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O empresário Luiz Antonio Trevisan Vedoin está sendo ouvido por integrantes da CPI das Sanguessugas, na sede da Polícia Federal, em Brasília. Sócio da Planam, ele é acusado, junto com o pai, Darci Vedoin, de montar o esquema de superfaturamento na compra de ambulâncias por prefeituras com recursos de emendas ao Orçamento.

O depoimento é fechado para a imprensa. Antes de começar, o senador Romeu Tuma (PFL-SP) destacou que as declarações de Vedoin devem ajudar o processo investigativo já aberto contra os três senadores - Magno Malta (PL-ES), Ney Suassuna (PMDB-PB) e Serys Slhessarenko (PT-MT) - acusados pelo sócio da Planam . A Corregedoria do Senado começa a investigar oficialmente nesta quarta-feira os três suspeitos de receber propina da empresa para apresentar ou negociar emendas para a compra de ambulâncias.

- O depoimento é importante para esclarecer dúvidas sobre a participação dos três senadores citados no processo - comentou.

Os integrantes da CPI vão tentar tirar dúvidas sobre o depoimento de Vedoin à Justiça Federal em Mato Grosso.

- Ficou caracterizado que ele floreou e, de certa forma, pode ter exagerado com relação ao envolvimento de certas pessoas. E pode ter omitido o envolvimento de outras, para preservá-las - informou o sub-relator da comissão, deputado Júlio Delgado (PSB-MG).

O parlamentar disse que no depoimento há conversas não conclusivas, situações em que Vedoin cita alguns nomes que precisam ser confirmados. E o empresário assume o compromisso de entregar alguns documentos que até hoje não chegaram à Comissão.

- Sente-se que Vedoin é um franco atirador - comentou.

Delgado informou ainda que os integrantes da CPI querem saber também qual o grau de envolvimento do Poder Executivo no esquema e a atuação do Ministério da Saúde e dos prefeitos no esquema, já que os municípios eram os beneficiários das ambulâncias.

A CPI quer também esclarecer suspeitas de envolvimento dos governadores de Piauí, Wellington Dias, e do Mato Grosso do Sul, Zeca do PT, com a máfia das ambulâncias. Segundo integrantes da comissão, assessores diretos dos governadores teriam sido citados pelo pai de Luiz Antônio, Darcy José Vedoin, no depoimento em Cuiabá.

- Ele tem citações de transações que foram negociadas por assessores em nome dos estados do Piauí e do Mato Grosso do Sul, que envolve o envolvimento dos mesmos. Nós estamos checando as informações e vai ser importante a presença do Luiz Antônio inclusive para poder tirar essas dúvidas até que grau de comprometimento os assessores envolviam os governadores - disse Delgado.

O governador do Mato Grosso do Sul, Zeca do PT, negou qualquer envolvimento com a máfia das sanguessugas e que pretende processar o dono da Planam.

- Todas as compras do Mato Grosso do Sul são através do pregão eletrônico e não tem absolutamente nenhuma compra de ambulância, eventualmente que nós compramos, compramos diretamente da fábrica - disse.

O governador do Piauí, Wellington Dias, também nega qualquer compra de ambulâncias do esquema.

- É muito fácil caluniar. Vou tá acionando pela via judicial todos aqueles que participaram desse processo - afirmou.

Além de Tuma, ouvem o depoimento o presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ); o relator, senador Amir Lando (PMDB-RO); e os deputados Fernando Gabeira (RJ) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).

A CPI se reúne ainda nesta quinta para votar 64 requerimentos, entre eles os que convocam ex-ministros da Saúde para depor. A oposição quer convocar Humberto Costa, candidato do PT ao governo de Pernambuco, e o deputado Saraiva Felipe (PMDB - MG). Já os governistas querem chamar José Serra, candidato do PSDB ao governo de São Paulo e ministro na gestão de Fernando Henrique.

Biscaia antecipou que os requerimentos serão votados por ordem de apresentação e reafirmou sua posição contrária à convocação de ex-ministros. Ele acredita que essa convocação servirá para criar conflitos eleitorais.

- Os que querem que a CPI chegue a um bom termo não querem que esses requerimentos sejam aprovados - disse.

Em depoimento de nove dias à Justiça Federal, Vedoin revelou um mapa detalhado do esquema de fraude. Mas a CPI também decidiu convocá-lo para esclarecer alguns pontos contraditórios, necessários à conclusão do relatório, que será divulgado no próximo dia 10.

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