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Aleandra Aparecida de Cândido, de 27 anos, com o filho: fora do Bolsa-Família porque “não tem cadastro para pedir uma casa” à prefeitura | Brunno Covello / Gazeta do Povo
Aleandra Aparecida de Cândido, de 27 anos, com o filho: fora do Bolsa-Família porque “não tem cadastro para pedir uma casa” à prefeitura| Foto: Brunno Covello / Gazeta do Povo
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Com buracos, sem desenvolvimento

Brunno Covello / Gazeta do Povo

Com irregularidade, falta de pontos de ultrapassagem e muito tráfego, PR-280, que corta o Sudoeste, dificulta a atração de investimentos para a região.

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A região Sudoeste tem a segunda maior proporção de beneficiados do Bolsa Família do Paraná, atrás apenas do Centro-Sul. Cerca de 30,3 mil pessoas complementam a renda com o programa devido à situação de pobreza. O número é equivalente a 6% da população de 518,9 mil pessoas enquanto a média do Paraná é de 4%. Ao todo, 30 das 42 cidades que compõem o Sudoeste possuem índice de beneficiários do Bolsa-Família acima da média estadual.

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Por outro lado, o Sudoeste é a sexta região em quantidade de pessoas empregadas com carteira assinada no estado, com o maior salto industrial na última década. O Valor Adicionado Bruto do setor, um indicador de geração de riqueza, passou de R$ 368,6 milhões em 2000 para R$ 1,9 bilhão em 2011, aumento de 420%. Isso fez com que o PIB per capita subisse 187% e a urbanização aumentasse 16%. O cenário, porém, mostra uma desigualdade muito grande entre as cidades da região. Assim, um dos desafios é levar oferta de emprego para municípios pequenos que estão fora do eixo de desenvolvimento.

João Maria Cândido, de 48 anos, é um exemplo dessa situação Ele mora em Mangueirinha e faz tempo que não tem um trabalho com registro em carteira. Vive da renda conseguida como diarista na construção civil ou em serrarias.

A situação da cidade se agravou com a forte chuva que caiu em junho em todo o Paraná. Uma enxurrada derrubou vários barracos no bairro Nova Esperança e pelo menos 116 pessoas de 33 famílias invadiram uma área da prefeitura e montaram barracas para viver. O grupo empresta água de uma empresa vizinha, a comida é preparada em fogueiras no chão e o capão de mato ali perto virou banheiro. "Não temos condição de comprar material para [reerguer] as casas", lamenta.

Nove pessoas dividem o teto de lona com João Maria. Além da esposa, moram ali duas filhas, dois genros e três netos. Cláudia de Fátima da Silva, 30 anos, sobrinha e moradora do acampamento improvisado, diz que o Bolsa Família ameniza a pouca renda que o marido consegue como servente de pedreiro. Já Aleandra Aparecida Cândido, de 27 anos, uma das filhas de João Maria, tem dois filhos e não conseguiu o benefício. "Eles dizem que se não tem cadastro para pedir uma casa [à prefeitura] não tem bolsa", diz ao tentar reproduzir a explicação que recebeu de assistentes sociais.

Mangueirinha é uma das cidades da região com o maior índice de beneficiários do Bolsa Família: 8%, o dobro da média do Paraná. A secretária de Assistência Social da cidade, Daniela Cristini Bertaluci Fritzen, diz que boa parte das famílias que dependem do programa de transferência de renda é formada por ex-funcionários de madeireiras. As empresas fecharam as portas nos últimos anos devido a restrições ambientais e à falta de matéria-prima. Com isso, a população que dependia economicamente do negócio foi para um dos sete assentamentos de sem-terra na cidade ou ajudaram a formar as três vilas que concentram a pobreza do município. Para ela, reverter a situação passa por criar emprego. "Aqui não tem mercado de trabalho para essas pessoas."

Todos os moradores do acampamento apontam a falta de emprego como o principal problema da região, mas querem urgência para conseguir uma casa. "Eram promessas de campanha. Diziam que trariam indústria para cá e nos tirariam dos barracos. Agora, nem os barracos temos mais", diz um dos acampados. "É preciso descentralizar o crescimento de Beltrão e Pato Branco", resume o pato-branquense Augusto João Schneider Filho, presidente da Associação Comercial da cidade.

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