PP foi a sigla que mais repassou verba
As doações recebidas por apenas 18,8% dos candidatos paranaenses é alta: somam R$ 15,62 milhões e dividem-se entre 22 dos 31 partidos. Quem mais recebeu foram os candidatos do PP. Ao todo, foram R$ 3,73 milhões arrecadados entre 18 concorrentes a uma vaga da Assembleia Legislativa ou da Câmara Federal. Entre eles há quem ganhe algumas cifras bem maiores que outros: as doações variam de R$ 1,15 mil até R$ 1,15 milhão. O PP preferiu não comentar o processo de escolha de candidatos para efetivar as doações.
Na sequência, entre as siglas que mais distribuíram recursos para os candidatos, está o PR, com R$ 2,1 milhões doados para dois candidatos. O PR afirmou que as duas doações vieram da direção nacional do partido e que o dinheiro é apenas repassado a eles.
O PMDB vem logo depois. Nove candidatos do partido receberam juntos R$ 2,036 milhões. A direção peemedebista informou que as doações são referentes ao material de campanha e que todos os candidatos receberam. Segundo o partido, as doações aos outros candidatos vão constar apenas da última prestação de contas.
Alguns casos chamam a atenção, como o dos concorrentes do PRB. Eles receberam pouco mais de R$ 508 mil do partido, mas 88,5% da verba (R$ 450 mil) está nas mãos do candidato a deputado federal Oliveira Filho. Segundo a assessoria do partido, Oliveira Filho recebeu as doações por ser presidente da legenda e repassou parte do dinheiro para os demais candidatos de acordo com suas chances de serem eleitos.
O SD (Solidariedade) doou R$ 1,36 milhão para seus candidatos. Um único concorrente recebeu cerca de 80% (R$ 1,08 milhão): o deputado federal, presidente do partido no estado e candidato à reeleição Fernando Francischini. De acordo com o assessor jurídico do partido, Gustavo Kfouri, as doações são decisões estratégicas de cada sigla.
Menos dinheiro
Entre os que menos receberam estão candidatos do PMN e o PTdoB: um de cada partido recebeu doação de R$ 1.150. Já os candidatos do PTC, PSTU, PSol, PRTB, Pros, PCB, PPL, PRP e PV não receberam nenhuma doação de seus partidos (diretórios estaduais e nacionais) ou de suas coligações majoritárias.
Governo
Requião, Richa e Gleisi são financiados pelas suas próprias legendas
Os candidatos ao governo do Paraná e ao Senado também receberam variadas quantias em doações de seus partidos. O diretório nacional do PMDB destinou R$ 150 mil a Roberto Requião. No PSDB, o diretório nacional doou R$ 500 mil para Beto Richa. O diretório estadual destinou quantia parecida (R$ 550 mil) para Richa e R$ 600 mil para o candidato ao Senado Alvaro Dias. Já a candidata ao governo Gleisi Hoffmann (PT) declarou ter recebido R$ 380 da direção municipal do partido em Irati, R$ 70 mil da direção estadual e R$ 2,7 milhões da direção nacional. O PT também repassou R$ 80 mil ao candidato ao Senado da chapa, Ricardo Gomyde (PCdoB).
O dinheiro repassado pelos partidos para financiar as campanhas dos candidatos paranaenses se concentra na mão de poucos concorrentes. Do total de 1.192 candidatos do estado nas eleições proporcionais (deputado federal e estadual), apenas 18,8% (225) receberam alguma doação partidária, segundo a última prestação parcial de contas das campanhas divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No levantamento feito pela reportagem, foram consideradas as doações de partidos (diretório estadual e nacional e comitês) e das coligações majoritárias.
INFOGRÁFICO: Confira o número de candidatos paranaenses que receberam doações
Dos 225 concorrentes que estão sendo financiados pelos partidos, 64% receberam até R$ 10 mil. O restante das doações varia de R$ 12 mil a R$ 1,15 milhão e, em geral, são beneficiados os candidatos que já têm cargo público, carreira política consolidada ou são conhecidos na área que atuam, como comunicadores e esportistas. Com maior potencial de votos, esses concorrentes também recebem das siglas maior apoio e estrutura para campanha. Dos 31 que receberam mais de R$ 100 mil, por exemplo, apenas três não têm cargo eletivo ou público.
