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Bruno Monteiro na loja de materiais de construção em que trabalha: promessa de retomar os estudos em 2015 | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Bruno Monteiro na loja de materiais de construção em que trabalha: promessa de retomar os estudos em 2015| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

7,7% dos alunos abandonam os estudos antes de concluir o ensino médio. Em algumas cidades, como Floresta, o índice de evasão chega a 24,5% dos matriculados. No Paraná inteiro, a média é de 6,2%.

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Filhos pobres de um Norte rico

A região de Londrina e Maringá é a segunda com economia mais forte do Paraná. Mas as grandes cidades concentram emprego e oportunidades. E o dinheiro não circula nos municípios menores

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Aos 18 anos, Bruno da Silva Monteiro é um jovem sério. Trabalha desde os 14 anos e já trabalhou em oficina mecânica e pizzaria. Atualmente, é atendente de uma loja de materiais de construção em Floresta, cidade do Norte do Paraná. Porém, ele engrossou neste ano uma estatística negativa da região: o segundo maior porcentual de abandono do ensino médio no Paraná, de 7,7%, está no Norte. O índice do estado é de 6,2%. Ao todo, 41 cidades da região têm taxa de abandono escolar acima da média paranaense. Em Floresta, 24,5% dos matriculados não concluem os estudos.

Bruno largou as aulas do 2.º ano do ensino médio com a justificativa de que estava inviável conciliar o trabalho, durante o dia, com o colégio e as aulas para tirar a carteira de motorista durante à noite. Ele promete voltar a estudar em 2015. "Só foi por causa da autoescola. Ia sofrer para recuperar as aulas e as notas", afirma.

Os motivos são diferentes, mas as justificativas sempre estão relacionadas ao trabalho, segundo Lisandra Maria Lucena Zandonadi, diretora do Colégio Estadual Monteiro Lobato, de Floresta. "Deveria haver um incentivo fiscal para as empresas que dessem o primeiro emprego [aos jovens] e exigissem que eles se mantivessem estudando", diz Lisandra. Ela enfrenta o fantasma da evasão no dia a dia e sabe que o salário no bolso é um atrativo maior para muitos jovens e adolescentes do que a possibilidade futura de melhorar de vida por meio do estudo.

Exemplo em casa

Bruno espera terminar o ensino médio para estudar algo relacionado a eletrônica ou mecânica. "Pode ser um curso técnico." Não quer ser atendente para sempre e sabe que a escola pode ajudar. Um exemplo, pelo menos, ele tem dentro de casa. A mãe do jovem recentemente voltou aos bancos escolares e hoje cursa a faculdade de Design de Moda em Maringá.

Especialistas dizem que o desafio do Norte é melhorar a formação dos jovens, principalmente nas cidades menores, para dinamizar a economia e criar novos empreendimentos. "Precisamos investir na formação profissional, no desenvolvimento tecnológico. O mercado necessita de pessoas qualificadas. O que falta é investimento, recursos públicos", diz Vilma Garcia da Silva, presidente em Maringá da APP-Sindicato, entidade que representa os professores estaduais. "É necessário melhorar a preparação dos professores para enfrentar as dificuldades das escolas. Os filhos não estão tendo a base em casa e falta estrutura, até psicológica, para enfrentar a situação", diz a coordenadora da Pastoral da Criança em Londrina, Diva Lúcia da Cruz.

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