
Transformar o Brasil numa democracia plena no prazo de 25 anos é a proposta, tão ambiciosa quanto inspiradora, do Instituto Atuação, uma organização não-governamental apartidária que desenvolve pesquisa e estratégia nas áreas de participação política, transparência pública e cultura democrática. Para atingir esse propósito, a instituição criou o programa “Cidade Modelo”, cujo objetivo é fazer de Curitiba uma referência e um laboratório de experiências democráticas nos próximos cinco anos. E depois, com o conhecimento adquirido, estimular a replicação das melhores práticas em outras cidades do país.
O plano começou a ser posto em prática em 2014, quando o instituto passou a realizar um extenso trabalho de pesquisa sobre o significado do conceito de democracia, o papel que ela desempenha e seus benefícios.
Segundo o presidente do Atuação, Pedro Veiga, os estudos têm demonstrado que a transformação de impacto cultural é possível trabalhando em grupos pequenos, que começam a se capilarizar e depois ganham escala.
“A gente percebeu uma tendência internacional de se trabalhar a política no ambiente local, onde a representação é mais próxima”, explica Pedro Veiga.
A partir de fundamentos sólidos, diz ele, torna-se possível estimular a cultura democrática e depois expandi-la para outros lugares. “Usamos a metáfora do bambu chinês, que fica cinco anos debaixo da terra, se enraizando para só depois começar a brotar. Daí rapidamente cresce e se torna uma das árvores mais resilientes e de fácil propagação”.
Consciente do tamanho do desafio que decidiu realizar, o instituto contratou no ano passado uma consultoria da Unidade de Inteligência da The Economist para construir um indicador de democracia local.
“Gostamos muito da experiência de fazer o projeto piloto mas achamos que ainda não era suficiente. Então criamos um comitê de experts para aperfeiçoar o indicador, com especialistas de Hong Kong, Itália, México, Suécia, Inglaterra, Estados Unidos, Chile e Brasil”, explica Pedro Veiga.
Segundo ele, o indicador deve estar pronto neste mês. Vencida essa etapa, até abril do próximo ano deverá ser feita a medição do índice de democracia local em Curitiba.
“Com as mensurações realizadas, poderemos preparar, com o auxílio de especialistas nas áreas de segurança pública, transparência, participação e cultura política, um planejamento estratégico para fortalecer a democracia na capital.”
Dada a quantidade dos projetos que deverão ser elaborados, o instituto não tem a pretensão de executar sozinho esse plano. “Alguns serão executados pelo Atuação. Outros por atores que já tem experiência nas respectivas áreas e ainda contaremos com o engajamento de grandes lideranças multi-setoriais da cidade.”
Segundo Veiga, a expectativa é que ao longo dos anos as iniciativas de impacto coletivo vão legitimar a sociedade organizada para pensar e transformar Curitiba no longo prazo.



