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Aécio Neves com cara de poucos amigos na inauguração do comitê de campanha em São Paulo: pacote de más notícias | Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
Aécio Neves com cara de poucos amigos na inauguração do comitê de campanha em São Paulo: pacote de más notícias| Foto: Luiz Carlos Murauskas/Folhapress

Tucano anuncia Armínio Fraga para a Fazenda

O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, disse ontem, na série "Entrevistas Estadão", que anunciou o nome do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga como seu ministro da Fazenda, caso seja eleito, para dar tranquilidade e sinalizar o que pretende para a economia, que é fazer o Brasil voltar a crescer.

Ao falar do time que o acompanha, o tucano disse que tem três seleções, ou seja, um time muito qualificado. E ao falar das pessoas que o acompanham, ironizou Marina Silva, questionando as declarações que ela vem dando de que pretende governar com quadros dos governos do tucano Fernando Henrique Cardoso e do petista Luiz Inácio Lula da Silva. "Ela precisa escolher por qual modelo vai optar", cobrou, dizendo que não dá para ficar com os dois modelos tão distintos.

Aécio falou também sobre Banco Central em seu eventual governo. Evitou citar nomes que poderiam compor a autoridade monetária, mas garantiu que a instituição terá autonomia operacional, caso seja eleito presidente. Segundo ele, o fundamental é que o BC tenha independência operacional. "Se haverá ou não lei sobre isso é secundário", afirmou.

Indagado sobre quando o ex-presidente FHC participará de seu horário eleitoral, ele disse que tem o privilégio de ter o ex-presidente a seu lado. "Quem achar que isso faz bem, vote em mim, quem não achar, não vote", disse.

Agência Estado

A última semana de agosto reservou um pacote de más notícias para Aécio Neves (PSDB). Em queda na disputa presidencial graças à ascensão de Marina Silva (PSB), o tucano também vê crescer a chance de derrota para o PT na disputa pelo governo de Minas Gerais. A hipótese de "perda total" provocou uma mudança imediata de atitude: o tucano partiu para o ataque contra a ex-senadora.

Em discurso na inauguração de um comitê de campanha em São Paulo, Aécio se referiu ontem à candidatura da adversária como um "conjunto de boas intenções que não consegue superar suas imensas contradições". "O Brasil não é para amadores", mencionou na sequência, sem citar diretamente Marina e se colocando como único nome para uma "mudança segura". Na noite anterior, durante debate na Rede Bandeirantes, ele também questionou incoerências de Marina.

Pesquisa CNT/MDA divulgada ontem mostrou uma consolidação de Aécio no terceiro lugar, com 16% das intenções de voto. Dilma Rousseff (PT) apareceu com 34,2% e Marina com 28,2%. Na terça-feira, o Ibope apontou Dilma com 34%, Marina com 29% e Aécio com 19%.

No mesmo dia, o Ibope também divulgou pesquisa sobre a sucessão em Minas Gerais. O ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Fer­­nando Pimentel (PT) registrou 38% das intenções de voto contra 22% de Pimenta da Veiga (PSDB). O ex-prefeito de Juiz de Fora, Tarcísio Delgado (PSB), ficou em terceiro, com 3%.

Pimenta da Veiga é uma aposta pessoal de Aécio, mas enfrentou resistências de setores do diretório estadual do partido. "Aqui em Minas ele tem sido chamado de ‘Turista da Veiga’ porque deixou o estado há mais de uma década e agora reapareceu querendo ser governador", diz o cientista político da Universidade Federal de Minas Gerais Carlos Ranulfo. Fundador do PSDB e primeiro representante do partido a ser eleito para comandar uma capital, em 1988, ele ficou famoso por deixar a prefeitura de Belo Horizonte para disputar o governo do estado, em 1990, e perder.

Depois disso, foi eleito deputado federal, entre 1994 e 1998, e ocupou o Ministério das Comunicações, entre 1999 e 2002, quando se afastou da política estadual. "O Pimenta tem funcionado como uma espécie de âncora para o Aécio. Quanto mais ele afunda em Minas Gerais, mais compromete a eleição para presidente", avalia o cientista político Rudá Ricci, professor da Escola Superior Dom Helder Câmara.

Ricci ressalta que Aécio continua sendo o político mais popular do estado, com capacidade de transferência de votos comprovada na eleição de Antonio Anastasia (PSDB), em 2010. "A questão é que não sobra tempo para se dedicar a Minas Gerais e a situação vai se complicando."

Metodologia

A pesquisa Ibope para a Presidência da República foi realizada entre 23 e 25 de agosto. Foram feitas 2.506 entrevistas em 175 municípios de todo o país. A margem de erro máxima é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no TSE com o número BR-428/2014.

A pesquisa CNT/MDA ouviu 2.002 pessoas, em 137 municípios de todo país, entre os dias 21 e 24 de agosto. A margem de erro é de 2,2 pontos porcentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no TSE sob o número 00400/2014.

A pesquisa Ibope sobre a eleição em Minas Gerais ouviu 1.806 eleitores entre os dias 23 e 25 de agosto. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O levantamento está registrado no TRE-MG com o número MG-00069/2014.

Resultado na eleição pode reduzir o PSDB a partido paulista

Se as pesquisas se confirmarem, Aécio Neves pode ser o primeiro presidenciável do PSDB a não chegar pelo menos ao segundo turno nos últimos 20 anos. Somado a uma possível derrota para o PT em Minas, o resultado minimizaria os tucanos a um partido paulista. "Perdendo Minas, que tem o segundo maior colégio eleitoral do país, o PSDB corre o risco de virar a legenda da Revolução de 1932. Até no Paraná a disputa tende a ser apertada", compara o cientista político Rudá Ricci.

A situação também reforça o racha entre os diretórios mineiro e paulista. Desde 2006, há um desconforto causado pelas articulações de Aécio para formar parcerias com candidatos a presidente do PT. Em 2006, a dobradinha informal com Lula, que preteriu Alckmin, ficou conhecida como "Lulécio". Em 2010, foi a vez da campanha casada de Dilma para presidente e Antonio Anastasia para governador, citada como "Dilmasia".

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