A Operação Lava Jato colocou sob suspeita as lideranças dos principais partidos que governam a nação, com delatores fazendo pesadas acusações a políticos de alto coturno do PT, PP, PMDB e PSDB. Com a elite política brasileira vivendo a sua maior crise desde a redemocratização, é natural que as pessoas, em especial os mais jovens, se sintam desiludidos. Como a alienação não é uma alternativa viável – aqueles que se afastam da política estão destinados a serem governados pelos que dela gostam – cabe aos cidadãos buscar caminhos para transformar o país.
As vias para melhorar as instituições começam pelo voto, podem passar também pela filiação partidária, mas há diversos meios se consolidando como alternativas para o modo de se fazer política (veja mais no box ao lado). Esses caminhos vão desde a fiscalização de licitações - como a feita pelos observatórios sociais -, ações de cidadania e empoderamento das pessoas, participação de audiências públicas e outros espaços de discussão política, até o hacker-ativismo.
“O que acho legal é que, apesar de ser um clichê, crise é oportunidade. Os jovens precisam buscar meios alternativos, há várias iniciativas, vários movimentos, em que poderão fazer política de forma mais criativa e interessante”, afirma o consultor da Transparência Internacional, Fabiano Angélico. “Tem muita coisa interessante sendo feita, principalmente nessa geração muito ligada à tecnologia, se esses espaços forem mostrados aos jovens, acho que vão gostar.”
Os escândalos podem dar a impressão de que a política é algo nocivo, mas a verdade passa muito longe disso. “É por meio dela que podemos mediar nossos conflitos no compartilhamento de bens sociais, nas escolhas das políticas públicas”, afirma o professor de Direito Eleitoral da Unicuritiba Roosevelt Arraes. “No caso dos jovens, as oportunidades para capacitar seus talentos e terem um futuro tranquilo e feliz passam pela forma como políticos decidem as áreas em que irão investir o dinheiro público.” Segundo ele, é importante investir na reeducação cívica, especialmente dos mais jovens, para que entendam como funciona a democracia e como podem interferir nos processos decisórios.
Entretanto, o professor de Ciências Políticas Emerson Cervi, da UFPR, lembra que a resposta não está somente na participação dos jovens na política. “Está nos líderes políticos. Se os partidos permanecerem fechados e não promoverem formação de novos quadros, reforçando a lógica do ‘familismo’ não haverá mudança.” Para Cervi, é fundamental que haja a democratização interna dos partidos e que os meios de comunicação façam uma cobertura mais construtiva da política.



