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Ducci tem candidatura garantida e muitos nomes para vice. Fruet enfrenta incerteza sobre partidos que comporão sua base. Ratinho trabalha para ampliar alianças em torno de sua candidatura. Rafael Greca ainda é nome incerto no PMDB, que está dividido | Fotos: Aniele Nascimento; Hedeson Alves e Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Ducci tem candidatura garantida e muitos nomes para vice. Fruet enfrenta incerteza sobre partidos que comporão sua base. Ratinho trabalha para ampliar alianças em torno de sua candidatura. Rafael Greca ainda é nome incerto no PMDB, que está dividido| Foto: Fotos: Aniele Nascimento; Hedeson Alves e Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Candidato pode significar "céu ou inferno" na disputa

A escolha do vice pode determinar o sucesso ou o fracasso de uma candidatura. Para o cientista político Ricardo Oliveira, da UFPR, trata-se de um elemento estrutural importante na consolidação de uma candidatura. "O vice representa a ampliação da aliança. É uma força política importante para agregar novos apoios e também para complementar o perfil de um candidato", comenta.

Ao trazer outros partidos para sua candidatura, um postulante a prefeito ganha minutos importantes no horário eleitoral gratuito no rádio e na tevê. Além disso, ganha apoio de lideranças que podem conseguir "roubar" votos do adversário. Entretanto, se a rejeição do vice for alta, ele pode, também, jogar todo o trabalho por água abaixo.

Um exemplo bastante conhecido de sucesso na escolha do vice ocorreu nas eleições presidenciais de 2002. O então candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) optou por trazer José Alencar, na época do PL, para acompanhá-lo na disputa. Inicialmente, a escolha foi contestada: a aliança com um partido conservador era vista como uma contradição para os petistas mais tradicionais.

Entretanto, deu mais certo do que se imaginava. Ao mesmo tempo, Alencar trouxe minutos valiosos na campanha e foi fundamental para reduzir a rejeição do meio empresarial ao PT, sendo importante na vitória de Lula e na formação do novo governo.

Mas nem só de casos de sucesso vive a política. Coordenador da campanha de Osmar Dias (PDT) para o governo do estado em 2006, Jorge Bernardi (PDT) relembra do caso Derli Donin. Ex-prefeito de Toledo, Donin respondia a processo por enriquecimento ilícito, formação de quadrilha, fraude em licitações e danos ao patrimônio público. Seu passado serviu como munição para Roberto Requião (PMDB), que disputava a reeleição – e venceu, no final, por cerca de 10 mil votos. "Perdemos a eleição por causa do vice. Isso mostra como se trata de um aspecto fundamental das eleições", relembra Bernardi.

Cargo atraente

O cargo de vice-prefeito de uma capital pode ser atraente até mesmo para aqueles que, hoje, já exercem um mandato teoricamente mais importante. Deputados federais, por exemplo, podem ganhar muito caso sejam vices em uma candidatura bem-sucedida – e perdem pouco se tudo der errado. Figuras políticas importantes no cenário nacional como Beto Richa (PSDB) e Gilberto Kassab (PSD) tiveram um grande impulso na carreira no período em que eram vice-prefeitos de Curitiba e São Paulo, respectivamente.

"Há uma tendência generalizada entre os políticos brasileiros. A imensa maioria deseja cargos no Executivo, especialmente aqueles mais ambiciosos", comenta o cientista político Luiz Do­­mingos Costa, do grupo Uninter. "Se ele ganha, tem influência sobre um grande orçamento e ainda pode ganhar visibilidade".

O governador Beto Richa (PSDB) se viabilizou como candidato a prefeito após passar quatro anos como vice de Cassio Taniguchi (DEM). Da mesma maneira, o prefeito Luciano Ducci (PSB) vai tentar sua reeleição após passar seis anos como vice do próprio Richa. Esses dois casos mostram a importância da escolha do candidato a vice nas eleições de 2012.

A maioria das lideranças partidárias ainda evita tocar nesse assunto. É quase consensual a opinião de que qualquer posicionamento ainda é prematuro, já que não se sabe ao certo quem serão os candidatos a prefeito. Até o momento, apenas duas candidaturas se mostram como certas: a do prefeito Luciano Ducci (PSB), com apoio do PSDB de Richa, e a do ex-deputado federal Gustavo Fruet (PDT).

Outro que se apresenta com uma candidatura relativamente sólida é o deputado federal Ratinho Jr. (PSC). O deputado diz ter conversas bastante avançadas com o PR, o PTdoB, o PCdoB e o PHS, que formam uma chapa avaliada como "viável" eleitoralmente. PT, PPS, PV e PSD têm seus pré-candidatos, mas ainda aguardam os próximos fatos políticos antes de definir seu rumo. No PMDB ainda há incerteza. O senador Roberto Requião lançou o nome do ex-prefeito Rafael Greca, mas o partido ainda está dividido.

Poucas certezas

Nos bastidores, diz-se que uma coisa é certa a respeito do vice de Ducci: o nome tem que ser aprovado pelo governador Beto Richa. Essa vaga deve ser do PSDB. O nome do partido era João Cláudio Derosso, presidente da Câmara Municipal de Curitiba, mas os recentes escândalos no Legislativo municipal deixaram a vaga em aberto.

Os deputados estaduais Valdir Rossoni e Mauro Moraes e o deputado federal Fernando Francischini seriam nomes fortes na disputa, além do presidente da Sanepar, Fernando Ghig­­none. A candidatura, entretanto, pode acabar ficando com um político de outro partido da base aliada. Ney Leprevost, Luiz Carlos Martins (ambos do PSD), Renata Bueno (PPS) e Osmar Bertoldi (DEM) também são cogitados. Para o cientista político Luiz Domingos Costa, do grupo Uninter, o perfil ideal para Ducci seria alguma figura com mais traquejo eleitoral do que o prefeito, relativamente inexperiente em eleições majoritárias.

Já no caso de Fruet, a situação está mais turva. Ainda não há nenhuma certeza sobre os partidos que devem compor sua base de apoio, o que dificulta qualquer previsão. Parla­­mentares do PT, do PV e até do PPS são cogitados nos bastidores, mas como todos eles lidam com a possibilidade de lançar candidatura própria, nenhum deles discute essa questão no momento. Para Costa, Fruet deve trabalhar para aumentar seu arco de alianças, e, portanto, deve buscar algum nome forte da base aliada do governo federal.

Já Ratinho diz que deve escolher um nome dos partidos de sua base aliada. Além disso, ele afirma que vai trabalhar para ampliar seu leque de alianças. "Estou fazendo minha lição de casa, tentando buscar apoio do PT e de outros partidos", co­­menta.

Para o cientista político Ri­­­cardo Oliveira, da UFPR, essa busca por um vice será especialmente importante no caso do deputado. "Ele precisa de mais consistência programática em seu projeto político, seu vice precisa ser alguém de um partido de maior tradição. O Ratinho só terá sucesso se conseguir superar fragilidades ligadas ao seu nome e seu partido, que são muito amorfos", comenta. Essa falta de posicionamento colabora para que Ratinho tenha uma alta rejeição entre a classe média e alta de Curitiba, o que pode frustrar suas chances no jogo eleitoral.

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