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Sinalização

Não há placas no terminal gigante

Se fosse possível juntar todas as pessoas que passam diariamente pelo Terminal Pinheirinho, teríamos o 11º maior município do Paraná. São cerca de 130 mil pessoas que passam diariamente pelo local, que é o maior terminal de Curitiba. Por ali passam 29 linhas alimentadoras, quatro linhas expressas, duas de ligeirinho, duas de interbairros, duas metropolitanas e dois madrugueiros.

Tão grande e faltam placas explicativas. Não há nenhuma indicação nas passagens subterrâneas. Quem não conhece o terminal, precisa subir e descer as escadas várias vezes para achar o ponto do ônibus que procura. "Quem passa por aqui, do lado oposto de onde ficam as lojas, nem tem ideia de tudo que é ofertado. É uma questão de utilidade pública. Eu vejo que muita gente fica perdida, perguntando informações, mas não é todo mundo que sabe ajudar", diz Edna Endo, que trabalha numa das lojas do terminal há 12 anos.

Os congestionamentos em Curitiba se tornaram muito comuns na última década, mas o empresário Luiz Carlos Cavichiolo, 50 anos, não imaginava que teria que enfrentar esse tipo de problema na rua onde mora, na Estrada Delegado Bruno de Almeida, no Campo de Santana. "Eu nasci aqui, me criei aqui. Antigamente, quando passava um carro, sabia direitinho de quem era. Nunca imaginei que teria esse trânsito que existe hoje."

O Campo de Santana teve a maior explosão populacional de Curitiba na década passada – um crescimento de 263%, concentrado nos últimos anos. Consequência dos programas habitacionais do poder público, que encontram na Região Sul de Curitiba os últimos terrenos disponíveis na cidade. A população passou de 7,3 mil para 26,6 mil, e nos próximos dois anos já saltará para pelo menos 34 mil, por conta dos novos lotes que serão entregues. Isso sem contar os empreendimentos privados.

O boom é tão impressio­­nante que o Campo de Santana e os vizinhos Caximba e Tatuquara serão desmembrados em breve da Regional Pinheirinho, formando a décima administração regional de Curitiba, do Tatuquara. Junto com ela será inaugurado um novo terminal de ônibus.

Como proprietário de uma loja de materiais de construção, Cavichiolo fica satisfeito com o crescimento. Mas, como morador nativo, se preocupa com o impacto desse inchaço na qualidade de vida. "Essa regional e o terminal já estão muito atrasados. Claro que todos os bairros puxam a sardinha para seu lado, mas precisamos de mais atenção. Como trazem toda essa gente para cá sem pensar primeiro na estrutura? Em creches, escolas, posto de saúde?", observa.

A filha pequena de Mar­­celo Adriano Pedroso, 32 anos, é uma das afetadas pela falta de planejamento do poder público. De olho no futuro crescimento da região Sul de Curitiba, ele abriu uma loja de informática no Campo de Santana há sete meses. "É melhor crescer junto, desde o começo. Decidi morar e trabalhar aqui." Infelizmente, a filha de 4 anos está sem creche. "Morávamos no Xaxim, e ela tinha vaga. Aqui estamos na fila, mas não há previsão nenhuma. A gente paga babá, mas é muito triste. Criança em casa não aprende nada", lamenta Pedroso.

Os dois empresários também sofrem com os acessos viários para o bairro. Quando precisa buscar alguma peça eletrônica em Curitiba, Pedroso tem prejuízo. "Ou eu perco horas no trânsito ou gasto os olhos da cara com motoboy." Segundo Cavichiolo, foram feitas obras viárias recentemente, mas insuficientes. "Às vezes, é melhor pegar a Linha Verde, com as obras de duplicação da BR-116 e ficar engarrafado por duas horas, do que tentar se locomover aqui por dentro", afirma ele, que também é presidente da associação de moradores do bairro.

Saúde

A população do Tatuquara cresceu 45% em uma década. Lá também há pedidos por mais serviços públicos, como unidades de saúde. "Fiquei um ano esperando por uma endoscopia e agora tenho que comprar uns remédios. Se não tivesse que gastar com isso, até que daria para viver bem apenas com a aposentadoria", conta Dirce Fungari dos Santos, 67 anos. E isso que ela complementa a renda mensal com a venda de verduras e legumes cultivados na Horta Comunitária do Tatuquara, embaixo das linhas de transmissão.

Antonio Manoel Moreira, 53 anos, também engorda a aposentadoria vendendo hortaliças. Mas ele faz da atividade na horta seu ritual de saúde diário. "É a melhor fisioterapia que existe. Melhorei da diabetes fazendo exercício, a gente chega aqui, conversa com o pessoal no fim da tarde. A horta foi a melhor coisa que já fizeram."

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