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Câmara federal

Time paranaense perde os pontas direita e esquerda

Em lados opostos, Dr. Rosinha (PT)e Abelardo Lupion (DEM) se recusam a disputar a reeleição e deixam o Congresso Nacional no ano que vem

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Contemporâneos no time da política paranaense, dois veteranos decidiram pendurar as chuteiras neste ano e desistiram de disputar a reeleição para a Câmara Federal. Quase sempre convocados para a seleção dos cem parlamentares mais influentes do Congresso Nacional, os deputados federais Dr. Rosinha (PT) e Abelardo Lupion (DEM) têm motivos parecidos para abandonar a disputa: descontentamento com as regras do jogo.

Titular da ponta esquerda desde 1999, o representante dos movimentos sociais Dr. Rosinha anunciou a aposentadoria da Câmara há um ano, descontente com o atual modelo de financiamento das campanhas para os cargos proporcionais. "Não dá para pedir voto e pedir dinheiro ao mesmo tempo", diz. Defensor do financiamento público, o petista reclama da demora no andamento da reforma política. "A maioria dos deputados e senadores não quer", afirma. "Foram eleitos nesse modelo e rejeitam outro porque acham que podem ficar de fora."

Da primeira partida em 1992, quando deixou o banco de reserva – ou a suplência –, até a confirmação como titular em 1994, o agropecuarista Abelardo Lupion está no sexto mandato. Entre os motivos para não disputar a reeleição também está o descontentamento com o atual modelo. Para o deputado, o Legislativo vem perdendo representatividade ao se submeter à vontade do Executivo. "[A situação] não tem compromisso com nada, tudo o que vem do Executivo é ordem", diz. Na oposição desde que o PT assumiu o governo com Lula, em 2003, Lupion diz que é "frustrante" ser deputado nessa situação. Um dos poucos parlamentares assumidamente de direita, o paranaense não foge de bola dividida. É um dos poucos a manter posição, mesmo em discussões polêmicas, como no caso da votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37, que limitava os poderes do Ministério Público (MP). Lupion foi o único paranaense e um dos nove deputados federais de todo o país a votar a favor da emenda que, segundo ele, apenas regulamentava o artigo 144 da Constituição.

Mesmo fora de campo, nenhum dos dois pretende, porém, abandonar de vez a política. Dr. Rosinha disputou a indicação de candidato ao Senado na coligação que apoia Gleisi Hoffmann (PT) para o governo do estado. Para ele, na disputa majoritária o partido divide com o candidato a responsabilidade pelo financiamento da campanha. "Mesmo com o financiamento privado, é o partido quem corre atrás". A coligação, porém, escolheu Ricardo Gomyde (PCdoB) para a vaga. Restou certa mágoa, que o deputado diz que tornará pública "no momento certo". Perguntado se aceitaria um cargo em uma futura administração Gleisi ou Dilma Rousseff, diz que "sim, dependendo do cargo". O desejo mesmo é jogar no time do Parlamento do Mercosul. A legislação do Parlasul, no entanto, ainda aguarda votação no Congresso.

Já Lupion foi convidado para coordenar a campanha do tucano Aécio Neves à Presidência nos estados do Sul e Centro-Oeste, além do Distrito Federal, Pará e Amapá. "É um desafio que me fascina, poder mudar a história [do país]", comenta. Também pretende cuidar da carreira do filho, o deputado estadual Pedro Lupion (DEM).

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