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CAMPANHA

“Perda total” assombra Aécio Neves

Consolidado na terceira colocação na corrida presidencial, distante da vice-líder Marina Silva, tucano também vê seu candidato atrás do PT em Minas

Aécio Neves com cara de poucos amigos na inauguração do comitê de campanha em São Paulo: pacote de más notícias | Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
Aécio Neves com cara de poucos amigos na inauguração do comitê de campanha em São Paulo: pacote de más notícias (Foto: Luiz Carlos Murauskas/Folhapress)

A última semana de agosto reservou um pacote de más notícias para Aécio Neves (PSDB). Em queda na disputa presidencial graças à ascensão de Marina Silva (PSB), o tucano também vê crescer a chance de derrota para o PT na disputa pelo governo de Minas Gerais. A hipótese de "perda total" provocou uma mudança imediata de atitude: o tucano partiu para o ataque contra a ex-senadora.

Em discurso na inauguração de um comitê de campanha em São Paulo, Aécio se referiu ontem à candidatura da adversária como um "conjunto de boas intenções que não consegue superar suas imensas contradições". "O Brasil não é para amadores", mencionou na sequência, sem citar diretamente Marina e se colocando como único nome para uma "mudança segura". Na noite anterior, durante debate na Rede Bandeirantes, ele também questionou incoerências de Marina.

Pesquisa CNT/MDA divulgada ontem mostrou uma consolidação de Aécio no terceiro lugar, com 16% das intenções de voto. Dilma Rousseff (PT) apareceu com 34,2% e Marina com 28,2%. Na terça-feira, o Ibope apontou Dilma com 34%, Marina com 29% e Aécio com 19%.

No mesmo dia, o Ibope também divulgou pesquisa sobre a sucessão em Minas Gerais. O ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Fer­­nando Pimentel (PT) registrou 38% das intenções de voto contra 22% de Pimenta da Veiga (PSDB). O ex-prefeito de Juiz de Fora, Tarcísio Delgado (PSB), ficou em terceiro, com 3%.

Pimenta da Veiga é uma aposta pessoal de Aécio, mas enfrentou resistências de setores do diretório estadual do partido. "Aqui em Minas ele tem sido chamado de ‘Turista da Veiga’ porque deixou o estado há mais de uma década e agora reapareceu querendo ser governador", diz o cientista político da Universidade Federal de Minas Gerais Carlos Ranulfo. Fundador do PSDB e primeiro representante do partido a ser eleito para comandar uma capital, em 1988, ele ficou famoso por deixar a prefeitura de Belo Horizonte para disputar o governo do estado, em 1990, e perder.

Depois disso, foi eleito deputado federal, entre 1994 e 1998, e ocupou o Ministério das Comunicações, entre 1999 e 2002, quando se afastou da política estadual. "O Pimenta tem funcionado como uma espécie de âncora para o Aécio. Quanto mais ele afunda em Minas Gerais, mais compromete a eleição para presidente", avalia o cientista político Rudá Ricci, professor da Escola Superior Dom Helder Câmara.

Ricci ressalta que Aécio continua sendo o político mais popular do estado, com capacidade de transferência de votos comprovada na eleição de Antonio Anastasia (PSDB), em 2010. "A questão é que não sobra tempo para se dedicar a Minas Gerais e a situação vai se complicando."

Metodologia

A pesquisa Ibope para a Presidência da República foi realizada entre 23 e 25 de agosto. Foram feitas 2.506 entrevistas em 175 municípios de todo o país. A margem de erro máxima é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no TSE com o número BR-428/2014.

A pesquisa CNT/MDA ouviu 2.002 pessoas, em 137 municípios de todo país, entre os dias 21 e 24 de agosto. A margem de erro é de 2,2 pontos porcentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no TSE sob o número 00400/2014.

A pesquisa Ibope sobre a eleição em Minas Gerais ouviu 1.806 eleitores entre os dias 23 e 25 de agosto. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O levantamento está registrado no TRE-MG com o número MG-00069/2014.

Resultado na eleição pode reduzir o PSDB a partido paulista

Se as pesquisas se confirmarem, Aécio Neves pode ser o primeiro presidenciável do PSDB a não chegar pelo menos ao segundo turno nos últimos 20 anos. Somado a uma possível derrota para o PT em Minas, o resultado minimizaria os tucanos a um partido paulista. "Perdendo Minas, que tem o segundo maior colégio eleitoral do país, o PSDB corre o risco de virar a legenda da Revolução de 1932. Até no Paraná a disputa tende a ser apertada", compara o cientista político Rudá Ricci.

A situação também reforça o racha entre os diretórios mineiro e paulista. Desde 2006, há um desconforto causado pelas articulações de Aécio para formar parcerias com candidatos a presidente do PT. Em 2006, a dobradinha informal com Lula, que preteriu Alckmin, ficou conhecida como "Lulécio". Em 2010, foi a vez da campanha casada de Dilma para presidente e Antonio Anastasia para governador, citada como "Dilmasia".

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