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Entre os dias 20 de janeiro e 21 de junho, o prefeito Eduardo Paes foi à Pavuna, na Zona Norte do Rio, pelo menos três vezes. Inaugurou a Arena Cultural Jovelina Pérola Negra, implodiu o antigo terminal rodoviário do e abriu 36 ruas urbanizadas pelo projeto Bairro Maravilha. Na eleição de domingo, Paes colheu os frutos do empenho que, para uma lista de cientistas políticos, era óbvio. Obra sempre dá voto.

No primeiro turno de 2008, 36% dos cariocas que votam na Zona Eleitoral 220, que atende a Acari, Barros Filho, Costa Barros e Pavuna, declararam apoio em Eduardo Paes. Anteontem, o número saltou para 77%.

"Obra dá voto no Rio e em qualquer lugar do país, sobretudo se é num bairro esquecido", diz - taxativo - Nelson Rojas de Carvalho, cientista político da UFRJ. Os tapumes da prefeitura passam a ideia de que a administração trabalha. A visita do prefeito só aumenta isso.

Mas a vitória de Paes, que teve 65% dos votos, foi muito além da Pavuna. Em 90 das 97 zonas eleitorais da cidade, ele ficou com mais de 50% dos votos. A conquista é tida como gigantesca para quem, há quatro anos, não conseguiu a metade dos votos em absolutamente nenhuma zona eleitoral.

"Trata-se da quarta vitória de um mesmo grupo político, o do governador Sérgio Cabral e o de Paes", destaca Cesar Romero Jacob, da PUC-Rio. "Os grandes perdedores são os que estiveram com Brizola nos anos 1980, Cesar Maia e Anthony Garotinho. Para eles, a fila andou", completa.

A única Zona Eleitoral em que Paes perdeu para Marcelo Freixo (PSOL) foi a 16ª, de Cosme Velho e Laranjeiras. Lá, Freixo teve 48% dos votos frente a 44% do prefeito.

"É a Zona Sul menos conservadora, mas intelectualizada e com uma considerável população universitária", explica Carvalho. "Não são bairros compostos pela elite que luta pelo status quo", destaca.

"É o reduto histórico da esquerda no Rio", diz Romero Jacob. "Seria estranho se votassem diferente por ali", completa.

"Mas lá também moram muitos professores", acrescenta Marcus Figueiredo, do Iesp/Uerj. "Não se pode esquecer que Freixo é um deles", comenta.

Não causou estranhamento nos cientistas entrevistados que Freixo tivesse perdido na orla. Mas todos insistem que a eleição foi "excelente" para o socialista.

"Freixo nunca herdaria o voto do Fernando Gabeira porque esse voto incluía o dos tucanos em aliança com o PV", lembra Romero Jacob. "No dia que o Leblon apoiar o radicalismo do PSOL, haverá algo de muito estranho ou na esquerda ou no Leblon", opina.

"E Freixo foi muito bem em Santa Cruz e Campo Grande", destaca Figueiredo. "Fruto de sua bandeira contra a milícias. Nessas zonas, ele teve o dobro dos votos dos Gabeira em 2008", diz ele.

Ao comentar a forma como a cidade votou, Paes foi objetivo: "Vai ver faltou fazer alguma coisa ali (no Cosme Velho e em Laranjeiras). Vou ver se dou uma melhorada naquele acesso ao Cristo. Está bem ruim mesmo, causando transtorno", resume.

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