
Pouco afeito a mudanças bruscas no comando da cidade, conservador e “saudosista”. Assim pode ser definido o eleitor curitibano típico a partir do histórico de eleições municipais na capital paranaense. Quando vai às urnas para escolher um prefeito, o eleitorado de Curitiba costuma manter aqueles que estão no poder. E, mesmo quando decide dar uma chance à oposição de ocasião, em geral opta pela “mudança segura”, pela volta de um grupo que já havia administrado a prefeitura ou por alguém que carrega o peso de um sobrenome conhecido.
Curitiba nem mesmo teve tantas eleições para prefeito. Foram apenas 11. Mas em geral houve manutenção do status quo: em sete o curitibano manteve o grupo que controlava a cidade. Nas quatro vezes em que houve troca de cabeças, em duas a mudança foi “conservadora”: representou a volta do grupo que já havia governado a cidade imediatamente antes daquele que foi mandado de volta para casa pelas urnas – veja infográfico.
A pergunta da eleição
Sob o risco de serem devorados pela esfinge curitibana, os candidatos a prefeito vão tentar decifrar nesta campanha o que passa na cabeça do eleitor. Mudar ou não mudar? Eis a questão desta eleição. E qual tipo de mudança, se for o caso? De qualquer forma, os principais concorrentes se encaixam em algum dos padrões de comportamento do eleitor curitibano. Resta saber qual vai falar mais alto.
Candidato à reeleição, Gustavo Fruet (PDT) se credenciou em 2012 por ostentar um sobrenome tradicional: ele é filho do ex-prefeito Maurício Fruet, que era do PMDB – partido de seu hoje adversário Requião Filho. Mas o atual prefeito se beneficiou dos ventos da mudança em 2012. Desbancou uma “dinastia” de 24 anos no município e representou a chegada ao poder de um grupo novo. Agora, torce pelo contrário, para que a ventania cesse e o curitibano confirme na urna eletrônica a propensão a manter o prefeito no cargo.
Rafael Greca (PMN) encarna o perfil da mudança conservadora. Já foi prefeito (1993-1996). E é o candidato do grupo que comandou a cidade até 2012. Tem o apoio dos dois ex-prefeitos anteriores a Fruet: Luciano Ducci (PSB) e Beto Richa (PSDB). E vai bater forte no discurso saudosista de que Curitiba precisa voltar a seus “anos de ouro”.
Requião Filho (PMDB) busca se posicionar como a verdadeira mudança – tática que não costuma funcionar em Curitiba. Mas ele tem um trunfo que agrada ao curitibano: o peso do sobrenome.
Os demais
Outros dois candidatos – Ney Leprevost (PSD) e Maria Victoria (PP) – são nomes novos no cenário do Executivo municipal. Mas fazem parte de grupos políticos que orbitam ou orbitaram a esfera de influência de Richa. Tadeu Veneri representa uma corrente política que nunca esteve à frente da prefeitura: o PT. E os demais concorrentes – Xênia Mello (PSol), Ademar Pereira (Pros) e Afonso Rangel (PRP) – não se alinham a nenhum grande grupo político da cidade.



