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O professor de Ciência Política e de Ética Roberto Romano, da Unicamp, avalia que o caso da quebra de sigilo pela Receita Federal deveria ser uma discussão de Estado e não eleitoral. "Isso [o caso] traz questões sérias sobre o Estado brasileiro. Representa uma queda de credibilidade em um órgão fundamental do Estado, que é a Re­­­ceita", afirma ele.

Segundo Romano, não há provas concretas de que o governo ou o PT estejam por trás da quebra de sigilo. Mas a atual administração federal estaria pecando por omissão. "Desde o caso do caseiro Fran­­cenildo [que teve dados de seu sigilo fiscal trazidos a público depois de ter feito denúncias contra o então ministro da Fazenda Antônio Palocci] a Receita deve explicações. Nesse caso atual, funcionários e o próprio secretário-geral da Receita já tinham de ter sido demitidos", diz.

Romano afirma ainda que a oposição ao governo Lula também erra ao escolher "o terreno eleitoral" para debater o tema. "Ao tentar cassar a candidatura da Dilma, o PSDB tenta dar um contragolpe de Estado, assim como o PT tenta dar um golpe ao permitir sigilo sobre investigação que deveria ser pública", afirma.

Outros cientistas políticos ouvidos pela Gazeta do Povo afirmam ainda que as denúncias não devem trazer mudanças significativas para o cenário eleitoral.

Continuidade de governo

Para o professor de Ciência Política Adriano Codato, da UFPR, os fatos descobertos são graves, mas não têm como mudar o processo eleitoral. "Cada eleição tem uma história e um tema dominante. Na atual eleição, o tema em debate é a continuidade de um governo que melhorou o padrão de vida e de consumo das massas populares. Os outros assuntos, principalmente diante da popularidade do Lula, acabam ficando eleitoralmente irrelevantes", diz ele.

O cientista político Ricardo Costa de Oliveira, também da UFPR, também diz que as denúncias que pairam sobre a Receita não terão influência na eleição e que nem deveriam ter. "Trata-se de um factoide eleitoreiro do PSDB. Essas informações são antigas e deveriam ter vindo à tona antes. Por que só agora?", questiona ele. Para Oliveira, o eleitor já está preparado a essa altura da eleição para uma chuva de dossiês e não se incomoda com isso.

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