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Confira as principais reivindicações do setor produtivo paranaense |
Confira as principais reivindicações do setor produtivo paranaense| Foto:

Futuro pessimista

Álvaro Cabrini Júnior, presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Paraná (Crea-PR).

O problema da logística no estado tem de ser resolvido ao mesmo tempo que a falta de técnicos especializados e a ausência de projetos. Só assim, segundo o presidente do Crea-PR, Álvaro Cabrini Júnior, o próximo governador conseguirá reverter 30 anos de falta de investimento em infraestrutura. Em entrevista à Gazeta do Povo, o engenheiro agrônomo fala da situação dos quatro modais de transporte do estado e da importância de planejamento.

Como está a infraestrutura logística do Paraná em relação ao resto do país?

Nos outros estados, as obras acontecem, nós nem sequer temos projetos. Fora a obra da Hidrelétrica de Mauá, temos duas grandes obras: a Linha Verde de Curitiba e o Contorno Norte em Maringá. As duas juntas somam R$ 300 milhões. Isso é muito pouco. Estamos há 30 anos sem grandes obras.

Algum modal que está mais defasado do que outro?

Todos estão em péssimas condições. A última grande obra no A eroporto Afonso Pena já faz muito tempo. Os aeroportos do interior estão completamente defasados.

Qual é o principal entrave para que essas obras aconteçam?

Antes não tinha recurso, agora que o dinheiro começou a aparecer, não temos gente preparada nem projetos encaminhados. Não usamos o dinheiro do PAC porque não tivemos planejamento. O estado precisa constituir um fundo rotativo para contratar novos projetos.

Quanto tempo demoraria para algumas dessas intervenções ficarem prontas?

É um plano para o Paraná, não para um governo. Faz 40 anos que falam em fazer a Estrada Boiadeira e não fazem. Obras grandes como essa demoram pelo menos dez anos para serem feitas. O metrô de Curitiba demoraria 20 anos para ser finalizado. Nunca daria tempo para a Copa do Mundo.

Como deve ser a postura do próximo governador?

O governador que entrar pode até começar a fazer algumas obras, mas não vai terminar. Mas ele não tem saída. Se não fizer nada para solucionar o gargalo da logística, não vamos avançar. O nosso modelo atual não dá mais conta. Hoje já pagamos o preço da pouca infraestrutura. Por que as filas no porto diminuíram? Não foi porque a capacidade aumentou, mas sim porque parte da produção foi embora.

Os dois principais candidatos ao governo do Paraná, Beto Richa (PSDB) e Osmar Dias (PDT), recebem hoje um documento com 35 reivindicações de obras de infraestrutura logística que precisariam ser feitas e estar prontas até 2020. As sugestões constam do Plano Estadual de Logística e Transporte (Pelt) 2020, produzido pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Paraná (Crea-PR), em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), o Instituto de Engenharia do Paraná (IEP) e o Sindicato da Construção Pesada (Sicepot). Para a elaboração do estudo foram necessários um ano e meio de pesquisas e 30 profissionais envolvidos. O resultado é um diagnóstico dos quatro modais de transporte: rodovias, ferrovias, aeroportos e hidrovias, com a indicação de quais obras seriam necessárias em cada caso. "Resolvemos focar na logística por que percebemos que era o gargalo comum entre interior, capital e litoral. É o que mais atrasa o desenvolvimento do estado nesse momento", diz o presidente do Crea, Álvaro Cabrini Júnior.

O maior número de intervenções necessárias, segundo o Pelt, é no setor rodoviário. São sugeridas 15 obras em todo o estado e mais nove só na região metropolitana de Curitiba.

A construção da BR-101 entre Garuva e Paranaguá e a pavimentação e ampliação da Es­­­trada Boiadeira (PR-487) são as mais urgentes. "A BR-101 faria com que a distância entre Ga­­­­ruva e Paranaguá encurtasse 80 quilômetros. O projeto é viável e há verba", afirma Sergio Picci­­­nelli, presidente do Sice­­­­pot. Para fazer o levantamento, Picci­­­­­nelli viajou mais 20 mil quilômetros por 80 dias.

Outra proposta das quatro entidades que assinam o Pelt 2020 é a criação de um fundo de projetos de pelo menos R$ 200 milhões. O fundo seria rotativo e serviria para financiar o estudo de novos projetos.

Participarão da entrega do documento 650 pessoas entre industriais, representantes de sindicatos empresariais e outras entidades de todo estado. A cerimônia será às 14 horas no auditório do Cietep, em Curitiba. Após a apresentação do estudo, os candidatos terão a oportunidade de apresentar suas propostas durante 45 minutos e terão outros 45 minutos para responder a perguntas.

"Eles prometeram nos ouvir e esperamos que se comprometam a estudar o documento. Vamos deixar registrado para cobrar depois. Eles não podem ver a sociedade se organizando e fingir que nada está acontecendo", diz o presidente do Crea.

Agenda da indústria

No mesmo evento será entregue uma agenda de propostas para o setor industrial, elaborada pela Fiep, que traz sugestões de projetos que podem aumentar a competitividade e produtividade do estado. O documento elenca quatro grandes eixos de ação: crédito, fomento e incentivos fiscais; infraestrutura e energia; educação e capacitação; e inovação nas empresas. O texto também elenca algumas metas que permitem a mensuração de seu cumprimento.

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