Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
crise interna

Com chapa rachada, Marina é oficializada como candidata

PSB formaliza a troca de Eduardo Campos na disputa presidencial. Mas o PSL anuncia a saída da aliança por causa das ideias “nebulosas” da nova concorrente

Marina e o seu vice (de mãos dadas), o deputado Beto Albuquerque: discurso de unidade, mas crise interna na aliança | Sérgio Lima/Folhapress
Marina e o seu vice (de mãos dadas), o deputado Beto Albuquerque: discurso de unidade, mas crise interna na aliança (Foto: Sérgio Lima/Folhapress)
Richa: palanque do tucano não contará com Marina |

1 de 1

Richa: palanque do tucano não contará com Marina

No dia em que o PSB lançou oficialmente Marina Silva como candidata à Presidência, a coligação formada por seis partidos rachou. O PSL anunciou ontem que vai deixar a aliança por discordar das ideias "nebulosas" da nova candidata. Outras duas siglas da chapa – PHS e PRP – também estariam insatisfeitas.

A oficialização do nome de Marina e do deputado federal Beto Abuquerque (PSB-RS) como vice estava inicialmente prevista para a tarde. Mas só ocorreu à noite porque integrantes da sigla passaram o dia em negociações. Ficou acertado que a candidata não precisará subir em palanques "desconfortáveis" , como no do governador paranaense, Beto Richa (PSDB), aliado do PSB no estado (leia mais abaixo). Mas Marina teve de se comprometer a manter os compromissos assumidos anteriormente por Eduardo Campos, numa forma de vencer as resistências ao seu nome.

"Há aqui o sentido do peso dessa responsabilidade, há o compromisso com os compromissos construídos ombro a ombro nas madrugadas ao lado de Eduardo", disse ontem Marina durante o ato de oficialização de sua candidatura, em Brasília. Marina afirmou, ao receber uma carta inventário do PSB, que entre as responsabilidade assumidas por ela está a de "ajudar o partido a se reerguer" da perda de Campos, morto na semana passada em um acidente aéreo. "A carta me diz o sentido do que é a história desse partido e agora temos a obrigação de o reerguer da fatalidade que se abateu. Recebo essa carta como pedido de acolhimento [no partido]", disse.

Cheque em branco

Apesar do discurso de unidade que marcou o ato de oficialização da candidatura, o dia foi marcado por manifestações de insatisfação de aliados com Marina e com a forma como as negociações para escolher a nova chapa foram conduzidas pelo PSB (a coligação ainda é composta por PPS, PHS , PRP, PPL e PSL).

O presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, afirmou que a sigla está "desconfortável" com Marina. "A gente não foi ouvido em nada [na escolha]", declarou. "Acho muito difícil a gente seguir junto com o PSB com a Marina à frente." Segundo ele, a aposta em Marina é um "cheque em branco" e ela tem ideias "nebulosas". "Você vai dar um cheque em branco para uma candidata que a gente não sabe se vai honrar esse Código Florestal que foi aprovado, não sabe a política exterior? Tudo isso está nebuloso. A Marina não está dizendo a que ela veio." Segundo Bivar, com Eduardo Campos houve diálogo prévio acerca desses assuntos.

O presidente do PHS, Eduardo Machado, também confirmou que o partido não foi consultado pelo PSB sobre a nova formação da chapa. Mas Machado negou qualquer oposição a Marina, embora tenha considerado "deselegante" a negociação não ter envolvido todos os aliados. Outro partido que estaria insatisfeito é o PRP. Mas a reportagem não conseguiu contactar representantes da sigla para comentar o assunto.

Beto perde palanque duplo no Paraná

José Marcos Lopes e Rogerio Waldrigues Galindo

A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, não vai apoiar as campanhas à reeleição dos governadores tucanos do Paraná, Beto Richa, e de São Paulo, Geraldo Alckmin. Marina já era contrária às alianças regionais com o PSDB quando aceitou ser vice de Eduardo Campos, em abril. A ideia agora é que ela faça campanha autônoma, descasada dos dois tucanos e transfira aos dirigentes regionais do PSB a agenda conjunta. Tanto no Paraná quanto em São Paulo o PSB está coligado com o PSDB.

Apesar disso, a coligação que apoia a reeleição de Richa ainda não desistiu de ter Marina no palanque. Coordenador da campanha de Richa, o deputado federal Eduardo Sciarra (PSD) disse ontem que Marina seria "bem-vinda". Ontem, ele ainda confiava em uma mudança no quadro. "Não recebemos nenhuma comunicação oficial [sobre o posicionamento de Marina]", disse o deputado.

Outra possibilidade é Marina se aproximar do candidato do PMDB ao governo do Paraná, Roberto Requião. O senador e a candidata a vice na chapa, a deputada federal Rosane Ferreira (PV), são próximas da ex-ministra. Rosane estava ontem em Brasília e disse que deverá conversar hoje com Requião e com as lideranças do PV no estado. "É uma situação diferente, na qual a gente não tinha pensado", comentou a deputada. Ela avalia que será difícil para os tucanos paranaenses atraírem Marina para a campanha de Richa.

Rosane declarou apoio à candidata do PSB, apesar de o PV ter um candidato próprio à Presidência, Eduardo Jorge. "Não tem como não apoiá-la. Vou fazer o que eu puder para garantir que ela fale para o maior número possível de pessoas", disse.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.