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Ney Leprevost (à esq.) e Rafael Greca | Antônio More e Albari Rosa/Gazeta do Povo
Ney Leprevost (à esq.) e Rafael Greca| Foto:

Desde 2000, quando Cassio Taniguchi (PFL, hoje DEM) e Ângelo Vanhoni (PT) se enfrentaram no segundo turno das eleições municipais, Curitiba não via uma reta final de disputa eleitoral tão acirrada e agressiva entre candidatos à prefeitura. Rafael Greca (PMN) e Ney Leprevost (PSD) estão tecnicamente empatados, segundo pesquisa Ibope* divulgada na sexta-feira (21). A incerteza sobre o cenário político faz com que os candidatos elevem o tom de suas campanhas e partam para acusações contra os adversários.

Segundo o publicitário Carlos Deiró, que trabalha com campanhas políticas desde 1985, quando fez a campanha de Jaime Lerner (PDT) para a prefeitura de Curitiba, é normal que nos últimos dias da corrida eleitoral os candidatos assumam posturas mais agressivas. Para ele, esta situação é comum quando as disputas chegam ao fim com cenários indefinidos.

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“É muito comum na reta final os marqueteiros tentarem desconstruir a imagem do outro candidato. Deixa-se de lado as propostas e se parte para essa desconstrução”, explica.

Na avaliação de Deiró, essa postura agressiva não faz tanto sentido em uma disputa com ampla margem de vantagem de um candidato. Nesse caso, “parte-se para uma campanha mais propositiva”.

Para o cientista político Luiz Domingos Costa, outro fator que colabora para o tom beligerante é o fato de os dois candidatos serem muito próximos no campo ideológico, portanto é difícil para as campanhas apontar contrastes e vantagens dos candidatos sem evidenciar falhas pessoais dos oponentes. Para Costa, esta estratégia de ataque pode trazer efeitos negativos aos dois candidatos.

“É possível que isso possa afastar o eleitor e diminuir o comparecimento eleitoral em relação ao primeiro turno”, avalia. Isso, segundo ele, traria problemas ao candidato eleito, que começaria o mandato com pouca legitimidade.

Com três candidatos trocando acusações já no primeiro turno das eleições e com o acirramento da disputa no segundo turno, não faltaram denúncias, revelações e troca de farpas entre os candidatos.

Embates

No primeiro turno, Greca e Gustavo Fruet (PDT) foram protagonistas na troca de acusações. O principal tema foi o desaparecimento de obras da Casa Klemtz – que eram parte do patrimônio municipal – e, segundo acusação de Fruet, estariam na chácara de Rafael Greca. Logo depois dessa denúncia, dois guardas municipais de Curitiba foram detidos quando estavam fazendo campana em frente a chácara de Greca, em Piraquara.

Ainda na primeira parte da disputa, um vídeo em que Rafael Greca dizia ter vomitado ao sentir o cheiro de um morador de rua foi repetido à exaustão pela campanha pedetista durante o a propaganda eleitoral gratuita na televisão.

Depois de definida a disputa do segundo turno, Greca e Leprevost chegaram a pactuar uma campanha limpa e sem ataques. O combinado durou pouco. No debate realizado pela TV Band seis dias após o primeiro turno, Greca partiu para o ataque colocando em xeque a formação acadêmica de Ney Leprevost, que se graduou em administração em um curso à distância oferecido pela Fundação Universidade do Tocantins. A partir daí a campanha rumou para uma constante troca de acusações sobre diversos assuntos em que os candidatos buscam desqualificar o oponente e tisnar sua história política.

Ficha técnica

* A pesquisa foi contratada pela Sociedade Rádio Emissora Paranaense S.A e foi realizada entre os dias 18 e 20 de outubro com 805 eleitores. A margem de erro da pesquisa estimulada é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) sob o protocolo Nº PR-08766/2016.

Pegadinha e ataques partidários marcaram a campanha de 2000

A campanha política do ano 2000 começou com o prenúncio de uma vitória tranquila de Cassio Taniguchi. O candidato à reeleição tinha 54% das intenções de voto em 9 de agosto daquele ano. O segundo colocado, Maurício Requião (PMDB), aparecia bem atrás, com apenas 12%. Entretanto, no decorrer da campanha, o candidato Ângelo Vanhoni (PT) foi crescendo e chegou a liderar as pesquisas eleitorais no segundo turno, com 56% das intenções de voto, contra 36% de Taniguchi. A diferença foi caindo nas semanas seguintes e, na véspera da decisão, os dois apareciam empatados com 46% cada.

Na avaliação do cientista político Luiz Domingos Costa, apesar da disputa acirrada, os ataques eram concentrados em aspectos ideológicos e partidários. Costa cita um vídeo da campanha de Taniguchi que mostra um passageiro de ônibus questionando o cobrador sobre o itinerário do coletivo. O cobrador, então, afirma que depende do que for decidido pela assembleia dos passageiros de ônibus. Na avaliação do cientista político essa foi uma forma de atacar as ideias de democracia participativo do Partido dos Trabalhadores.

Um caso dessa eleição que entrou para o folclore político da capital foi uma “pegadinha” de Taniguchi com a sigla Procel (Programa Nacional de Economia de Energia Elétrica) durante um debate na televisão. Desconhecendo o significado da sigla, Vanhoni ficou cerca de 30 segundos tentando formular uma resposta, o que não aconteceu. O trecho foi replicado à exaustão nos programas eleitorais de Taniguchi.

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