Os petistas presos em Brasília pelo processo do mensalão José Genoino, Delúbio Soares e José Dirceu enviaram, nesta terça-feira (19), um bilhete aos militantes do PT que estão acampados na entrada do Complexo Penitenciário da Papuda desde domingo (17). Eles agradecem o apoio e "solidariedade política" dos manifestantes. E dizem ainda que não aceitam humilhação. O bilhete, escrito em frente e verso, foi entregue aos militantes por um dos advogados de Delúbio, Luiz Egami.
Assinado pelos três, o bilhete diz: "Companheiros e companheiras a ação de vocês nos sustenta muito, nos alimenta, é a solidariedade política, valor essencial da esquerda. O nosso agradecimento é a luta", e finaliza: "queremos o respeito à lei, não aceitamos humilhação. Preferimos o risco e a dignidade da luta. Com gratidão e muitos abraços e beijos, Genoino, José Dirceu e Delúbio Soares".
O presidente do PT, Rui Falcão, afirmou, ao deixar o Complexo Penitenciário da Papuda, onde visitou os petistas, que o PT não pode destinar recursos do fundo partidário para o pagamento das multas dos condenados do mensalão. No entanto, ele acha que haverá uma "rede de solidariedade entre a militância" para colaborar com o pagamento.
Falcão relatou que o deputado licenciado José Genoino passou nesta terça por uma perícia médica para avaliar seu estado de saúde e obter uma progressão da pena para o regime domiciliar. Os advogados de Dirceu e Delúbio apresentaram hoje uma certidão à Justiça descrevendo as atividades de trabalho realizadas pelos dois para que eles possam entrar, de fato, no regime semiaberto. Rui Falcão disse que os petistas agora estão em condições melhores.
A deputada Erika Kokay (PT-DF) afirmou ter ficado preocupada com o estado de saúde do ex-presidente do PT e deputado federal licenciado José Genoino (SP), após visitá-lo. Genoino aguarda análise de pedido de prisão de domiciliar com base em seus problemas de saúde. "O Genoino solicitou a prisão domiciliar, é uma questão de saúde e de integridade física. A custódia não pode colocar em risco a integridade física das pessoas", afirmou a deputada ao retornar à Câmara.
Ela afirmou que o colega relatou as dificuldades em tomar medicamentos decorrentes de cirurgia cardíaca realizada em junho e ter uma rouquidão constante há três meses. A deputada esteve também com José Dirceu e Delúbio Soares, que aguardam a autorização para trabalhar fora do presídio. A deputada esteve no presídio junto com Renato Simões (PT-SP), suplente de Genoino.
Senadores do PT vão visitar Dirceu, Genoino e Delúbio
Senadores do PT decidiram nesta terça-feira (19) em reunião da bancada, fazer uma visita de "solidariedade" na quinta-feira (21) aos integrantes do partido que estão cumprindo a pena do processo do mensalão. Eles vão se encontrar com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, com o ex-presidente do PT e deputado federal licenciado José Genoino (SP) e também com o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares.
"É uma visita de solidariedade. Nós tivemos uma convivência com essas lideranças e reconhecemos a importância histórica (delas). São pessoas que conviveram no Parlamento, como ministro, dirigente sindical ou líder do nosso partido. As pessoas precisam desse apoio nessas horas", afirmou o líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI), para quem uma das características do partido é, além da solidariedade, o apoio pessoal, humano e à família.
O líder petista reafirmou os termos da nota divulgada ontem pela bancada. Segundo o comunicado, houve "arbitrariedade" e "ilegalidade" na prisão de Dirceu, Genoino e Delúbio determinada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa. Segundo ele, o trio deveria começar a cumprir a pena em regime semiaberto, embora tenham ficado desde a detenção até à tarde da segunda-feira em regime fechado. Wellington Dias questionou o fato de os colegas de partido terem sido presos longe de onde moram. "(Criticamos) a forma de espetáculo. Por que trazer todos para o Distrito Federal quando poderiam perfeitamente ficar no sistema dos Estados?", questionou o líder petista.
Mensaleiros recebem visita e parentes de outros presos reclamam de privilégio
José Genoino e Delúbio Soares, presos no complexo da Papuda, em Brasília, receberam na manhã desta terça visita de familiares e amigos. Do lado de fora do presídio, esposas de presos que já aguardam o momento para entrar no local reclamaram da diferença de tratamento. A visita aos presos acontece às quartas e quintas-feiras, mas desde a madrugada algumas mulheres já se posicionam em frente ao portão de acesso da Papuda. A intenção é entrar o quanto antes para ter mais tempo com os maridos e filhos - o tempo da visitação é entre 9h e 17h.
Na manhã desta terça-feira, familiares dos condenados no mensalão tiveram acesso ao local na companhia de parlamentares. "Eu não considero um privilégio. Direitos humanos é um padrão de todos e todas, independente do partido", disse o deputado Paulão (PT-AL), que visitou os petistas pela manhã.
Ele contou que o líder do PT na Câmara, José Guimarães (PT-CE), irmão de Genoino, também foi ao local, além da esposa do deputado licenciado e seus três filhos. A mulher e o irmão de Delúbio também teriam visitado o ex-tesoureiro do PT. "Ela tem que pegar fila como nós, passar pelas mesmas coisas que a gente passa", disse Patrícia (nome fictício), 32. Há 13 anos, ela visita o marido no local, preso por latrocínio.
"É muito constrangedor ficar aqui nessa situação", conta Camila (nome fictício), 22. Há três meses, ela visita o marido na Papuda. Já habituada às exigências para ingresso no local, ela leva numa sacola os itens que tem entrada autorizada: frutas, biscoito, sabão em pó, sabonetes, papel higiênico e pasta de dente.
Banho de sol
Durante a manhã, as duas mulheres presas no processo do mensalão, a banqueira Kátia Rabello e a ex-funcionária de Marcos Valério, Simone Vasconcellos, tiveram direito a banho de sol.



