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Audiência Pública da Comissão da Verdade ocorreu na Câmara de Foz do Iguaçu | Christian Rizzi/ Gazeta do Povo
Audiência Pública da Comissão da Verdade ocorreu na Câmara de Foz do Iguaçu| Foto: Christian Rizzi/ Gazeta do Povo

A Comissão Nacional da Verdade ouviu dez pessoas em Foz do Iguaçu em dois dias de audiência pública. Entre ontem e quinta-feira, a comissão nacional e a Comissão Estadual da Verdade realizaram sessões conjuntas que trouxeram à tona declarações de pessoas que ainda não haviam prestado depoimento.

Na avaliação do professor e presidente estadual da Comissão da Verdade, Pedro Bodê, a audiência atingiu parte dos objetivos que pretendia. "Marcou simbolicamente o papel de Foz do Iguaçu e foram reveladas pessoas que não haviam falado", afirma. Bodê diz que a comissão vai continuar a colher depoimentos e montar um arquivo com vistas ao relatório final que será entregue em março do próximo ano. A próxima audiência, ainda sem data definida, deve ocorrer no município de Apucarana.

A coordenadora nacional da comissão, Rosa Cardoso, considerou que as audiências foram esclarecedoras, embora agentes da repressão não tenham prestado depoimento. "Apesar dos repressores não terem vindo, retomamos o depoimento que um deles havia prestado, o Otávio Rainolfo da Silva. Agora eles podem ser imputados por crime de desobediência."

Dos quatro ex-agentes da repressão convocados pela comissão, apenas Rainolfo foi ouvido. Em relatos anteriores, Rainolfo admitiu ter dirigido o veículo que levou seis militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) ao interior do Parque Nacional do Iguaçu, local onde cinco deles foram mortos, em 1974. Ele nega ter atirado no grupo formado pelos irmãos Daniel e Joel Carvalho, Víctor Ramos, José Lavéchia e o estudante argentino Enrique Ruggia. Conhecido como "Chacina do Parque Nacional do Iguaçu", o caso é um dos que mais marcaram o período da ditadura na tríplice fronteira. Também fazia parte do grupo o ex-tenente do Exército Onofre Pinto, assassinado no Batalhão do Exército em Foz do Iguaçu após ter se negado a colaborar com o regime.

Protestos

Outro ex-agente da ditadura que era esperado pela comissão, o advogado Mario Espedito Ostrovski teria deixado a cidade. Ele seria o suposto autor de torturas praticadas contra a professora Izabel Fávero, e seu cunhado, Alberto Fávero, no Batalhão do Exército em Foz. Ontem pela manhã, o escritório de Ostrovski foi alvo de um protesto de estudantes e militantes do Centro de Direitos Humanos. A reportagem da Gazeta do Povo tentou entrar em contato com Ostrovksi, mas não teve sucesso.

A Justiça Federal negou pedido da comissão nacional, interposto pelo Ministério Público Federal, para determinar a condução coercitiva dos ex-agentes que não compareceram à audiência. No entanto, eles ainda podem ser responsabilizados por crime de desobediência.

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