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Roraima

R$ 1,8 milhão apreendidos

Folhapress

Voltadas para combater a compra de votos em Roraima, as sete apreensões do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Ministério Publico Federal e Polícia Federal nas eleições deste ano somaram R$ 1,8 milhão em dinheiro vivo nas mãos de políticos ou pessoas ligadas às campanhas eleitorais no estado.

Entre as ações, realizadas entre 9 de setembro e 1º de outubro, está a apreensão desta sexta-feira, quando a PF recuperou R$ 100 mil jogados da janela de um carro que saíra do escritório do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB).

"Sempre houve compra de votos em Roraima, só que não se tinha nenhuma condição de reprimi-la. Quando se conseguia apreender alguma coisa, não se conseguiu provar a ilicitude do dinheiro", disse à Folha de S. Paulo o presidente do TRE de Roraima, desembargador Ricardo Oliveira, 41.

"[Trata-se de] Dinheiro transportado de madrugada, sem documentação [e em] atitude suspeita que tem que ser investigada", completou o desembargador.

Para ele, que assumiu a presidência do TRE no ano passado, a compra de votos "é o grande mau do processo eleitoral brasileiro".

"Agora que nós conseguimos uma estrutura, os resultados estão aparecendo. O eleitor não quer eleições com caixa dois, mensalão. Isso macula a democracia, altera do resultado da eleições", afirmou Oliveira. Segundo ele, as apreensões foram possíveis neste ano graças ao aumento do efetivo da PF no estado.

O Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRF-DF) liberou ontem, por 4 votos a 3, a candidatura da mulher de Joaquim Roriz, Weslian (PSC), ao governo do Distrito Federal. A maioria dos juízes que participaram do julgamento entendeu que a substituição dos nomes ocorreu dentro do prazo e descartaram que a candidatura de Weslian surgiu para burlar a lei, já que seu marido poderia ser barrado por se enquadrar na Lei da Ficha Limpa.O relator do caso, Luciano Vasconcellos, havia entendido que a troca dos nomes deveria ter ocorrido dez dias após a primeira decisão que barrou a candidatura de Joaquim Roriz, ainda em agosto. Com ele votaram os desembargadores Josaphá dos Santos e Mario Machado.

Os demais, porém, entenderam que esse prazo de dez dias começou a contar no momento em que o ex-candidato renunciou à pretensão.

Votaram assim Hilton Queiroz, Souza e Ávila, Evandro Pertence e o presidente do tribunal, Joaquo Mariosi.

Eles também afirmaram que a acusação de que a candidatura de Weslian é uma "laranja" do marido é um "exercício de futurologia". "Não vejo como um fato futuro e incerto pode afetar a candidatura", afirmou Ávila.

Sem recurso

Ao final do julgamento, o procurador Renato Brill disse que não irá recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral. Ele afirmou que o eleitor do Distrito Federal merece votar com segurança, mas criticou a decisão do TRE-DF.

"O tribunal fecha fecha os olhos para questões que não são adivinhatórias. Precisaria que ele [Roriz] escrevesse que a candidatura é laranja na renúncia para que o tribunal tivesse certeza", afirmou. "Se a vida está conturbada no DF é justamente por conta dos partidos e de seus candidatos e condutas antiéticas e imorais praticadas", concluiu.

Weslian entrou no lugar de Joaquim Roriz após um impasse no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a Lei do Ficha Limpa.

Roriz,que já foi governador do Distrito Federal por quatro vezes, foi considerado "ficha suja" tanto pelo TRE-DF como pelo TSE. Ele renunciou a um mandato como senador para não ser cassado, o que é vedado pela Lei da Ficha Limpa.

Ele então recorreu ao Supremo contra as decisões, onde verificou-se um empate em 5 a 5. O caso ficou em aberto porque, no momento, após a aposentadoria do ministro Eros Grau, não há um 11° ministro para desempatar.

Caso fosse eleito e depois perdesse a disputa na Justiça, Roriz perderia o mandato. Por conta dessa incerteza, Roriz desistiu de concorrer e colocou a mulher em seu lugar. Weslian ficou conhecida, nos últimos dias, por seu desempenho nos debates eleitorais. Sem qualquer experiência eleitoral anterior, a candidata virou motivo de chacotas na internet.

Roriz também enfrenta atualmente a acusação de ter tentado contratar o genro do ministro Carlos Ayres Britto, do STF, como seu advogado. Ele teria oferecido R$ 4,5 milhões ao advogado. A tentativa seria de tornar Ayres Britto impedido de votar em seu processo.

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