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Lula: ex-presidente se encontrou ao menos três vezes com o médium João de Deus desde que começou tratamento contra o câncer | Ueslei Marcelino/Reuters
Lula: ex-presidente se encontrou ao menos três vezes com o médium João de Deus desde que começou tratamento contra o câncer| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Reflexo

Doença afeta campanha de Haddad em SP

Agência O Globo

A doença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem trazido prejuízos à campanha de Fernando Haddad a prefeito de São Paulo. Com o padrinho fora de cena, a candidatura do ex-ministro da Educação vive uma crise por causa da disputa de poder entre correntes petistas e sofre para fechar alianças.

Lula idealizou e viabilizou a campanha de Haddad ao convencer os quatro outros pré-candidatos, entre eles a senadora Marta Suplicy, a desistirem da prévia. Haddad nunca disputou uma eleição e tem pouca experiência para lidar com os conflitos internos do PT.

Há duas semanas, quando Lula ensaiou voltar às atividades políticas, Haddad sentiu-se aliviado. Mas o diagnóstico de uma pneumonia o retirou de cena novamente e paralisou as decisões da campanha.

No momento, a questão mais urgente é a nomeação da equipe de coordenação. Haddad só quer bater o martelo depois de conversar com Lula, mas tem sofrido pressão da corrente majoritária, a Construindo um Novo Brasil (CNB), que reivindica participação maior. Por enquanto, a coordenação da pré-campanha vem sendo exercida pelo vereador Antonio Donato, presidente do PT de SP, da corrente Novo Rumo, majoritária na cidade.

A CNB propôs os nomes dos deputados federais Ricardo Berzoini e Vicente Candido para integrarem a coordenação. Berzoini teria resistência de Lula.

O Novo Rumo e parte da CNB são favoráveis a um comando compartilhado com Donato.

Diagnosticado com câncer há quatro meses, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está sob os cuidados dos melhores médicos do país, no Hospital Sírio-Libanês, mas também foi buscar a "saúde da alma" em uma pequena comunidade do interior de Goiás. João de Deus, um médium especializado em cirurgias espirituais que mal sabe ler e escrever, é quem o acompanha.

Atribui-se a João Teixeira de Faria, nome real de João de Deus, feitos como fazer cegos enxergarem, reduzir tumores e permitir que paraplégicos voltassem a andar. Uma de suas façanhas é inegável. Ele transformou a pequena Abadiânia, com 15 mil habitantes, em polo turístico internacional.

Semanalmente, milhares de pessoas dos mais diversos países gastam pelo menos US$ 2 mil para chegar ao município, distante 117 km de Brasília, em busca da cura espiritual. Seja por meio da água fluidificada, do remédio feito à base de passiflora ou pelas cirurgias visíveis (com pinças gigantes, tesouras e facas de cozinha) e invisíveis.

Desde que começou o tratamento tradicional, Lula e João de Deus se encontraram ao menos três vezes em São Paulo. Porém, ninguém fala abertamente sobre os vínculos entre os dois. "Lula é um bom filho. Um menino que começou lá de baixo, fez uma história e hoje você vê os brasileiros sorrindo", elogia João de Deus, como se traçasse um paralelo com a própria trajetória.

Nascido no vilarejo de Ca­­­choeira da Fumaça, em Goiás, João era o mais novo de seis filhos de uma família simples. Com a mediunidade, rodou o mundo e atendeu um incalculável número de pessoas. Essa lembrança é interrompida com mais uma pergunta sobre o paciente.

"Quem trata do Lula é o coração de todos os brasileiros, que estão orando por ele. Aquele homem se dedicou até na hora que a mãe dele estava no caixão ao povo brasileiro. Se desse o contrário, o Brasil e o mundo inteiro estava em luto", diz, prevendo o sucesso do tratamento do ex-presidente – sem especificar se o espiritual ou o tradicional.

Em um dos únicos cômodos refrigerados na Casa Dom Inácio de Loyola – onde João descansa entre os trabalhos da manhã e da tarde às quartas, quintas e sextas – há uma foto autografada de Lula com a faixa presidencial, ao lado de dona Marisa.

O porta-retrato tem destaque ao das outras figuras políticas que estampam a sala. Entre eles, Nelson Jobim, que foi ministro da Defesa, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB-GO). Todos pacientes? "Não tenho pacientes. Tenho amigos", responde o médium.

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