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Godfrid Carlos Pachtmann (60), pesadelo com o excesso de lombadas e buracos nas estradas do Sudoeste | Brunno Covello / GAzeta do Povo
Godfrid Carlos Pachtmann (60), pesadelo com o excesso de lombadas e buracos nas estradas do Sudoeste| Foto: Brunno Covello / GAzeta do Povo

Expedição em dados

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Leite, um negócio em expansão

David Ambrósio modernizou e aumentou a produção de leite

Em quatro anos, o gaúcho David Natal Ambrósio aumentou de forma significativa a capacidade de compra e de investimento. O pequeno agricultor de Chopinzinho, de 69 anos, cresceu ancorado na produção de leite usado para fazer queijos. A parceria dele com uma agroindústria de Saudade do Iguaçu se consolidou desde 2010, quando foi mostrado na matéria da Expedição Paraná como um exemplo de que industrializar os produtos agrícolas da região era uma forma de aumentar a renda, ajudar a manter o pequeno agricultor no campo e melhorar o desenvolvimento econômico da região.

Na época, Ambrósio e dois filhos produziam 208 mil litros de leite por ano com cerca de 100 vacas em confinamento, 40 delas em lactação. Atualmente, o agricultor tem 124 animais, 56 em lactação, e entrega 400 mil litros por ano à agroindústria. A expansão foi feita com o lucro do leite. "O preço do leite se manteve e eu consegui fazer o que eu queria".

Ambrósio passou de 13 alqueires de terra para 50, dobrou o barracão de confinamento dos animais, de 20 para 40 metros. Comprou uma máquina para limpar o estábulo, serviço que era feito manualmente antes. Comprou dois tratores desde 2012, praticamente à vista. "Consegui dar um carro novo para cada filho. A gente vive sujo, cheirando à vaca, mas dá dinheiro."

A produção de leite já é o segundo produto agrícola em geração de riqueza no Sudoeste, de acordo com levantamento da Secretaria de Agricultura do Paraná com base em informações de 2012. Perde apenas para o abate de frango e está à frente da produção de soja, milho e ovos, outros importantes negócios. Apesar da bonança financeira, a maior alegria que o leite propicia para o gaúcho Ambrósio não se mede em reais. "Tenho quatro filhos. As meninas casaram e foram viver com os maridos. Os meus dois filhos homens estão morando até hoje aqui comigo. Isso é uma bênção."

Veja matéria da época aqui http://bitly.com/2010sudoeste.

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Dá-lhe Bolsa Família...

Brunno Covello / Gazeta do Povo

Trinta das 42 cidades que compõe a região tem índice de beneficiários do programa – um indicador de pobreza – acima da média do Paraná.

Leia Mais

  • Godfrid gasta 80 litros de combustível a mais por viagem devido as cerca de 40 lombadas entre Francisco Beltrão e Palmas
  • Buracos geram prejuízo ao caminhoneiro com a quebra mais frequente de molas e o desgaste maior dos pneus
  • Godfrid transporte produtos congelados de um frigorífico de Dois Vizinhos para os portos do Paraná e Santa Catarina
  • Godfrid Carlos Pachtmann na BR-280, perto de Palmas
  • BR-280, na região de Palmas
  • David Natal Ambrósio (69), agricultor em Chopinzinho
  • O agricultor David tem 124 animais, 56 deles em lactação
  • Progresso econômico com o leite. David comprou uma máquina para limpar o estábulo, serviço manual anteriormente
  • Vacas leiteiras em confinamento na cidade de Mangueirinha
  • Vacas leiteiras em confinamento na cidade de Mangueirinha
  • Vacas leiteiras em confinamento na cidade de Mangueirinha
  • Vacas leiteiras em confinamento na cidade de Mangueirinha
  • O cortador de lenha João Carlos Dias de Araújo (23) e a família Cândido em Mangueirinha. Da esquerda para direita: Aleandra Aparecida Cândido (27) e o filho, Cláudia de Fátima da Silva (30) e João Maria Cândido (48)
  • Aleandra não conseguiu o benefício do Bolsa-Família, apesar de preencher os requisitos para receber a complementação de renda
  • Aleandra e o filho no barraco da família na invasão à um terreno da prefeitura de Mangueirinha
  • Comida é preparada em fogo de chão e o banheiro do acampamento é um capão de mato. Nessas condições. Aleandra e o filho vivem junto com a família
  • Comida é preparada em fogo de chão e o banheiro do acampamento é um capão de mato. Nessas condições. Aleandra e o filho vivem junto com a família
  • Comida é preparada em fogo de chão e o banheiro do acampamento é um capão de mato. Nessas condições. Aleandra e o filho vivem junto com a família

