
"Pergunta para ele". Essa foi a única resposta dada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao ser bombardeado com perguntas sobre se ainda acreditava que Marcos Valerio estava mentindo, mesmo depois de o empresário afirmar que entregou provas ao Ministério Público que mostrariam o envolvimento do ex-presidente nos episódios denunciados.
Apesar de fugir da imprensa durante todo o dia desta quinta em Barcelona e até usar os corredores da lavanderia do hotel para não ter de enfrentar os repórteres, Lula voltou a garantir: "Continuo a fazer política." Ele esteve em Barcelona para receber um prêmio de R$ 215 mil, um dia depois de levantar, em Paris, a possibilidade de voltar a ser candidato.
Nesta quinta-feira (14), voltou a repetir que não deixou a política. "Existem várias formas de fazer política. Até dois anos atras, fiz política através de processos eleitorais democráticos", disse. "Encerrados dois mandatos eletivos de presidente, continuo a fazer política porque tenho uma crença profunda na humanidade", afirmou. "Meu papel político, agora, é pregar que o desenvolvimento de um País deve representar a prosperidade de todos seus cidadãos."
A denúncia
Marcos Valério afirmou à Procuradoria-Geral da República que pagou despesas pessoais de Lula em 2003, por meio de depósitos na conta de uma empresa do ex-assessor pessoal de Lula, Freud Godoy.
Em meio a uma série de acusações, também afirmou que o ex-presidente deu "ok", em reunião dentro do Palácio do Planalto, para os empréstimos bancários que viriam a irrigar os pagamentos de deputados da base aliada.
Valério ainda afirmou que Lula atuou a fim de obter dinheiro da Portugal Telecom para o PT. Disse que seus advogados são pagos pelo partido. Também deu detalhes de uma suposta ameaça de morte que teria recebido de Paulo Okamotto, ex-integrante do governo que hoje dirige o instituto do ex-presidente, além de ter relatado a montagem de uma suposta "blindagem" de petistas contra denúncias de corrupção em Santo André na gestão Celso Daniel. Por fim, acusou outros políticos de terem sido beneficiados pelo chamado valerioduto, entre eles o senador Humberto Costa (PT-PE).
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