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Dilma busca reconquistar o apoio do empresariado | Ichiro Guerra / Dilma 13
Dilma busca reconquistar o apoio do empresariado| Foto: Ichiro Guerra / Dilma 13

Recusa

A presidente Dilma Rousseff não participou da série de entrevistas do "Jornal da Globo", na terça-feira. Com a recusa, a direção do telejornal revelou as perguntas que seriam realizadas à candidata:

1. Os últimos índices oficiais de crescimento indicam que o país entrou em recessão técnica. A senhora ainda insiste em culpar a crise internacional, mesmo diante do fato de que muitos países comparáveis ao nosso estão crescendo mais?

2. A senhora continuará a represar os preços da gasolina e do diesel artificialmente para segurar a inflação, com prejuízo para a Petrobras?

3. A forma como é feita a contabilidade dos gastos públicos no Brasil, no seu governo, tem sido criticada por economistas, dentro e fora do país, e apontada como fator de quebra de confiança. Como a senhora responde a isso?

4. A senhora prometeu investir R$ 34 bilhões em saneamento básico e abastecimento de água até o fim do mandato. No fim do ano passado, tinha investido menos da metade, segundo o Ministério das Cidades. O que deu errado?

5. Em 2002, o então candidato Lula prometeu erradicar o analfabetismo, mas não conseguiu. Em 2010, foi a vez da senhora, em campanha, fazer a mesma promessa. Mas foi durante o seu mandato que o índice aumentou pela primeira vez, depois de 15 anos. Por quê?

6. A senhora considera correto dar dentes postiços para uma cidadã pobre, um pouco antes de ser feita com ela uma gravação do seu programa eleitoral de televisão?

Em discurso ontem em Belo Horizonte, em Minas Gerais, a presidente Dilma Rousseff (PT) admitiu problemas na política industrial e no avanço da economia e disse que, se reeleita, irá mudar algumas ações e integrantes de sua equipe. "Obviamente, novo governo e, necessariamente, atualização das políticas e das equipes", disse a presidente, diante de representantes da indústria presentes na abertura da 8ª Olimpíada do Conhecimento 2014.

"É possível que alguns de vocês, na atual conjuntura, quando a incerteza do cenário internacional se mistura com o debate eleitoral, questionem a eficácia dessa nossa política (...) Eu gostaria que o Brasil estivesse crescendo num ritmo muito mais acelerado. Mas (...) imaginem o que aconteceria se nós não tivéssemos tomado essas medidas."

Antes da declaração, Dilma falou da necessidade de investimentos na educação para reduzir a desigualdade e ampliar a renda da população. Enalteceu ações federais, como os cursos do Pronatec e o que chamou de "política industrial", numa referência aos jovens formados nessas aulas profissionalizantes.

E, em tom de campanha eleitoral, admitiu que há muito o que fazer. "Eu não quero, aqui, dar a impressão de que eu acho que tudo foi feito. Eu não acredito nisso, acho, inclusive, que vivemos uma situação bastante complexa na indústria." Ela, entretanto, saiu em defesa das ações do governo na indústria, cuja produção cresceu 0,7% em julho, após cinco meses seguidos de queda, segundo dados do IBGE.

Sinal

A fala da presidente em Minas é a primeira sinalização de que faria mudanças em sua política de governo e em sua equipe num eventual segundo mandato, algo que o ex-presidente Lula vem aconselhando que ela faça desde o início do ano.

Na semana passada, interlocutores de Lula voltaram a defender que Dilma emitisse sinais de ajustes em políticas e equipes para um próximo mandato diante do novo cenário eleitoral e com o crescimento da campanha de Marina Silva (PSB).

Na visão de petistas ligados a Lula, esta sinalização seria fundamental para reconquistar o apoio do empresariado e, também, mostrar ao eleitorado que ela fará mudanças num eventual segundo mandato.

Críticas

Dilma Rousseff (PT) aproveitou para criticar a adversária Marina Silva (PSB), por "ignorar ou eliminar dois pontos importantes da política industrial": os critérios de conteúdo nacional e o crédito subsidiado dos bancos públicos. Para exemplificar a importância desta fonte de recursos, Dilma citou o agronegócio e o programa de habitação Minha Casa Minha Vida. "Nós damos subsídios. Não nos envergonhamos das políticas de subsídios. É absolutamente temerário, inacreditável, alguém que proponha a redução do papel dos bancos públicos." A candidata do PT disse que se forem implementadas as propostas feitas pelos adversários, os empregos dos brasileiros correm risco. E destacou novamente a necessidade de apontar a origem dos recursos para colocar em prática as medidas apresentadas.

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