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Brasília (Folhapress) – O empresário Sebastião Buani, 54 anos, confessou ontem ter pago R$ 110 mil de propina ao presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), entre 2002 e 2003, em troca da manutenção do contrato de arrendamento de um restaurante no Congresso.

Proprietário da rede de restaurantes Fiorella – um deles no décimo andar do Anexo 4 da Câmara –, Buani disse ter feito repasses mensais entre março a novembro de 2003, o chamado mensalinho, entregues em envelopes pardos no gabinete de Severino, então primeiro-secretário da Casa.

Segundo Buani, a maior parte dos pagamentos foram de R$ 10 mil mensais.

Além disso, disse ter pago outros R$ 40 mil em 2002, que, segundo ele, Severino teria cobrado sob o pretexto de ajuda para campanhas eleitorais quando negociou com o então primeiro-secretário a renovação do contrato de concessão do restaurante na Câmara. Foi dessa negociação que surgiu o termo de prorrogação do contrato por cinco anos, assinado por Severino Cavalcanti. Emocionado, Buani chorou ao fazer um relato detalhado do esquema de propina numa entrevista, realizada no auditório da Associação Comercial do Distrito Federal – o local foi cedido pela entidade.

Na entrevista, ele confirmou ter sido o autor de um documento intitulado "A história de um mensalinho", no qual relata o esquema de propina. Segundo Buani, o texto foi escrito no Carnaval deste ano, pouco antes de ele se submeter a uma cirurgia cardíaca em decorrência de um infarto. "Estava com 98% da artéria obstruída e decidi fazer um rascunho para contar o que sabia."

Entretanto, o texto, segundo ele, teria sido sacado dos arquivos de sua empresa pelo seu ex-gerente administrativo Izeilton Carvalho. Em depoimento à Polícia Federal, Izeilton admitiu ter levado a denúncia às revistas Veja e Época, que as publicaram no fim de semana passado.

De acordo com o relato de Buani, Severino pediu inicialmente R$ 60 mil para a renovação do contrato. Depois, falou em R$ 50 mil, mas o valor final acabou negociado em R$ 40 mil. A maior parte do montante, de R$ 20 mil a R$ 30 mil, foi sacada do banco, e o restante saiu do caixa diário da empresa. "Antes que quebrem meu sigilo, já pedi cópia do cheque e vocês verão o valor exato. Perto da data da assinatura do contrato, há um saque."

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