• Carregando...
Beto Richa caminha nas ruas durante a campanha de 2004, acompa­nhado de seu candidato a vice, Luciano Ducci (à direita), hoje prefeito de Curitiba | Jorge Woll/ Arquivo/ Gazeta do Povo
Beto Richa caminha nas ruas durante a campanha de 2004, acompa­nhado de seu candidato a vice, Luciano Ducci (à direita), hoje prefeito de Curitiba| Foto: Jorge Woll/ Arquivo/ Gazeta do Povo
 |

Cronologia

Confira alguns fatos que ocorreram durante a campanha de 2004:

1º de agosto – O colunista Elio Gaspari destacava um novo nome da política americana, que em novembro seria eleito senador: Barack Obama.

5 de agosto

Reportagem da Gazeta sobre a morte do fotógrafo Cartier-Bresson: "A morte fecha os olhos mais abertos do século 20" (foto).

13 de agosto – Os gregos vão à desforra com a abertura da Olimpíada. Em um evento luxuoso, astro de tevê da Grécia mostra uma gravação de três anos antes, com um morador local dizendo que o país nunca ficaria pronto para os Jogos.

28 de agosto – Começa a reforma do prédio do antigo fórum no Centro Cívico, abandonado por 11 anos, para abrigar secretarias estaduais.

1.º de setembro – O PIB do Brasil cresce 4,2% no primeiro semestre, acima do previsto e o maior desde 2000.

4 de setembro – Terror na Rússia. Três dias após terroristas tchetchenos e árabes submeterem mil pessoas como reféns em uma escola em Beslan, cerca de 330, a maioria crianças, são mortas.

14 de setembro – Lançado o Programa Universi­­dade para Todos (ProUni).

6 de outubro

Chega ao Brasil Kill Bill v.2, a segunda parte do filme de Quentin Tarantino. Além de Uma Thurmann (foto), outras belas mulheres estrelavam produções em cartaz: Cherlize Theron em Monster, Halle Berry em Mulher Gato e Camila Morgado em Olga.

4 de novembro – Mais quatro anos para o republicano George W. Bush. Contrariando várias pesquisas, ele bateu o democrata John Kerry por 51% a 48% e se reelegeu presidente dos EUA.

  • Charge publicada durante a campanha de 2004 pela Gazeta do Povo mostrava os principais candidatos (Mauro Moraes, Osmar Bertoldi, Rubens Bueno, Beto Richa e Angelo Vanhoni) dentro de um ônibus: redução da tarifa foi o principal assunto daquela eleição
  • Angelo Vanhoni (PT) tinha o apoio do governo estadual e federal. Na Rua XV, ele faz campanha ao lado de Roberto Requião e José Dirceu
  • Beto Richa (PSDB) não tinha o apoio do prefeito à época, Cassio Taniguchi, mas a maioria na Câmara Municipal o apoiava. Na foto ele aparece ao lado de João Cláudio Derosso, então presidente da Casa, Luciano Ducci, candidato a vice-prefeito, e Michele Caputo Neto, e Mario Celso
  • Osmar Bertoldi (PFL) era o candidato de Taniguchi, mas ficou apenas em quarto lugar. Na foto ele mostra caricatura feita no calçadão da Rua XV
  • Rubens Bueno concorreu pelo PPS e ficou em terceiro lugar, com 188,3 mil votos
  • Mauro Moraes, na época pelo PL, faz campanha no calçadão da Rua XV. Ele fez 44,4 mil votos e apoiou Vanhoni no segundo turno
  • Melo Viana concorreu pelo PV e conquistou 13,1 mil votos
  • Vera Helena Teixeira era a única candidata mulher entre os 12 postulantes. Ela representou o PRTB e fez 3,7 mil votos
  • Leopoldo Campos, do PSDC, fez 3,3 mil votos
  • Gilberto Félix, pelo PSTU, se apresentava como
  • Jorge Luiz de Paula Martins, que fez 925 votos, concorreu pelo PRP
  • Achiles Batista (PTC), ficou em último lugar na disputa, com 644 votos. Outro candidato foi Pedro Manoel dos Santos Neto (PMN), com 2,4 mil votos
  • Em comício de Beto Richa, Luciano Ducci discursa, observado por Jaime Lerner e outros
  • Requião discura em comício de Vanhoni
  • Charge do cartunista Paixão anuncia debate com os candidatos no dia 29 de setembro
  • Imagem de debate realizada pela TV Paranaense, hoje RPC TV, no qual participaram oito candidatos
  • O apoio de Rubens Bueno foi disputado por Richa e Vanhoni no segundo turno, mas ele ficou neutro. Na foto, ele faz carreata ao lado de Ratinho Jr., que estava no PPS
  • Richa: ganhando todas, ao contrário do PSDB.

Curitiba teve 12 candidatos a prefeito em 2004, um recorde. Muitos partidos queriam aproveitar o momento delicado pelo qual o prefeito à época, Cassio Taniguchi (PFL), vinha atravessando. Ele padecia do mal que é o inimigo número 1 dos políticos: a impopularidade. O desgaste era tão grande que até o vice-prefeito rompeu com Taniguchi. Beto Richa (PSDB), que havia sido escolhido como fiel escudeiro em 2000, resolveu concorrer sem o apoio do PFL e assumiu uma postura de oposição – da qual muitos concorrentes e até eleitores duvidaram na época. Mas, com o trunfo da redução da tarifa de ônibus, Richa conseguiu vencer a máquina estadual e federal e venceu a disputa de 2004.

VÍDEO: Coordenador da pós-graduação em Gestão Urbana da PUCPR, Fábio Duarte, destaca a importância do transporte público na campanha eleitoral.