Dos 204 candidatos da coligação Paraná com Governo, do candidato ao governo Roberto Requião (PMDB), apenas seis (3%) receberam doações do partido ou da chapa da qual fazem parte. As doações variam de R$ 256,30 a R$ 595 mil. De acordo com a coligação, os demais candidatos também receberão doações, mas os valores só vão constar da última prestação de contas. "É um valor estimado em material de campanha e não em dinheiro", explica Luiz Fernando Delazari, assessor jurídico da campanha de Requião.
Já na coligação Paraná Olhando Pra Frente, da candidata Gleisi Hoffmann (PT), 31 candidatos (17%) do total de 181 obtiveram alguma doação partidária. O menor valor foi de R$ 590 e o maior de R$ 712,5 mil. Por meio da assessoria de imprensa, a coligação informou que o partido tem a liberdade de escolher para quem faz as doações. Segundo a nota, o que acontece é que algumas empresas preferem doar para o partido e não diretamente para os candidatos.
Na coligação Todos Pelo Paraná, do candidato à reeleição Beto Richa (PSDB), as doações se concentraram na mão de apenas 139 candidatos, ou seja, 20% do total de 686 receberam algum valor das siglas ou da chapa. Os repasses variam entre R$ 1,02 e R$ 1,15 milhão. De acordo com o coordenador financeiro da coligação, Juraci Barbosa, o partido não realiza doações para os candidatos, apenas efetua o repasse. "Às vezes os doadores não querem doar diretamente para o candidato, eles preferem que saia pelo partido", argumentou. Segundo ele, o valor já vem carimbado. "A pessoa doa para o partido, mas diz que quer que o dinheiro vá para o candidato Y ou X." Dentre as doações, há valores que chamam a atenção: 66 pessoas receberam da coligação o valor de R$ 1.150. De acordo com Barbosa, as doações são realizadas de maneira justa, por isso o valor é igual.
Por necessidade
Para o cientista político, David Fleischer, da Universidade de Brasília, as doações são direcionadas a apenas alguns candidatos específicos. "Elas são feitas por necessidade, para candidatos que buscam a reeleição ou para aqueles mais competitivos. É uma decisão da liderança do partido", afirma.
Já para o cientista político Fabrício Tomio, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), além das escolhas por candidatos mais expressivos, também é comum que partidos menores sejam controlados por um representante que direciona as doações para candidatos de sua preferência. "Especialmente em partidos menores, alguns candidatos também são presidentes estaduais ou grandes lideranças e controlam os recursos. E acabam utilizando [o partido] como uma franquia pessoal", explica.
Colaborou Taiana Bubniak.
Distribuição
Candidato do PP doou R$ 236 mil para 18 concorrentes
Prática comum na doação de campanhas é o repasse de valores de candidatos a deputado estadual ou federal para outros concorrentes aliados. Em geral, os doadores têm maior poder aquisitivo ou já receberam dinheiro de seu partido. Entre eles, Nelson Padovani (PSC) é o campeão. O candidato doou a quantia de R$ 295 mil para outros nove aliados. Em seguida, vem Nelson Meurer (PP), que ofereceu um montante de R$ 236 mil para 18 candidatos. E, na sequência, está Ricardo Barros (PP), que contribuiu com R$ 231 mil para 13 concorrentes, incluindo a filha Maria Victoria, candidata a deputada estadual.
Padovani também é o maior doador da sua própria campanha. Ele investiu R$ 913 mil para sua reeleição a deputado federal. Em seguida, está Valdir Rossoni (PSDB), que utilizará R$ 900 mil do próprio bolso. Nereu Moura (PP) investiu de seu próprio bolso um total de R$ 470 mil em sua campanha.
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