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 | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Frases

Richa (PSDB)

"Houve resultados nesses quatro anos, quando o Paraná teve queda no número de homicídios dolosos na comparação 2013/2010."

"Preparamos o estado para melhorar a renda e a vida das pessoas. O trabalho que fizemos nestes anos foi uniforme, visando ao fortalecimento de todas as regiões."

"Inovação sempre será prioridade. No ano passado, investimos 1,62% da receita tributária para fomentar a pesquisa científica e tecnológica."

Requião (PMDB)

"A geração de emprego e de oportunidades está ligada à política fiscal, bem como ao incentivo à qualificação profissional e a uma política salarial consistente."

"A proposta é universalizar o acesso à saúde. Vamos reativar a rede de 44 hospitais regionais que o atual governo abandonou, começando por concluir obras que estão inacabadas."

"A água e o saneamento básico não podem ser tratados como mercadorias. Congelamos a tarifa e fizemos investimentos."

Gleisi(PT)

"A segurança da população também passa pela prevenção e pelos investimentos em educação e inclusão social. Não dá para trabalhar somente na repressão."

"A melhoria dos serviços de média e alta complexidade começa com o cumprimento do que exige a legislação: aplicação mínima de 12% da receita do estado em saúde."

"Investiremos em saneamento e levaremos água potável para 100% da população do estado."

Durante os últimos dois meses, a Gazeta do Povo fez um levantamento dos problemas que mais afetam a vida do cidadão paranaense e que necessitam de uma resposta mais efetiva do governo estadual. A maior parte das dificuldades vivenciadas pelas personagens retratadas são desafios históricos, que se arrastam há muitos anos, até décadas. Mas há ferramentas disponíveis para que o governador empossado em 1º de janeiro de 2015 melhore a vida dessas pessoas e dos paranaenses, de forma geral. Confira um balanço dos desafios:

INFOGRÁFICO: Confira o desenvolvimento do IDH por classe econômica na região sul do país

03/08

Segurança A insegurança que ronda o paranaense está bem presente no dia a dia de Arminda de Faria de Oliveira, 64 anos, moradora da Vila Torres, em Curitiba. Uma das pioneiras na ocupação do local, ela viu muitos conhecidos se perderem com as drogas, inclusive o filho, Valdinei, morto a facadas após uma briga, em 2004. Apesar dos investimentos crescentes em segurança pública entre 2000 e 2012 – alta de 314% (1), acima da média dos estados do Sul e Sudeste do Brasil, o número de mortes por agressão aumentou 94,2% (2). Especialistas sugerem reformulação da atividade policial, com implantação do ingresso único (sem divisão entre civil e militar) e "ciclo completo", no qual o agente faz a patrulha, atende as chamadas e faz as investigações (3). Também é preciso investir em várias frentes, como saúde, educação e cidadania (4).

10/08

Educação

Quando a reportagem foi publicada, ainda não estavam disponíveis os dados mais recentes do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que mostrou que o Ensino Médio (EM) do Paraná caiu da terceira para a oitava posição no Brasil entre 2011 e 2013 (5). Mas isso pode ser visto como consequência dos problemas apresentados pelo professor de Sociologia José Melquíades Ursi, 65 anos, do Colégio Estadual Francisco Zardo, em Curitiba. Ele atende 12 turmas do EM, ou 420 alunos, e pondera que é muito difícil acompanhar o desempenho de todos, ou mesmo preparar aulas e corrigir todos os trabalhos e provas. Para melhorar essa situação, o governo estadual deveria reformular a carreira de docente, com dedicação exclusiva do professor (6).

17/08

Saúde O Paraná tem um dos piores desempenhos do país na distribuição dos serviços médicos de alta complexidade. No ano passado, três polos administrativos concentraram 66% dos internamentos hospitalares de alta complexidade. No Rio Grande do Sul, os três maiores centros responderam por 53% dos internamentos; em Santa Catarina, esse índice foi de 42% (7). Mesmo cidades como Maringá não conseguem atender a todas as especialidades. E é por isso que a rotina de Renata Soares dos Santos, 28 anos, mudou há quatro anos. O atendimento médico da filha Evelyn, 7, é feito em Curitiba. Desde novembro, elas precisam viajar semanalmente. Além de melhorar a distribuição dos serviços complexos, o estado precisa investir na prevenção e na atenção à família, de forma a reduzir a busca por atendimento hospitalar (8).

24/08

Esporte/Cultura

Projetos para deslanchar o esporte e a cultura no Paraná estão só no papel. Sem a regulamentação da Lei de Incentivo ao Esporte, projetos como o da Fundação Nadar, de Colombo, só vão pra frente com muito empenho da sociedade civil – o técnico Marcelo Carneiro, 49 anos, foi um dos fundadores da instituição, que promove a inclusão social e forma nadadores de ponta. O Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura (Profice) também não saiu do papel, impedindo que os agentes culturais tenham acesso a linhas de financiamento nacionais (9). Os gargalos podem ser resolvidos ou pelo investimento direto, para o Estado definir onde aplicar recursos (10); ou pelas parcerias com empresas para investimentos em esporte de alto rendimento e produção culturais consolidadas. Dessa forma, sobraria mais para o lazer e cultura comunitários (11).

