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O 7 de Setembro marca exatamente o início da reta final desta eleição e a data cabalística chega para os petistas com um sabor bem menos doce do que se supunha uma semana atrás.

O caso da quebra de sigilo de tucanos e da filha do opositor José Serra jogou a candidata governista, Dilma Rousseff, num canto do ringue levando golpes fortes de direita. O PT nega envolvimento da campanha no caso.

As pesquisas internas do partido já capturam oscilação para baixo da ex-ministra, e uma fonte do núcleo central da campanha diz que essa oscilação teria sido de 1 ponto percentual. Segundo a fonte, os dados de segunda-feira mostravam a candidata com 51 por cento e Serra com 23 por cento. Sondagens do tucanato, no entanto, trazem a petista no mesmo patamar há vários dias, em torno de 44 por cento.

Os últimos levantamentos oficiais, aqueles que são registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dão conta de uma manutenção do cenário. No mais recente Ibope, ela manteve-se com 51 por cento e Serra com 27 por cento. O Datafolha de 4 de setembro mostrou os dois com 50 por cento e 28 por cento, respectivamente.

Com o episódio ocupando o noticiário e comendo muitos minutos diários dos principais telejornais do país, o posicionamento atual pode significar duas coisas: consolidação do favoritismo da petista ou início de uma queda para além da margem de erro.

O episódio do sigilo funcionou como bóia para o PSDB, cuja missão urgente é levar a disputa ao segundo turno. Parecia muito difícil até pouco tempo. Agora já alimenta esperanças no time de Serra.

"Bala perdida"?

"Eleitoralmente, nós estamos cansados de saber que isso não dá resultado nenhum", afirmou Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista a jornalistas ao final do desfile da Independência em Brasília, no início desta tarde.

"Isso pode ser uma bala perdida em uma guerra entre eles mesmos (tucanos)."Bala perdida ou não, o que a oposição busca é uma bala de prata para inverter a lógica de um jogo com mais de 20 pontos de diferença entre os dois principais jogadores.

Até o momento, foram descobertas duas pessoas envolvidas no caso da quebra de sigilo com filiação atual ou pregressa ao PT. Uma das servidoras da Receita Federal suspeita de participação neste suposto esquema em Mauá integra os quadros do PMDB de São Paulo, segundo o Tribunal Regional Eleitoral. O PMDB nacional é aliado a Dilma e em São Paulo, a Serra.

Um furto num comitê petista na mesma cidade trouxe mais mistério ao episódio. A oposição afirma que invasão do prédio objetivou queima de arquivo.

A cada dia um naco novo de informação, normalmente divulgada na imprensa, aquece o caso e deixa a campanha de Dilma em condição de constante defensiva, embora não tenha sido encontrada nenhuma prova cabal.

No programa eleitoral da petista, as denúncias passam em branco, ao contrário do que tem feito a campanha tucana. Nas ruas, no entanto, o presidente Lula vem sendo a voz mais forte em defesa de Dilma com ataques enfáticos ao adversário.

"Nós temos um adversário que o bicho anda com uma raiva de eu não sei o quê", disse Lula durante um comício pró-Dilma em Guarulhos no sábado, no qual ela não estava presente. "Ninguém precisa tentar transformar a família em vítima. Cadê esse tal de sigilo que não apareceu até agora? Cadê? Cadê o vazamento das informações?", disparou.

Dilma, no entanto, quando interpelada classifica como "calúnia" as acusações e diz confiar na capacidade do eleitor, crítico e inteligente.

A mesma linha segue o chefe de gabinete do presidente. "Eu não acredito, sinceramente, que o povo brasileiro vai cair nessa armadilha."

Ele conta que o núcleo dilmista e o governo estão "muito tranquilos". Nos bastidores, porém, o que se percebe é apreensão. Dilma não é Lula, e ninguém sabe como ela reagirá nas pesquisas de opinião até 3 de outubro.A candidata tem mostrado calma a aliados e argumenta que já esperava o comportamento da mídia. O PT acha que jornais e televisão fazem isso para perseguir a presidenciável.

O 7 de Setembro, considerado por marqueteiros e versados em eleição nacional como data em que o cenário já está relativamente definido, encontrou abrigo na metáfora do copo "meio cheio-meio vazio". Falta menos de um mês para saber qual das duas opções prevalece.

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