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Empresário defendeu processos internos da empresa. | Lucio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados
Empresário defendeu processos internos da empresa.| Foto: Lucio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados

O executivo da Toyo Setal Augusto Mendonça Neto, delator na Operação Lava Jato, afirmou nesta quinta-feira (23) à CPI da Petrobras que não houve superfaturamento dos contratos e defendeu a estatal, restringindo a corrupção a três ex-funcionários.

Na sexta, em Curitiba

Na sexta-feira (24), uma comissão de parlamentares que faz parte da CPI da Petrobras vem a Curitiba para conversar com o juiz Sergio Moro, responsável pelos inquéritos da Lava Jato, para que uma sessão da CPI seja feita na cidade, onde há envolvidos detidos.

Os parlamentares vão pedir documentos da Operação Lava Jato e definir como serão colhidos os depoimentos de Alberto Youssef, Nestor Cerveró, Fernando Baiano e outros presos na capital paranaense por envolvimento no esquema de corrupção.

Mendonça Neto também confirmou à CPI o teor de suas delações premiadas à força-tarefa que investiga o escândalo de corrupção na petroleira.

“Estamos assistindo hoje a Petrobras sendo massacrada pela mídia, pela opinião pública, a imagem muito arranhada, parecendo uma empresa de segunda categoria repleta de gente corrupta, quando é exatamente o inverso. Tive participação longa na Petrobras e o único contato que tive de corrupção foi com essas três pessoas que citei [Paulo Roberto Costa e Renato Duque, ex-diretores, e Pedro Barusco, ex-gerente]”, declarou.

Ao dizer isso, ele lembrou o fato de Barusco citar o envolvimento de outras pessoas, mas afirma que não tinha conhecimento disso.

Detalhando declaração já dada em sua delação premiada, Mendonça Neto afirmou que os contratos dos quais pagava propina não eram superfaturados e que os pagamentos de vantagens indevidas saíam da margem de lucro, com o objetivo de que os diretores não atrapalhassem a execução das obras.

Segundo ele, era difícil que a Petrobras errasse na sua estimativa do custo das obras licitadas, por isso não aceitaria preços muito superiores.

“É muito difícil que a Petrobras consiga fazer um erro em sua avaliação de risco que consiga permitir que se tenha um superfaturamento. Quando Paulo Roberto [Costa] diz que o pagamento das comissões saía da margem da empresa, isso é fato. Ninguém tinha a oportunidade de poder aumentar seu preço pra pagar a comissão”, afirmou.

O delator confirmou que teve encontros com o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto -preso na semana passada-, a pedido do então diretor de Serviços Renato Duque, com o objetivo de acertar doações legais ao partido. Disse ainda que não informou a Vaccari que o estava procurando seguindo ordens de Duque.

“O Duque em algumas oportunidades me pediu que eu fizesse contribuições ao Partido dos Trabalhadores. Na primeira vez eu fui procurar o João Vaccari [Neto] no escritório do PT, dizendo a ele que tinha interesse em fazer contribuição ao partido, [perguntando] como eu deveria fazer, e ele me indicou onde eu deveria contribuir. O Duque me pediu outras vezes, também voltei a falar com ele [Vaccari], fizemos outras contribuições”, afirmou.

Ele também confirmou os repasses à Gráfica Atitude a pedido de Vaccari, sem dar novos detalhes.

Clube

O executivo afirmou que a corrupção ocorreu por uma atuação em conjunto das diretorias de Abastecimento, quando comandada por Costa, e a de Serviços, quando comandada por Duque, e que o cartel de empreiteiras combinava quem ganharia cada licitação.

Segundo ele, quem primeiro o procurou para tratar de propinas foi o ex-deputado José Janene (PP), morto em 2010, que teria lhe indicado o doleiro Alberto Youssef.

Mendonça Neto recuou das declarações de que o clube de empreiteiras entregaria uma lista para os diretores das empresas a serem convidadas para participarem das licitações. Após Barusco ter dito que as empresas eram escolhidas a partir do cadastro da Petrobras, Mendonça Neto afirmou agora não ter mais certeza sobre a existência dessa lista.

“Na minha visão existia contato entre o grupo de empresas e a Petrobras no sentido de que as empresas a serem convidadas eram as do grupo. Hoje Barusco fala que não, que eram as empresas que tinham efetivamente condições de executar os contratos. Mas de qualquer forma existia pelo lado das empresas, vamos dizer, a sensação, o conforto de que as que seriam convidadas seriam aquelas que participavam desse grupo.”

Segundo o delator, após a saída de Costa da Petrobras, a atuação do clube na estatal se desfez e não ocorre mais atualmente.

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