O caminhoneiro Godfrid Carlos Pachtmann, de 60 anos, tem dois pesadelos: lombadas e buracos. E os dois existem em excesso no Sudoeste do Paraná. A PR-280, que liga a região a Curitiba e aos portos do Paraná e de Santa Catarina, é disparada a pior em conservação e problemas. "Há dez anos, eu fazia a viagem Beltrão/Trevo do Horizonte [cruzamento com a BR-153, depois de Palmas, uma distância de 193 quilômetros] em 2h30. Hoje levo 4 horas", resume o profissional, que carrega contêineres de um frigorífico em Dois Vizinhos para exportação. O Sudoeste teve um expressivo crescimento econômico nos últimos anos, mas a dificuldade de trânsito ameaça o futuro.

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As estradas ruins afastam investimentos porque aumentam os custos dos produtos da região. Godfrid explica: "É preciso parar o caminhão [para passar a lombada]. Vou de uma 12.ª marcha para uma 4.ª. Nesse esforço de arrancada, vai mais combustível. E tem umas 40 lombadas entre Beltrão e Palmas. Por que não colocar radar?". Segundo ele, o caminhão roda, em média, dois quilômetros a cada litro de diesel. No trecho da PR-280, o desempenho cai para 1,2 km/litro, uma diferença de até 80 litros por viagem, ou R$ 200 a mais de custo.

Se não bastasse, há também o gasto com o freio. "Uma lona que eu utilizaria em 70 mil quilômetros dura 35 mil." Já os buracos, além de insegurança com a possibilidade de acidentes e tombamentos, geram prejuízo com a quebra mais frequente de molas e o desgaste dos pneus, que tem a malha de ferro interna destruída pelos impactos. Como os custos aumentaram mais que o frete, o caminhoneiro tem dificuldade para manter em dia o financiamento dos oito caminhões que possui, único patrimônio construído em mais de 40 anos de estrada. "Eu nunca tirei férias. Dei faculdade para meus três filhos [um engenheiro e duas farmacêuticas] e tenho minha casa", diz. "Mas essa vida vale a pena se você gosta [da estrada]", acrescenta.

É por isso que a melhoria das estradas do Sudoeste, principalmente da PR-280 e da PR-182, que liga Beltrão à Cascavel, é vista como o principal desafio para manter o desenvolvimento econômico da região. "Estamos na segunda região produtora de frango do Paraná, com seis ou sete frigoríficos exportadores. Mas a infraestrutura é a mesma de 20 anos atrás", reclama Roberto Pecoits, coordenador da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) em Beltrão e proprietário de uma avícola (criação de aves). "Em 2013, tivemos o caso de um laticínio que deixou de vir para cá por causa da questão logística. Nos disseram que eles precisavam entregar rapidamente o produto e viram que aqui não conseguiriam", conta o presidente do Sindicato Rural de Beltrão, Leonardo Mazzon Garcia.

Sem PPP

O problema logístico é tão grave que as prefeituras e comerciantes do Sudoeste bancaram em 2011 um estudo sobre as estradas da região. A conclusão era a necessidade urgente de aumentar os pontos de ultrapassagem na PR-280, com construções de terceiras faixas ou a duplicação da rodovia. "Diversos são os trechos que necessitam investimentos imediatos, pois apresentam tráfego superior ao limite definido no estudo, que é de 3.500 a 4.500 veículos por dia", afirma um trecho do documento. Buracos e lombadas nem eram um problema grave à época.

O governo do Paraná chegou a estudar a possibilidade de fazer uma parceria público-privada (PPP) para duplicar a estrada, mas o projeto não avançou . "O custo do pedágio ficaria muito alto", informou a Secretaria de Infraestrutura e Logística. A Coptrans, uma cooperativa de caminhoneiros do Sudoeste, estava interessada em investir nas rodovias pelo sistema de PPPs e administrar o pedágio na região, mas não conseguiu negociar. "Entraríamos com dinheiro junto ao governo, mas eles não abriram [o negócio] para a gente. Isso é tipo uma caixa-preta", reclamou o vice-presidente da Coptrans, Albio Stüp.

Para o prefeito de Santo Antônio do Sudoeste e presidente da Associação dos Municípios do Sudoeste (Amsop), Ricardo Ortina, é primordial melhorar a logística da região. "Precisamos de um aeroporto regional e também de uma ferrovia que nos ligue aos portos", afirma.

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