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Governo estadual

Sucessão no PR começa em meio a rusgas

Aliados do governador eleito, Beto Richa, contestam o envio de projetos pelo atual comandante do estado, Orlando Pessuti, que poderiam onerar o orçamento de 2011

Palácio Iguaçu: o governador eleito deve tomar posse na restaurada sede do governo paranaense | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Palácio Iguaçu: o governador eleito deve tomar posse na restaurada sede do governo paranaense (Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo)

O processo de transição do governo de Orlando Pessuti (PMDB) para o de Beto Richa (PSDB) começa hoje, com uma reunião entre a equipe que deixa o comando do estado com a que assume o Palácio Iguaçu a partir de 1.° de janeiro de 2011. Só que o clima de cortesia, presente no primeiro encontro após a eleição, no dia 13 de outubro, poderá não se manter até o final do processo. Richa e aliados têm demonstrado descontentamento com medidas propostas pelo atual governo que poderiam impactar em custos adicionais na próxima gestão. Já Pessuti, que nega divergências com o tucano e culpa algumas "pessoas" e "assessores" pela polêmica, afirma que seu governo é como uma partida de futebol: termina só quando acaba o tempo.

As diferenças entre as partes têm se refletido na Assembleia Legislativa. Deputados aliados a Richa foram orientados para não aprovarem propostas que comprometam o orçamento do próximo governo. O futuro líder do tucano na Assembleia, deputado estadual Ademar Traiano (PSDB), disse ontem não ver "razão para aprovar agora no afogadilho mensagens que há tempos poderiam ter tramitado". "Existem mensagens inúmeras pendentes que vamos tratar de segurar para que não tramitem", disse.

Para Beto Richa, "é fácil anunciar alguma coisa agora e deixar a conta para ser paga no ano que vem". A afirmação foi feita na última quinta-feira, em Umuarama, Noroeste do estado. Na ocasião, ele criticou ainda a elevação da Companhia de Polícia de Choque da PM a Batalhão de Operações Especiais (Bope) e a criação do Grupamento de Resgate Aéreo (Graer) feitas pelo atual governo. "Eles tiveram oito anos para melhorar o Paraná e estão tentando fazer alguma coisa a dois meses de acabar o mandato", afirmou. O tucano também reclamou da demora do atual governo em liberar o acesso da equipe de transição aos dados gerais do estado.

O advogado Ivan Bonilha, que integra a equipe de transição tucana, disse que "o sucesso da transição depende muito mais de quem fornece informações do que quem as recebe", disse. Para Bonilha, nada mais ponderado que, no mínimo, consultar o futuro governo sobre novas decisões. Segundo ele, a reunião de hoje irá definir o método de trabalho das equipes de transição e a equipe tucana espera ter um diagnóstico do estado até o próximo dia 15.

Pessuti afirmou ontem que não recebeu de Richa nenhuma manifestação de descontentamento e classificou o processo de transição com o futuro governador como "tudo muito tranquilo, uma paz total". O governador disse que as divergências são fruto da vontade de algumas pessoas e setores de intrigar o futuro governo com o atual. Para Pessuti, alguns assessores estão se preocupando antecipadamente com coisas que não tinham que se preocupar.

Segundo o chefe do Executivo, o objetivo da transição é facilitar as coisas para o futuro governador. O que Pessuti não permitirá, no entanto, é que o governador eleito e seus assessores ditem o que deve fazer. "A exemplo de partida de futebol, o governo só acaba quando termina o tempo. Muitas coisas no jogo de futebol são feitas aos 44 minutos e 59 segundos."

O governador afirmou que irá trabalhar para honrar compromissos assumidos. Disse ainda que tem tido cuidado em suas decisões e pensado sobre ações que podem impactar no futuro governo. "As coisas para o ano que vem lógico que vamos conversar com a comissão de transição."

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