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Cidadania

Votar se aprende na escola

Experiências na escolha de lideranças ajudam estudantes e comunidade escolar a exercer a cidadania

Alunos realizam eleição na Cidade Mirim do Colégio Opet: campanha eleitoral, urna emprestada pelo TRE e responsabilidade dos eleitos | Divulgação / Opet
Alunos realizam eleição na Cidade Mirim do Colégio Opet: campanha eleitoral, urna emprestada pelo TRE e responsabilidade dos eleitos (Foto: Divulgação / Opet)

É na escola que desde pequenos eles fazem escolhas. Votam no representante de turma, elegem os representantes do grêmio estudantil e com o passar dos anos, podem até ajudar a escolher quem vai dirigir o local onde estudam. E as ações que envolvem o voto nem sempre estão restritas aos estudantes. Em alguns casos, principalmente nas escolas públicas, pais, professores e alunos se organizam para escolher até mesmo o diretor da escola.

Há escolhas que começam bem cedo. No Colégio Opet, em Curitiba, desde os pequeninos da educação infantil até os alunos da 4.ª série do ensino fundamental, elegem todos os anos os responsáveis em gerir a Cidade Mirim, que funciona dentro da escola. O espaço existe há 20 anos e conta com Prefeitura, Câmara de Vereadores, Fórum e outros espaços públicos onde os estudantes aprendem a exercer a cidadania.

A eleição tem campanha por parte dos candidatos na rádio da cidade e conta até com distribuição de "santinhos". Só não vale boca de urna. Na hora dos votos, o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) empresta urnas eletrônicas usadas nas eleições em Curitiba. Os eleitos são diplomados no próprio Tribunal.

De acordo com a gestora da educação e ensino fundamental do Colégio Opet, Sônia Sillas, é na escola que as pessoas aprendem a votar. "Aqui pode parecer brincadeira, mas os alunos se envolvem e participam de maneira consciente. E os menores contam com o auxílio dos pais e professores. Depois lá na frente eles estarão mais preparados para fazer suas escolhas", afirma.

A prefeita da Cidade Mirim, Marina Prata, 10 anos, tem consciência do peso do cargo que ocupa. Duas vezes por semana, no horário do recreio, vai ate à Prefeitura e toma decisões, auxiliada pela vice-prefeita, Natália Abe, 9 anos. Quando o expediente na Cidade Mirim não dá conta das demandas as duas despacham por telefone. Atualmente o esforço das duas está concentrado no aluguel de um pônei para a Festa Junina da cidade. "Foi uma das nossas propostas de campanha. Estamos tentando colocar em prática", diz a prefeita.

Ao redor da prefeita, os cidadãos dizem estar de olho em suas ações e prometem cobrar as propostas feitas durante a eleição. Para Guilherme Silva, 10 anos, que vota desde a educação infantil, a experiência é válida. "Aprendi a ser cidadão. Quando eu tiver que votar mesmo vou saber que é preciso prestar atenção nas propostas dos candidatos. Um candidato mal escolhido pode piorar as coisas ao invés de melhorar", afirma.

Voto é coisa séria

Mesmo em instituições onde não há uma minicidade, o voto é levado a sério. No Colégio Dom Bosco, os representantes de turma e do Conselho de Alunos, da 5.ª série ao 2.º ano do ensino mé­­­­dio, tomaram posse na quarta-feira da semana passada. De acordo com a orientadora pedagógica Francisca Fauw, o processo eleitoral simula uma eleição de verdade. Como o voto é secreto, cabines de votação são em­­prestadas pelo TRE. Além disso, os candidatos precisam montar seus currículos e propostas. "Os grandes líderes de nossa sociedade começaram na escola. Temos de abrir este espaço para que os jovens aprendam a exercer sua cidadania", diz.

No Colégio Bom Jesus Centro a escolha de representantes de turma ocorre da 4.ª a 7.ª série. O professor de empreendedorismo Deyverson Wichinewski foca o processo na questão da liderança. "Muitos querem ser candidatos. Salientamos a questão da responsabilidade e importância do voto", diz.

Públicas

Nas escolas municipais que oferecem ensino de 5.ª a 8.ª série há escolha para os representantes do Grêmio Estudantil. Na eleição da Escola Municipal Herley Mehl, as urnas eletrônicas também são emprestadas pelo TRE. De acordo com a vice-presidente do Grêmio, Welita Machado de Oliveira, 14 anos, no processo eleitoral houve até troca de informações com outras escolas. "A nossa responsabilidade é grande porque os estudantes cobram bastante", diz.

Em 898 das 2.100 escolas existentes na rede estadual de ensino há grêmio estudantil atuando. De acordo com a coordenadora de gestão escolar da Secretaria de Estado da Edu­cação, Elisane Fank, as escolas vivem um momento de retomada dos grêmios estudantis. "O grêmio não é uma concessão por parte do diretor, mas um direito por parte dos estudantes. Os próprios estudantes devem exigir a formação desta instituição", afirma.

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Interatividade

O exercício do voto nas escolas cria cidadãos mais conscientes e participativos?

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