31/08

Emprego e renda

A cada eleição para o governo estadual, o tema ressurge, mas nenhum político conseguiu solucionar o grave problema da desigualdade no Paraná, mascarada pelos bons indicadores de algumas regiões mais desenvolvidas. Das 39 microrregiões do Paraná, em 6 o rendimento médio do pessoal ocupado está no mesmo patamar que os estados mais pobres do Brasil – Alagoas, Paraíba, Ceará, Piauí e Maranhão (12). Essa é a realidade da microrregião de Cerro Azul, onde o microempresário Elmano Araújo, 39 anos, explora o turismo de aventura. Para romper o círculo do baixo desenvolvimento, o governo estadual precisa incentivar potencialidades locais dos municípios (13) e implantar uma política efetiva de desenvolvimento regional nos moldes de Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que têm órgãos específicos para gerir a questão (14).

07/09

Meio ambiente

Recentemente, o Paraná tem conseguido segurar o desmatamento de Mata Atlântica, mas, nos últimos 20 anos, foi um dos que mais perdeu área entre os estados com essa vegetação. Foram 453 mil hectares (ou 19,6%), dos quais a maior parte (177,8 mil) entre 1995 e 2000, perdendo apenas para Rio de Janeiro, com 21,7% de área destruída (15). Para o artista, educador e ambientalista João Bello, 60 anos, a situação é tão grave que o governo estadual deveria se articular para barrar propostas intervencionistas que tramitam na Câmara dos Deputados, como a reabertura da Estrada do Colono, no Parque Nacional do Iguaçu. Quem atua na área garante: o Paraná precisa criar incentivos financeiros para produtores e população em geral preservarem a biodiversidade (16).

14/09

Agricultura familiar

Entre 2000 e 2010, o Paraná teve queda expressiva no número de habitantes em áreas rurais: de 1,7 milhão para 1,5 milhão (-14%). O agravante foi a migração dos jovens: entre aqueles com 15 a 29 anos, a redução populacional foi de 22%, contra 9,1% na média nacional (17). Nesse ritmo, há risco de desabastecimento alimentar. O governo estadual não tem criado políticas públicas específicas para esse grupo, mas empresas e o terceiro setor estão ajudando pessoas como Juciele Gatto, 19 anos, de Imbituva (foto). Ela fez curso de empreendedorismo e está apostando no artesanato para ter renda e se manter na propriedade rural da família. Entre as ações esperadas do governo estadual estão ampliação do acesso à terra e ao crédito, inclusive para jovens, melhorias nas estradas rurais e mais opções de lazer (18).

21/09

Pesquisa e inovação O apoio governamental é fundamental para pequenas empresas desenvolverem pesquisas e inovações tecnológicas, as quais trarão impactos positivos para o desenvolvimento socioeconômico do estado (19). A empresa familiar que Evelize Rocha Machado, 61 anos, montou em 1986 cresceu pelas próprias pernas, mas agora a Natuphitus Cosmética precisa não só de linhas de financiamento como de apoio técnico para continuar atuando em um mercado tão concorrido. As parcerias entre empresas e instituições de ensino são vistas como grande ferramenta de desenvolvimento (20). Para tanto, o Paraná precisa melhorar seus indicadores, já que os gastos públicos em ciência e tecnologia vêm diminuindo e a presença de infraestrutura de pesquisa e desenvolvimento é moderada (21).

28/09

Saneamento

O microempresário José Cricheski, 38 anos, vive há 20 na Rua Eugênio Flor, em um bairro arborizado de Curitiba, mas que ainda não conta com o básico: rede de água e esgoto. Apesar de, na média, o Paraná se destacar positivamente nos índices de saneamento, muitas localidades ainda vivem em situação precária: pelo menos 40% dos domicílios do estado não têm rede de coleta (22). E, enquanto os políticos não sofrerem pressão adicional da comunidade, os índices continuarão baixos, dizem especialistas (23).

Cenário geral

O governo estadual tem papel fundamental no cenário socioeconômico dos municípios. No Paraná, o IDH vem melhorando, mas o número de pessoas que vivem em cidades com desenvolvimento inferior continua o maior da Região Sul (24).

Fontes: 1) Tesouro Nacional. 2) Datasus. 3) Ignacio Cano /UERJ e Michelle dos Ramos, do Instituto Igarapé. 4) Antonio Flavio Testa, cientista político/UnB. 5) Inep. 6) Pisa 2014. 6) Antonio Ibañez Ruiz/UnB. 7) Datasus. 8) Julio Cesar de Lima Ramires, Carmem Lavras, Ministério da Saúde e Secretaria Estadual de Saúde. 9) Ana Paula Frazão, diretora teatral e atriz. 10) Fernando Mascarenhas/UnB. 11) Aldemir Teles Dema/UPE. 12) Censo 2010/IBGE. 13) Augusta Pelinski Raiher/UEPG. 14) Jandir Ferreira de Lima/Unioeste. 15) Inpe e S.O.S Mata Atlântica. 16) Clóvis Borges/SPVS e Armin Feiden, zootecnista. 17) Censo 2010/IBGE. 18) Carlos Antonio Biasi/FAO. 19) Elisa Maria Pinto da Rocha/Fundação João Pinheiro. 20) Ruy Quadros/Unicamp. 21) Economist Intelligence Unit e Centro de Liderança Pública. 22) Síntese Indicadores Sociais PNAD 2013. 23) Luiz Roberto Santos Moraes/UFBA. 24) Atlas do Desenvolvimento Humano 2013.

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