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| Foto: Paulo Whitaker/AFP

Dilma Rousseff (PT) venceu a eleição presidencial mais difícil e inesperada desde a redemocratização. O pleito foi temperado com tragédia e reviravolta: a morte de Eduardo Campos (PSB) em um acidente aéreo, a comoção e o tsunami eleitoral pró- Marina Silva (PSB), a virada de Aécio Neves (PSDB), e, por fim, a recuperação da petista na última semana antes da votação. Com a vitória, Dilma é a terceira presidente reeleita democraticamente no Brasil. Com ela, o PT ruma para seu quarto mandato consecutivo. Ao fim de 2018, a sigla terá governado o Brasil por 16 anos, período de continuidade sem igual na nossa história política e pouco comum nas democracias consolidadas – nos Estados Unidos, por exemplo, o mesmo partido não consegue emplacar três mandatos consecutivos desde 1909. Conheça um pouco mais da vida e da trajetória de Dilma.

Infância

Dilma nasceu em um lar de classe média de Belo Horizonte, em 1947. Filha do meio de um imigrante búlgaro e uma professora carioca, teve uma infância tranquila, próxima a mãe e aos dois irmãos. Começou o ensino fundamental no Colégio Sion, uma das instituições mais tradicionais da cidade, só para meninas. Dilma conheceu a pobreza por intermédio de ações comunitárias promovidas pelo Sion.

Militante

Da escola de formação católica, Dilma seguiu para o Colégio Estadual Central, onde o debate político fervilhava. O ingresso em organizações clandestinas de esquerda veio na sequência. Dilma militou na Colina e na Val-Palmares. Usou os codinomes de Wanda, Lúcia e Maria. Dividia-se entre células do movimento, trabalhava com jornais revolucionários e esteve envolvida no planejamento do assalto ao cofre do ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros. Segundo relatos, Dilma não atuou nas ações armadas do grupo.

Tortura

Em 16 de janeiro de 1970, quando morava em São Paulo, Dilma foi presa em um bar na Rua Augusta, que servia de ponto de encontro da guerrilha. Entre janeiro e fevereiro de 1970, Dilma foi torturada por 22 dias seguidos, na sede da Operação Bandeirante. Foi submetida a choques, pau de arara e maus-tratos morais e psíquicos. A denúncia contra Dilma foi feita à Justiça Militar, em Juiz de Fora, em maio daquele ano. Dilma foi condenada e deixou a cadeia em 1973.

Política

Foi na clandestinidade que a militante conheceu o advogado gaúcho Carlos de Araújo, que viria a ser seu marido e pai da única filha de Dilma. Junto com o marido, que também havia deixado a cadeia, Dilma mudou-se para Porto Alegre. Lá, retomou os estudos universitários e ingressou no serviço público. A participação na política partidária deu-se por meio do PDT, de Leonel Brizola. Pelo partido, Dilma foi secretária de Minas e Energia no governo Alceu Collares (PDT). Repetiu a dose com Olívio Dutra, já filiada ao PT.

Em Brasília

Dilma desembarcou em Brasília para compor a equipe de transição de Lula, chefiada por Antônio Palocci, em 2002. A experiência como secretária e o desempenho na equipe levaram Lula a nomeá-la ao Ministério de Minas e Energia. Cercado de quadros políticos, Lula gostou do perfil gerencial e apostou em Dilma para substituir José Dirceu, que deixava a Casa Civil após denúncias do mensalão. Com a queda de figurões do petismo, foi a escolhida de Lula para disputar a Presidência em 2010. Deu certo.

Presidência

O mandato de Dilma pode ser divido em dois. Na primeira metade, demitiu ministros acusados de corrupção e viu sua aprovação bater nos 73%. É a partir da saída de Palocci, que deixou o governo após uma reportagem mostrar o aumento de seu patrimônio, que Dilma inicia sua segunda fase no governo. Sem Palocci, sua visão "desenvolvimentista" da política econômica passa a ser dominante, sem contestação. Mas o temperamento difícil e o estilo restrito de Dilma passam a incomodar aliados. Nas crises, era Lula que entrava em cena para aparar as arestas. Agora, resta saber como se comportará a dupla em um segundo mandato de Dilma. Os próximos quatro anos dirão.

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