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eleições 2016

Ideologia partidária fica em 2º plano para principais candidatos em Curitiba

Rafael Greca (PMN) e Gustavo Fruet (PDT) apresentam discursos que se distanciam do que pregam seus partidos

Fruet (à esq.) e Greca | Henry Milleo / Gazeta do Povo
Fruet (à esq.) e Greca (Foto: Henry Milleo / Gazeta do Povo)

Imagine Rafael Greca (PMN) defendendo a moratória da dívida externa e o rompimento com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Ou então Gustavo Fruet (PDT) pregando a reforma agrária e a regulamentação do capital estrangeiro no Brasil. Apesar de esses serem pontos defendidos no manifesto de fundação de cada uma das duas legendas, tratam-se de bandeiras distantes anos-luz do espectro político-ideológico mostrado até aqui pelos dois principais candidatos a prefeito de Curitiba – além, é claro, de abordarem temas que não cabem a um administrador municipal.

Nanico e desconhecido do eleitorado, o PMN (Partido da Mobilização Nacional) não tem sequer um representante na Câmara dos Deputados. Fundado em 1984, a legenda nasceu pregando “a reforma agrária, a moratória conjunta com os países da América Latina, o rompimento com o FMI e a formação, com os países vizinhos, de um bloco econômico-financeiro”.

É o quinto partido de Greca desde que ele ingressou na vida pública em 1982. Tendo transitado por agremiações ligadas à ditadura militar (PDS) e ferrenhas opositoras do regime (PDT), além de legendas mais à direita (PFL) e mais à esquerda (PMDB - o do Paraná), o candidato chegou ao PMN depois de ver inviabilizado dentro do ninho peemedebista o desejo de disputar a prefeitura da capital neste ano.

Em sabatina na Gazeta do Povo na segunda-feira (19), ele próprio admitiu que se filiou ao partido somente para ser candidato a prefeito. “Você [jornalista] vai falar mal do PMN? Foi exatamente por isso que fui para o PMN, para ele não ter o que falar agora. O PMN me dá a condição de ser candidato falando só de Curitiba”, afirmou. “Nós todos sabemos que os partidos políticos no Brasil significam muito pouco.”

Fruet

O caminho traçado por Fruet não difere muito. Inicialmente filiado ao PMDB, ele rompeu com a legenda ao não conseguir disputar a prefeitura de Curitiba em 2004 por veto do senador Roberto Requião. Caminhando num sentido completamente oposto, apoiou Beto Richa naquela disputa ao se filiar ao PSDB. O destino, porém, reservava um outro veto para que Fruet tentasse ser prefeito da capital.

Em 2012, o agora governador Richa impôs aos tucanos uma aliança com Luciano Ducci (PSB). Com o cenário eleitoral já desenhado, restaram a Fruet apenas duas opções: PT e PDT, dois partidos aos quais ele fez oposição no tempo em que esteve na Câmara Federal. Acabou indo para o PDT, de Leonel Brizola, das causas trabalhistas, da luta contra a concentração de renda, da defesa das minorias – em nada parecido ao PSDB de onde havia recém-saído.

Na carta de despedida à legenda tucana, Fruet reconheceu que a saída “foi movida por sentimento de profunda incompreensão com o silêncio e a falta de clareza da direção do partido na capital, especialmente quanto à participação na sucessão municipal de Curitiba nas eleições de 2012”. Nenhuma menção a divergências de políticas públicas, posicionamentos políticos ou posturas ideológicas.

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