma criticou Serra por utilizar a suposta agressão em sua propaganda eleitoral. A petista lembrou que foi alvo de balões com água na Rua XV, em Curitiba, na quinta-feira. "Não tinha nenhuma briga nesse momento. Foi alguém deliberadamente que fez isso. Eu não saí por aí acusando a campanha dele [Serra]", disse. "Você sabe o peso de uma bola, de um balão cheio de água jogado do 12.º andar, que afunda um pouco um teto de um carro? É bastante pesado."

Lula evitou o assunto ontem. Pela manhã, na base aérea de Brasília, durante cerimônia de comemoração pelo Dia do Aviador (23 de outubro), Lula não falou com os repórteres. Às 17h40, Lula chegou a um estúdio em Brasília, acompanhado ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, para gravar uma participação no horário eleitoral de Dilma. Logo que o carro do presidente estacionou, uma van parou em frente ao veículo do presidente, para dificultar o acesso dos repórteres. Na saída, novamente os seguranças impediram o acesso. Ao ver o carro em que estava cercado pelos jornalistas, Lula abaixou o vidro e brincou: "Vamos para Uberlândia, vamos para Uberlândia. Hoje o dia é da candidata". Lula faria um comício ontem à noite com a candidata do PT.

O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, minimizou o fato e as críticas de Lula. "Acho que é uma discussão absolutamente bizantina se foi uma fita crepe, se foi uma bolinha [de papel]. O episódio em si foi lamentável", disse. "Temos consciência de que durante toda essa campanha fomos vítimas da mais baixa campanha eleitoral. Até porque violência não é só violência física. Calúnia e difamação, panfletos apócrifos, telemar­keting apócrifo, isso também é uma violência."

A coordenação de campanha do PT no Rio tentou desmobilizar três eventos programados por movimentos sociais na Praia de Copacabana, amanhã pela ma­­nhã. No mesmo local e horário, Serra e Aécio Neves programaram uma passeata. Apesar do apelo dos dirigentes petistas para se evitar confrontos, há o temor de que novos episódios de violência voltem a acontecer. "As bexigas contra a Dilma caíram como uma bomba. Isso pode servir de catalizador para os militantes mais radicais. É isso que a gente quer evitar", disse um dos coordenadores da campanha da petista no Rio.

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