FOTOS: Veja imagens da campanha de 2004

A estratégia eleitoral de Richa tomou forma no fim de janeiro daquele ano. Taniguchi autorizou um rea­­juste na passagem de ônibus e viajou ao exterior. A tarifa passou de R$ 1,65 para R$ 1,90 em um domingo. O vice-prefeito assumiu e cancelou o aumento na terça-feira. Taniguchi voltou e teve de enfrentar o imbróglio. A Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), vinculada ao governo estadual, na época comandada por Roberto Requião (PMDB), também era contra o reajuste, e requisitou as planilhas de cálculo da tarifa.

No início de março, sem resposta da Comec, Taniguchi suspendeu a integração do transporte com as demais cidades da região metropolitana e elevou a passagem para R$ 1,70 na capital. Em 9 de abril, a jogada de Richa e a pressão da Comec naufragaram. A integração voltou a valer, e todas as tarifas passaram a ser de R$ 1,90.

Mas a pauta da eleição já estava definida: reduzir o preço da passagem. Essa era a grande carta na manga de Richa, que precisava de uma estratégia forte para o combate com Angelo Vanhoni (PT), favorito nas pesquisas. O petista havia conquistado um forte capital eleitoral em 2000, quando perdeu de Taniguchi por apenas 26,5 mil votos no segundo turno, uma diferença de 3%. Além disso, o petista contava com o apoio de Requião e do presidente Lula.

Vanhoni inicialmente poupou Richa de críticas. A vantagem de Richa no primeiro turno – 329,4 mil votos contra 292,9 mil do petista – exigiu mudança de rumos. No segundo turno, Vanhoni passou a criticar de forma mais incisiva o oponente pelos problemas que afligiam a cidade, e tentou vinculá-lo ao que considerava a indústria da multa na cidade.

Mas as maiores ressalvas contra o tucano foram feitas por Taniguchi, alvo de críticas crescentes. Em 4 de outubro, Richa declarou que havia saído da administração municipal por "divergências ideológicas, administrativas e políticas" com Taniguchi. "A reconciliação é impossível", sentenciou Richa a respeito do atual secretário estadual de Planejamento. Em 19 de outubro, o tucano declarou que os desentendimentos teriam iniciado ainda em 2000, e que o "rompimento" total teria ocorrido em janeiro, com o episódio das tarifas de ônibus.

Taniguchi respondeu em um artigo na Gazeta do Povo: "Depois do alegado ‘rompimento’, Beto Richa compareceu como pré-candidato e inclusive discursou como vice-prefeito em audiências públicas de prestação de contas". O prefeito também destacou que Richa havia assumido a prefeitura por um total de 75 dias, e se não fez mais pela cidade foi por "falta de iniciativa", e não por "falta de oportunidade".

Mas o que não faltou a Richa foi o senso de oportunidade eleitoral. Ao se colocar como oposição mas sem inovar muito, conquistou o voto dos curitibanos, conservadores por natureza, e pavimentou sua carreira. No segundo turno, Richa venceu Vanhoni com 494,4 mil votos (54,78%) contra 408,1 mil (45,22%).

As idas e vindas dos personagensde 2004

Angelo Vanhoni (PT) concorreu à prefeitura de Curitiba em 2004 com o apoio do PMDB, que indicou o vice, Nizan Pereira. A coligação, abençoada pelo então governador Roberto Requião, foi a gota d’água para o então deputado federal Gustavo Fruet. Ele queria ser o candidato peemedebista. Mas, sem espaço no partido, saiu da legenda e decidiu apoiar Beto Richa (PSDB) para a prefeitura. Hoje Fruet está no PDT, será candidato a prefeito com o apoio do PT de Vanhoni e disputará a eleição contra o prefeito Luciano Ducci (PSB), apoiado por Richa.

No segundo turno de 2004, Richa e Vanhoni buscaram o apoio dos demais candidatos. Rubens Bueno (PPS), que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, com 188,3 mil votos, era o mais cobiçado. Mas preferiu ficar neutro. Bueno hoje também é alvo do desejo. Ducci o quer como vice. Mas, por enquanto, ele não disse nem que sim nem que não.

Outro cotado atualmente para ser vice de Ducci é Osmar Bertoldi (DEM). Em 2004, então no PFL, Bertoldi era o candidato apoiado pelo prefeito Cassio Taniguchi. Fez 58,5 mil votos e não declarou apoio a Richa no segundo turno.

Já Mauro Moraes, que em 2004 estava no PL do vice-presidente José Alencar, foi para o lado de Vanhoni no segundo turno, tentando agregar à campanha do petista seus 44,4 mil votos conquistados na primeira etapa da eleição. Hoje Moraes é filiado ao PSDB de Richa.

Memória das Eleições

(function(d, s, id) { var js, fjs = d.getElementsByTagName(s)[0]; if (d.getElementById(id)) {return;} js = d.createElement(s); js.id = id; js.src = "//connect.facebook.net/pt_BR/all.js#appId=254792324559375&xfbml=1"; fjs.parentNode.insertBefore(js, fjs); }(document, 'script', 'facebook-jssdk'));

Memória das eleições curitibanas | 3:46

O coordenador da Pós-Graduação em Gestão Urbana da PUCPR, Fábio Duarte, destaca a importância do transporte público na campanha eleitoral e fala sobre a necessidade dos candidatos incluírem em seus planos de governo outros modais, como a bicicleta.

No último domingo de cada mês, até julho, a Gazeta do Povo publicará uma página mensal relembrando cada uma das eleições para prefeito ocorridas a partir de 1985. O site do jornal trará ainda depoimentos de pessoas que tiveram alguma participação nessa história.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]