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A campanha eleitoral que apontava para o fim de 20 anos de polarização entre PT e PSDB na disputa presidencial teve um desfecho completamente inverso. A petista Dilma Rousseff (com 41,59% dos votos válidos) e o tucano Aécio Neves (33,55%) protagonizaram ontem a segunda apuração de primeiro turno mais acirrada de todas as sete eleições desde a volta das diretas, em 1989. Marina Silva (PSB), que permaneceu por 40 dias como favorita para chegar ao segundo turno, ficou em terceiro lugar, com 21,32%.
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Com o resultado, Dilma e Aécio vão fazer o sexto confronto direto seguido entre PT e PSDB. No placar, são três vitórias para os petistas (2002, 2006 e 2010) e duas para os tucanos (1994 e 1998).
Ao mesmo tempo em que o desempenho de Marina ficou abaixo do que apontavam as pesquisas, o de Aécio superou todos os prognósticos. Beneficiada pela comoção em torno da tragédia aérea que vitimou Eduardo Campos, dia 13 de agosto, a candidata do PSB chegou a ficar em empate técnico com Dilma na primeira colocação em três sondagens seguidas do Datafolha (entre 28/8 e 9/9). Nesse período, a vantagem dela sobre Aécio Neves chegou a 20 pontos porcentuais (34% a 14%, em 19/8).
A "onda" que levou à virada de Aécio cresceu paulatinamente, a partir da primeira semana de setembro, e foi influenciada pelo bombardeio petista contra Marina. A campanha de Dilma explorou no horário eleitoral supostas incoerências no plano de governo de Marina, como a proposta de independência institucional do Banco Central.
Em nove pesquisas seguidas do Datafolha, Aécio só ficou na frente de Marina (24% a 22%) na última, divulgada na véspera da eleição. O cenário foi o mesmo detectado pelo Ibope em oito estudos subsequentes, o tucano também apareceu em segundo lugar apenas no último (24% a 21%). Na comparação com as previsões de ambos os institutos, Aécio superou nas urnas a projeção de votos válidos em oito pontos porcentuais.
O resultado dá ares de imprevisibilidade ao segundo turno. Apesar de ter confirmado a liderança, Dilma foi a vencedora de primeiro turno com a menor porcentagem de votos válidos desde Fernando Collor (então no PRN). Em 1989, Collor fez 28,5% contra 16,1% de Lula (PT).
Em 1994 e 1998, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) encerrou a disputa logo no primeiro turno, com 55,2% e 53,1%. Em 2002 e 2006, Lula por pouco não seguiu o mesmo caminho, com 46,4% e 48,6%. Em 2010, a própria Dilma conseguiu um desempenho melhor que o atual 46,9%.
Das sete últimas eleições presidenciais, apenas em 2006 a distância do primeiro para o segundo colocado foi mais apertada que a de 2014. Há oito anos, Lula ficou sete pontos porcentuais à frente de Geraldo Alckmin (PSDB) a vantagem subiu para 21. Ontem, Dilma abriu oito pontos porcentuais sobre Aécio.
Apesar da queda na reta final da campanha, Marina tende a ser decisiva no segundo turno. Proporcionalmente, Dilma precisa de quase metade dos votos da ex-senadora para conseguir a maioria (além de manter os que recebeu ontem). Já Aécio precisa dos votos de aproximadamente quatro a cada cinco marinistas.
Em 2010, quando fez 19,33% dos votos válidos e também ficou em terceiro lugar, Marina preferiu se manter neutra no segundo turno entre Dilma e José Serra (PSDB). Em 2014, a decisão dela permanece uma incógnita, apesar de o PSB estar mais próximo de uma aliança com os tucanos.
Pauta do 2.º turno terá escândalos de corrupção e falhas de governos
Jônatas Dias Lima, com Agência Estado
As campanhas de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) já se armam para o debate em torno de um tema que consideram inevitável no 2.º turno da disputa presidencial: a corrupção na política. O assunto tem sido pautado nesta eleição principalmente pelas suspeitas envolvendo negócios da Petrobras e a Operação Lava Jato da Polícia Federal.
A expectativa é de que as delações premiadas do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, personagens centrais do esquema, levem a novas diligências e revelações, mantendo o caso no noticiário. A campanha de Aécio conta justamente com vazamentos dos depoimentos para atingir a candidatura petista.
O PT tem certeza de que este e outros temas como a prisão da antiga cúpula do partido no mensalão e as suspeitas sobre um deputado acusado de envolvimento com o crime organizado em São Paulo serão explorados e já prepara o discurso para evitar que Dilma fique na defensiva logo no início do 2.º turno.



