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O plenário da Assembleia Legislativa: maioria do eleitorado não sabe quem é o presidente da Casa | Sandro Nascimento/Alep
O plenário da Assembleia Legislativa: maioria do eleitorado não sabe quem é o presidente da Casa| Foto: Sandro Nascimento/Alep

Maioria vê o Legislativo como uma "extensão" do Executivo

O estudo do Paraná Pesquisas sobre o trabalho do Poder Legislativo também avaliou a percepção dos eleitores sobre a atividade dos vereadores de Curitiba e Londrina. O levantamento mostra que a maior parte dos entrevistados da capital (51%) acredita que a principal atividade dos parlamentares da cidade deveria ser levar obras da prefeitura para os bairros. Outros 24% disseram que o mais importante é fiscalizar o trabalho do Executivo.

Conforme o diretor do Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, o resultado da pesquisa na capital indica que os eleitores ainda veem o Legislativo da cidade como uma extensão da prefeitura. "Infelizmente o vereador ainda aparece com caráter governista, se ele não levar obra, não se reelege. E aquele vereador que cumpre sua função de legislar e fiscalizar muitas vezes não é bem avaliado", acredita.

Já em Londrina, o pedido da maioria dos eleitores (34%) é que os vereadores se ocupem de fiscalizar a prefeitura – índice pouco abaixo dos que acreditam que a função dos parlamentares é levar obras para os bairros (33%). O professor de ciência política do grupo Uninter Luiz Domingos Costa avalia os números de forma positiva. "Se somarmos os índices dos que apontam as funções de legislar e fiscalizar, que são as atividades ideais dos parlamentares, o porcentual supera a visão deturpada de que a função é levar obras".

Análise

Democracia recente explica avaliação negativa, diz professor

Para o professor de Ciência Política do grupo Uninter Luiz Domingos Costa, o resultado do levantamento da Paraná Pesquisas sobre a atividade do Legislativo é reflexo da situação política brasileira e de outros países com democracias contemporâneas. "Uma das principais deficiências dessas democracias é a avaliação negativa do Legislativo", aponta.

Segundo Costa, os indicadores tendem a melhorar com o passar dos anos, no processo que ele chama de "rotina democrática". "Na medida em que consolidarmos a democracia, repetindo eleições e com a difusão das imagens dos partidos, esses indicadores tendem a ficar mais próximos daquilo que a gente espera idealmente", diz.

Para o professor do grupo Uninter, a proposta de mudança do sistema eleitoral para eleições casadas, em que a escolha de prefeitos e vereadores se daria em conjunto com o pleito para a Presidência e demais cargos, seria prejudicial a essa melhoria de indicadores. "A rotina eleitoral desperta no eleitor uma maior capacidade de avaliar as instituições", observa.

O paranaense melhorou pouco sua visão sobre o trabalho dos deputados estaduais em relação ao ano passado e a nota atribuída aos parlamentares ainda se mantém baixa, segundo levantamento do instituto Paraná Pesquisas encomendado pela Gazeta do Povo. A pesquisa mostra que a média geral que os eleitores do estado dão aos deputados subiu de 5,05, em dezembro de 2013, para 5,55 em dezembro deste ano.

INFOGRÁFICO: Trabalho dos deputados foi melhor avaliado em relação ao ano passado; avaliação dos vereadores foi ruim

O estudo também mediu o nível de conhecimento dos eleitores sobre os membros do Legislativo tanto da Assembleia quanto das Câmaras de Vereadores de suas cidades. Questionados sobre o nome do presidente da Assembleia Legislativa, 86% dos eleitores disseram não saber quem era, enquanto quase 13% responderam corretamente. No ano passado quase 91% dos entrevistados responderam negativamente à pergunta.

Ano eleitoral

Para especialistas, o ano eleitoral de 2014 responde pela pequena melhoria de porcentuais. "Alguns estudos mostram que a memória eleitoral, a identificação com algum partido e a percepção mais otimista da política aumentam em ano de eleição", diz o cientista político Luiz Domingos Costa, do grupo Uninter. "Neste ano os deputados estiveram mais próximos dos eleitores do que estarão nos próximos três anos", observa o diretor do Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo.

O conhecimento sobre a atividade legislativa das Câmaras de Vereadores também melhorou. No ano passado, a média de eleitores que não conheciam o presidente do Legislativo de suas cidades era de 77%. Em 2014, esse número caiu cerca de dez pontos porcentuais. As piores médias ficaram na Região Metropolitana de Curitiba, onde 85% dos eleitores disseram não saber o nome dos presidentes de Câmaras. Já nas demais regiões do estado esse porcentual foi de 61% dos pesquisados.

Avaliação negativa

A pesquisa mostra ainda uma queda na avaliação das atividades dos vereadores de Curitiba e Londrina. Na capital, apesar de a maioria dos entrevistados (60%) não lembrar em quem votou para vereador em 2012, 57% desaprovam o trabalho dos parlamentares. Em 2013, o índice de pessoas que não lembrava em quem votou era de 49%, e 52% desaprovavam o trabalho dos vereadores de Curitiba.

Em Londrina, o porcentual de eleitores que não lembra em quem votou em 2012 passou de 58% no ano passado para 65% em 2014, enquanto que o índice de desaprovação passou de 53% para 56% no período.

Costa diz que o alto índice de pessoas que não lembram em quem votaram para vereador é natural do sistema político brasileiro, que mantém o foco nas eleições majoritárias. "Os eleitores são muito mais voltados aos cargos do Executivo e nosso sistema de eleição para cargos proporcionais é muito confuso, com candidatos demais. Há muita possibilidade de troca do candidato ou de uma escolha de última hora. Se você escolhe dessa forma, é muito provável que você não se lembre depois", diz.

Fiscalização

A fiscalização do Poder Executivo é uma das atribuições do Poder Legislativo (Câmaras de Vereadores, Assembleias Legislativas, Câmara dos Deputados e Senado). No entanto, segundo o levantamento da Paraná Pesquisas, somente 24% do eleitorado de Curitiba considera uma das funções dos vereadores. Para a maioria, os parlamentares deveriam levar obras para os bairros.

Esquecimento

É comum que uma parcela significativa do eleitorado brasileiro não lembre em quem votou para cargos legislativos (vereadores, deputados e senadores). Segundo o cientista político Luiz Domingos Costa, isso acontece porque as campanhas priorizam os ocupantes de cargos no Executivo. Em Curitiba, segundo o Paraná Pesquisas, 60% do eleitorado não lembra em quem voltou para vereador em 2012.

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